Vitinha: Um conquistador na Europa de Leste

Tri-campeão da Bulgária, Vitinha afirmou-se no futebol do leste europeu, onde está há oito anos. Regressar a Guimarães já não é objectivo, mas não recusaria um convite do clube do coração, o Vitória.

Victor Tiago Fernandes, desde sempre conhecido no meio como Vitinha. É natural de São Torcato, Guimarães, e é da mesma fornada de jogadores que tanto deram nas vistas na formação do Vitória como Vieirinha, Diogo Cunha ou Márcio Sousa. “Foi lá que aprendi quase tudo. Ter tido a oportunidade de representar um clube como o Vitória, ainda que apenas na formação, foi essencial para aquilo que me tornei hoje”, reconhece o lateral-esquerdo, que conta no currículo com internacionalizações pelas selecções de sub-17 e sub-21.

Depois de experiências em clubes de menor nomeada em Portugal, como o Torcatense e o Maria da Fonte, emigrou para a Roménia, em 2006, para representar o Cluj, por indicação do treinador Jorge Regadas. Tapado no plantel principal, acabou por ser emprestado ao Otopeni e dois anos depois ao Unirea Alba. Ganhou experiência e cresceu como jogador. Em 2011/2012 vestiu as cores do Concordia, ainda na Roménia, antes de se transferir, em Janeiro, para o Ludogorets Razgrad, na vizinha Bulgária. A adaptação ao novo clube, estrean­te na principal Liga, não foi fácil, mas acabaria por se sagrar Campeão Nacional e vencedor da taça búlgara. Nos dois anos seguintes voltou a levantar o troféu máximo do campeonato, conseguindo esta época a proeza de repetir a dobradinha.

Como sempre faz, aproveita as férias para voltar a casa, para rever a família e amigos, que a distância apenas permite contactar pela internet e telefone. 
Este ano regressou novamente com os principais títulos conquistados. 
“Foi uma época muito boa. Ganhámos tudo”, e, registe-se, “com uma considerável vantagem sobre o principal concorrente, o CSKA de Sofia”. Foram 12 pontos e Vitinha foi um dos responsáveis, juntamente com outro português, Fábio Espinho, que já vestiu a camisola do Moreirense e ganhou a admiração e respeito dos adeptos locais. “É um clube pequeno, mas que teve uma ascensão meteórica. Por norma temos cerca de 6 mil adeptos, o que já é considerável porque a cidade é muito pequena”, refere Vitinha.

Como qualquer profissional de futebol tem o sonho de jogar ao mais alto nível, o que ao nível dos clubes significa a Liga dos Campeões. Na época passada esteve perto de atingir esse objectivo, mas acabou por se esfumar num estádio também de má memória para os vitorianos: Basileia. 
“Passámos duas eliminatórias, e até eliminámos o Partizan de Belgrado, mas sabíamos que contra o Basileia a tarefa seria muito complicada. Mas já foi bom poder jogar contra uma equipa como o Basileia que já tem tarimba nas competições europeias”. O sonho de jogar na fase de grupos da prova rainha dos clubes europeus volta a ter novo capítulo dentro de pouco tempo. “Seria fantástico poder alcançar esse objectivo, até porque dá uma grande visibilidade a todos os jogadores”, destaca Vitinha com um sorriso nos lábios. 

Apesar dos mais de 3.500 quilómetros de distância, continua atento à rea­lidade do futebol nacional e aos seus dois clubes do coração, o Vitória e o Torcatense, onde tem um irmão a jogar. “Sempre que posso acompanho o campeonato português e os jogos do Vitória na televisão. No ano passado vibrei muito com a conquista da Taça de Portugal”, recorda. “Este ano as coisas não correram tão bem, mas todos sabemos das dificuldades que o clube atravessa e não se pode pedir muito mais. Mas pelo que já li esta época vai apostar um pouco mais, o que é importante para  um clube com a dimensão do Vitória”. 

Por falar em Vitória... “O sonho de qualquer jogador formado no Vitória é poder vestir aquela camisola ao mais alto nível, na equipa principal. Não foi possível até agora e assumo que já deixou de ser um objectivo. Não vivo obcecado com isso”, sustenta, mesmo que não negue que não pensaria duas vezes se algum dia o telefone, com o indicativo de Portugal, tocasse. “Já tive alguns contactos de clubes portugueses, mas nenhum com uma proposta que me agradasse. Estou bem aqui”, atira o esquerdino de 28 anos que apenas garante ter o objectivo de voltar a vestir a camisola do Torcatense. “É o clube da minha terra e sempre que cá estou e se proporciona vejo os jogos no Arnado. Espero um dia regressar e, se ainda tiver pernas e me quiserem, voltar a vestir aquela camisola, que me ajudou até a ser chamado para os sub-21, quando jogámos na extinta 2ª Divisao B”, recorda Vitinha que aguarda ansiosamente pela chegada do primeiro filho, lá para o final do ano, fruto do casamento com uma romena.


Marcações: Desporto

Imprimir Email