Reedição do estudo "O Concelho de Guimarães" apresentada na Sociedade Martins Sarmento
"O Concelho de Guimarães'', um estudo de demografia e nosografia sobre Guimarães, da autoria de João de Meira, originalmente datado de 1907, foi reeditado pela Sociedade Martins Sarmento, acompanhado por uma série de textos de investigadores que se debruçaram sobre a vida e obra do prestigiado médico vimaranense.
O livro foi lançado este sábado numa sessão realizada no salão nobre daquela instituição cultural, ficando a apresentação a cargo do professor catedrático Jorge Fernandes Alves.
A obra está disponível, a preço especial de lançamento, na Feira do Livro que decorre até 15 de janeiro de 2023 nas instalações da Sociedade Martins Sarmento.
João Monteiro de Meira nasceu em Guimarães, em 31 de Julho de 1881. Era filho do médico Joaquim José de Meira, personalidade de grande relevo na política e cultura vimaranense. Estudou em Guimarães, no Colégio de S. Dâmaso, instalado no Mosteiro de Santa Marinha da Costa. Ingressou na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, concluindo os seus estudos em 1907, com a apresentação da Dissertação Inaugural intitulada «O concelho de Guimarães (estudo de demografia e nosografia)», que foi avaliada pelo júri com 20 valores. Recebeu inúmeros elogios, que ultrapassaram a esfera da medicina e chegaram a ilustres intelectuais da época, como Ramalho Ortigão, Teófilo Braga ou Henrique da Gama Barros.
Regressou a Guimarães, iniciando a sua atividade na medicina e no ensino, tendo sido aprovado em concurso para professor provisório no Liceu-Seminário de Guimarães.
Em 1908, concorreu, com sucesso, a uma posição na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, tendo apresentado a tese "O Parto Cesáreo: sua história, sua technica, seus acidentes e complicações, suas indicações e prognostico". Assumiu assim o posto de lente substituto de Cirurgia, apenas com 26 anos. Dois anos mais tarde, sucedeu ao seu mestre Maximiliano Lemos na regência da cadeira de Medicina Legal e como Diretor da Morgue do Porto.
Desde a sua juventude que colaborava com inúmeros periódicos locais e nacionais. Nessa época, tornaram-se famosos os seus textos satíricos e os poemas que publicou sob pseudónimos. Foi também um importante colaborador da Revista de Guimarães, onde publicou alguns dos mais lúcidos estudos sobre a história vimaranense. Já como professor na Escola Médico-Cirúrgica, publicou uma grande variedade de trabalhos científicos em diversas revistas da especialidade, colaborando também na direção dos Arquivos de História da Medicina Portuguesa. A Sociedade Martins Sarmento, em 1912, reconhecendo o mérito dos seus trabalhos históricos nomeou-o para suceder ao Abade de Tagilde na organização e publicação dos Vimaranes Monumenta Historica.
Não pôde continuar estes projectos pois, entretanto, adoeceu, acabando por falecer, com 32 anos, em 25 de setembro de 1913.
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