Júlio Vieira de Castro respondeu a críticas
Júlio Vieira de Castro promoveu uma conferência de imprensa para responder às acusações que lhe foram feitas na sequência da entrevista que deu à Rádio Santiago.
O candidato à presidência do Vitória, líder da Lista A, abordou diversos temas, num comunicado que a seguir reproduzimos:
“Tendo em conta a Conferência de Imprensa do último dia 15 de Fevereiro, corporizada pelo Dr. Francisco Príncipe em nome da Direcção do Vitória Sport Clube, é entendimento da nossa Candidatura que se impõem os seguintes esclarecimentos:
1. A verdade sempre em primeiro lugar: No que diz respeito ao assunto do número de jogadores que passaram pelo Vitória Sport Clube nas últimas 4 épocas, ou seja, desde a época 2014/2015, assumo com toda a humildade que incorri em lapso nos números que referi durante a entrevista na Rádio Santiago, lapso esse que decorreu de um mero erro de cálculo no somatório dos jogadores, que teve em conta os valores absolutos relativos a cada uma das épocas em questão. Lamento pois qualquer informação menos correcta que possa ter sido difundida com base no dito lapso, pois nunca foi essa a nossa intenção. Aliás, este “mea culpa”, não apaga nem altera a mensagem que se pretende transmitir: o Vitória é actualmente um entreposto de jogadores. Comprovam-no os números correctos e factuais (nos últimos 4 anos foram 137 os jogadores que jogaram 1' ou mais entre equipa A e B; em 4 anos foram 146 os jogadores inscritos), comprovam-no a deficiente estratégia e planeamento desportivos, das quais são reflexo os desastrosos resultados da principal equipa de futebol profissional. No entanto, valham-nos as atoardas e as feridas na honra provocadas pela entrevista do Candidato Júlio Vieira de Castro, que sem elas nunca teríamos obtido esclarecimentos adicionais, ainda assim insuficientes, sobre o actual estado do Vitória Sport Clube.
2. Euro das Modalidades: Na mesma entrevista à Rádio Santiago, referimos convictamente que o Euro destinado às modalidades amadoras do Vitória não era sentido por parte de quem executa a gestão diária das mesmas. Agora percebemos porquê. O euro das modalidades foi inicialmente criado para ser uma receita extraordinária afecta ao orçamento das modalidades, com o objectivo de pagar a dívida então existente ao orçamento das modalidades. A partir da época 2013/2014, quando a divida ficou paga, o valor passou a ser incluído no orçamento “corrente” das modalidades. Têm razão aqueles seccionistas que nos dizem que o euro extra afecto às modalidades não se reflecte num maior desafogo do orçamento destas isto porque, o orçamento das modalidades não aumentou, apenas diminuiu o valor que o clube contribui para as mesmas. Ficamos, também, a saber que não é importante para esta questão termos 18 mil ou 26 mil sócios. O Clube estagnou. A justificação do Vice-presidente quanto às modalidades só vem por a nu a gestão ineficaz das modalidades! No entanto, valham-nos as atoardas e as feridas na honra provocadas pela entrevista do Candidato Júlio Vieira de Castro, que sem elas nunca teríamos obtido esclarecimentos adicionais, ainda assim insuficientes, sobre o actual estado do Vitória Sport Clube.
3. O Mito do Passivo: A redução milagrosa do passivo é um mito. E disto não fugiremos até que, por A + B, este assunto sensível seja explicado aos sócios e accionistas através de informação consistente e factual. Não é suficiente, em nossa opinião, que se passem os anos a gritar “vivas” à redução do passivo do Clube sem que sejam clarificados os resultados do Passivo da Sociedade Anónima Desportiva. Cumpre-nos dizer, relativamente a este tema, o seguinte: ? Como gente de bem, aceitaremos a discussão e possíveis argumentos desde que estes sejam baseados em documentos acessíveis a todos e não somente à Direcção do Vitória Sport Clube. O acompanhamento do quotidiano do clube só é possível com suporte documental e técnico claro e cedido por parte de quem tem a obrigação moral de o fazer. Não fornecer esse suporte tem necessariamente de catalogar-se como irresponsável e demonstra um profundo desrespeito pelos sócios do Vitória Sport Clube. ? Para que todos possamos aplaudir a tão propalada recuperação financeira, é de capital importância a demonstração clara e inequívoca do Passivo Consolidado do Vitória Sport Clube. Responder às nossas dúvidas através de balanços intercalares em Dezembro de 2017 não é sério. Sério seria ter feito uma entrevista onde os dados apresentados fossem coincidentes com o Relatório e Contas; ? Sério seria dizer que o passivo do clube baixou entre 30/06/2016 e 30/06/2017 o valor de 907.811 mil euros e que o passivo da SAD aumentou, no mesmo período, no valor de 974.000 mil euros. Sério seria ter feito uma entrevista onde os dados apresentados fossem coincidentes com o Relatório e Contas. ? Refutamos por completo a acusação de leviandade e tentativa de manipulação das contas. Temos dúvidas, muitas, como certamente terão a maioria dos sócios do Vitória. Ter dúvidas nunca será um acto de má-fé; não esclarecê-las é
que pode e deve ser encarado como tal. No entanto, valham-nos as atoardas e as feridas na honra provocadas pela entrevista do Candidato Júlio Vieira de Castro, que sem elas nunca teríamos obtido esclarecimentos adicionais, ainda assim insuficientes, sobre o actual estado do Vitória Sport Clube.
4. Adiantamento de Clientes: Registamos e percebemos a razão pela qual o Presidente em funções se inibiu de ser ele próprio a assumir o protagonismo de nos responder na tal Conferência de Imprensa. A recusa da assunção dessa responsabilidade, típica de quem já nos tem habituado a essa postura, tem a ver apenas e só com a indisponibilidade para denunciar publicamente alguns contornos relacionados com o Contrato de Cessão dos Direitos Televisivos. Entendemos que,
para quem na entrevista dada à Rádio Santiago no dia 2 de Setembro de 2017 se orgulhava de poder andar de cabeça levantada por não antecipar receitas futuras, seria bastante desconfortável admitir a existência de 3M€ de “adiantamento de clientes” plasmados no Relatório & Contas da SAD assinado a 2 de Setembro de 2017. Valeu-nos a honestidade do Dr. Francisco Príncipe ao desmentir, categoricamente, as palavras do Presidente da Direcção em funções na referida entrevista. No entanto, valham-nos as atoardas e as feridas na honra provocadas pela entrevista do Candidato Júlio Vieira de Castro, que sem elas nunca teríamos obtido esclarecimentos adicionais, ainda assim insuficientes, sobre o actual estado do Vitória Sport Clube.
5. Comunicado do SC Braga: Em 4 de Setembro de 2017, o Presidente do rival minhoto, através de comunicado, reagiu a declarações na Rádio Santiago do Presidente do Vitória em funções. Passamos a citar: “Não lhe permitiremos a ousadia de questionar a validade das informações que prestamos e que qualquer um, seja ou não sócio adepto ou accionista do Braga pode consultar e avaliar, porquanto são públicos e permanentemente disponíveis os nossos relatórios e Contas, ao contrário do que acontece com outras sociedades, que sonegam e ocultam a transparência e a
lisura que tanto apregoam.” Prossegue o Presidente do rival minhoto: “Deve o Eng.º Júlio Mendes preocupar-se unicamente com os seus actos de gestão e prestar informação rigorosa aos vitorianos sobre os mesmos, como por exemplo o real valor e as condições associadas do contrato relativo aos direitos televisivos, anunciando na imprensa mas nunca exibido aos associados e accionistas para confirmação do tão propalado valor na casa dos três dígitos. Pode o Eng.º Júlio Mendes tomar como exemplo o nosso procedimento, divulgando a devida informação nos relatórios de gestão. E é por isso que não permitiremos ao Presidente de uma SAD que no último ano contratualizou 2,859 milhões de euros em comissões (contra 1,109 da SC Braga SAD) que, ao invés de explicar aos seus sócios e accionistas tal desproporcionalidade face aos montantes das transferências realizadas pelas duas sociedades, tem o desplante de sugerir, com malícia e oportunismo, a falta de lisura de outrem.” Infelizmente, tais afirmações não foram suficientes para serem consideradas como atoardas nem causaram feridas na honra do Clube ou de qualquer membro da direcção, pelo que até hoje não se conhece qualquer posição do Presidente em funções sobre este assunto.
6. Daniel Rodrigues: Após a demissão da Vice-presidência da Mesa da Assembleia Geral, no passado dia 14 de Fevereiro e também à Rádio Santiago, Daniel Rodrigues explicou os motivos da sua decisão. Passamos a citar: “Acontecimentos recentes levaram-me a questionar a autonomia, independência e imparcialidade da Mesa da Assembleia Geral. É certo que esperava conduzir este processo, porque a candidatura do Eng.º. Isidro Lobo levaria nesse sentido, mas alguns acontecimentos mostraram que havia tentativas de condicionamento da Mesa, por elementos externos. No respeito aos Estatutos do clube, a minha autonomia tinha de ser clara. A minha lealdade é com os vitorianos, por isso apresentei o meu pedido de demissão”. Questionado sobre quais foram as tentativas de condicionamento sobre a Mesa da Assembleia Geral, Daniel Rodrigues não quis ser explícito: “Quando existem propostas que chegam à Mesa sem serem decididos pela
Mesa, isso põe em causa todo este processo. A minha lealdade é só com os vitorianos”. Infelizmente, tais afirmações não foram suficientes para serem consideradas como atoardas nem causaram feridas na honra do Clube ou de qualquer membro da direcção, pelo que até hoje não se conhece qualquer posição do Presidente em funções sobre este assunto.
7. Promiscuidade Política: É com alguma estranheza que temos vindo a registar, nos últimos tempos, o crescente envolvimento de figuras políticas da cidade, algumas das quais com responsabilidades no actual executivo camarário, no Processo Eleitoral em curso. Proliferam, na conhecida rede social Facebook, votos de louvor e de enaltecimento à figura e obra do Presidente ainda em funções, assinadas por quem, nas condições em que se apresenta, deveria abster-se de tomar partido por qualquer uma das candidaturas. A algumas dessas figuras, que se multiplicam pelas páginas das redes sociais e pelas acções de campanha do movimento Contigo Vitória, nem tão pouco se lhes é reconhecível qualquer ligação clubística e associativa ao Vitória Sport Clube, pelo que mais ainda se estranha o seu comprometimento público com a Candidatura da actual direcção.
A política não abre mão do futebol, e vice-versa. Bem sabemos que assim o é. De um lado para o outro movem-se interesses alheios àqueles que são os legítimos interesses do Vitória Sport Clube e dos seus Associados, e é esta uma das principais razões que explicam que um Clube com a expressão Social do Vitória ainda não tenha conseguido, em 96 anos de história, dar o salto qualitativo que os seus adeptos tanto anseiam. Este círculo vicioso tem de ser quebrado. À política o que é da política, ao futebol o que é do futebol. No dia 24 de Março os Vitorianos poderão fazer a sua escolha.