Conselho Fiscal do Vitória emite comunicado onde revela que o passivo subiu para «mais de 19 milhões» de euros

O Conselho Fiscal do Vitória emitiu há momentos um comunidado, onde revela que o passivo exigível do clube já ultrapassou os 19 milhões de euros.
Os elementos daquele órgão social assumem que o momento do Vitória é "profundamente grave" e revelam "disponibilidade para terminarem o exercício do seu mandato". Ainda assim, não se demitem, considerando que "até ser encontrada uma solução para a sobrevivência do Vitória (...) continua a ser importante prosseguir a nossa tarefa de acompanhamento da gestão financeira".

Leia o comunicado na íntegra:


O Conselho Fiscal e a actual situação do Vitória Sport Clube Informação aos sócios

O Conselho Fiscal do Vitória Sport Clube, desde o inicio do seu mandato, em Abril de 2010, tem vindo no cumprimento das suas obrigações estatutárias, a acompanhar a gestão do clube e a emitir, quer nos pareceres previstos nos estatutos quando da apresentação dos orçamentos anuais e contas de gerência, quer em recomendações transmitidas à Direcção, alertas sobre a situação financeira do Vitória e a indicar caminhos no sentido da sua inversão, com o único objectivo de contribuir, como é obrigação de um órgão fiscalizador, para a sustentabilidade, a curto e a longo prazo, do nosso clube.

Esta postura do Conselho Fiscal foi sempre presente com total independência das políticas seguidas pela Direcção, mas também com a solidariedade institucional que, no nosso entendimento, é necessária para a unidade do clube na sua exposição pública.

Em Outubro de 2011 ao apreciar as contas da gerência da época desportiva 2010/2011, expressamos claramente a nossa posição que os proveitos obtidos em vendas de jogadores, em valor superior a um dado patamar, deveriam ser afectos à redução do passivo com a consequente diminuição dos encargos da dívida, e que deveria ser implementada uma redução de custos do futebol ancorada no aproveitamento da formação e na diminuição do número de contratos com jogadores profissionais.

Este parecer, que antecipou a grande maioria das críticas que foram expressas pelos Senhores associados na assembleia geral de apreciação do exercício realizada em 28 de Outubro, a qual rejeitou as contas apresentadas, avançava com recomendações que, em alguns casos, até poderiam exceder as nossas competências estatutárias, mas que consideramos importantes para combater a deriva de crescimento de encargos que, como escrevemos, devia merecer reflexão sob pena da insustentabilidade futura da gestão do clube.

No finai de Dezembro de 2011 solicitamos à Direcção, de acordo com o previsto nos estatutos, que nos fossem presentes todos os dados da execução financeira do 1º semestre da corrente época, para analisarmos a sua correspondência com as recomendações anteriormente apresentadas e com os apelos expressos na última assembleia geral por parte dos Senhores associados.

A Direcção solicitou ao Conselho Fiscal que fosse aguardado o final de Janeiro de 2012, dado que tinha em curso uma operação de financiamento que iria permitir assegurar todos os encargos vencidos e a vencer até ao final da corrente época e até uma redução
significativa do actual passivo, tendo o Conselho Fiscal aceitado esperar d apresentação dos elementos que concretizariam essa operação até 31 de Janeiro de 2012.

Terminado esse prazo concedido e nada tendo sido concretizado, o Conselho Fiscal voltou a solicitar os elementos da execução orçamental do is semestre e pode constatar o não cumprimento do orçamento aprovado e um agravamento significativo da situação financeira, resultante de uma expansão de custos com os salários do futebol profissional, em relação ao l9 semestre da época 2010/2011, que subiram de 3,2 milhões para 4,7 milhões, sem suporte na realização de receitas de cedência de direitos desportivos que diminuíram fortemente em relação ao semestre correspondente anterior, de 5,3 milhões para 1,5 milhões, provocando uma subida do passivo exigível de cerca de 15 milhões para mais de 19 milhões, o que teve como consequência atrasos no pagamento de salários que podem permitir desvinculações unilaterais de jogadores com contrato, e a existência de dívidas fiscais que podem por em risco a participação nas competições profissionais de futebol.

Independentemente de saber que a Direcção prossegue diligências com vista a encontrar alternativas de financiamento, entendeu o Conselho Fiscal dar conhecimento público aos Senhores associados da gravidade da presente situação, não com o objectivo de acentuá-la, mas pelo contrário apressar o encontro de soluções.

Não ignora o Conselho Fiscal que há no seio dos associados do Vitória movimentos no sentido da substituição dos actuais órgãos sociais.

Os membros do Conselho Fiscal manifestam toda a sua disponibilidade para terminarem neste momento o exercício do seu mandato.

Não apresentamos porém o nosso pedido de demissão colectivo porque na situação presente o caminho mais fácil seria a fuga e a nossa desresponsabilização pelo sucedido. Consideramos que, até ser encontrada uma solução para a sobrevivência do Vitória que tanto amamos e somos sócios há décadas, continua a ser importante prosseguir a nossa tarefa de acompanhamento da gestão financeira, contribuir com recomendações para a sua inversão, sempre em sintonia com a vontade maioritária dos sócios expressa no seu órgão próprio que é assembleia geral do clube.

O momento actual do Vitória é profundamente grave. Só uma grande unidade vitoriana, um grande sentimento de responsabilidade, conseguirá que o nosso clube vença mais este desafio, como sucedeu em outros momentos difíceis da nossa história de quase noventa anos.

Ao lado dos sócios, na defesa do Vitória, todos juntos vamos conseguir.
Guimarães, 3 de Fevereiro de 2012

O Conselho Fiscal do Vitória Sport Clube
Amaro Costa e Silva - Presidente
Raul Rocha - Vice-Presidente
Eduardo Leite-Vogal de Sindicância e Contas
Miguel Oliveira - Vogal de Contencioso

Marcações: Desporto

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