Valorizar o legado de Martins Sarmento com um parque aberto à comunidade nos terrenos do Solar da Ponte em Briteiros
O projecto há muito sonhado vai ser concretizado, com a união de esforços e vontades partilhadas pela Sociedade Martins Sarmento, Câmara Municipal de Guimarães e União de Freguesias de Briteiros São Salvador e Briteiros Santa Leocádia.
No emblemático Solar da Ponte, outrora residência de Francisco Martins Sarmento, agora transformado em Museu de Cultura Castreja, os representantes das três instituições assinaram este sábado o protocolo de colaboração que permitirá dotar aquela zona do concelho de Guimarães com um parque que combina a defesa, o conhecimento e a fruição da natureza.
O Presidente do Município garantiu que as obras necessárias arrancarão imediatamente, considerando que o futuro parque “será um exemplo para defender a biodiversidade, a fauna e a flora existente”. Domingos Bragança fez questão de agradecer à Sociedade Martins Sarmento o contributo para a execução do projecto. “Quem dera ao território de Guimarães que esta boa prática, estes bons princípios, sejam seguidos. Temos muitas dificuldades, por vezes, em obter a cedência de pequenas parcelas de tereno para que se possam desenvolver projectos destinados à comunidade”, sublinhou, ao realçar que a actual direcção da Sociedade Martins Sarmento está a seguir os passos do seu patrono, disponibilizando à comunidade a fruição do seu património.
Insistindo na defesa da causa ambiental, o Edil assinalou que o parque florestal que será criado poderá ligar-se ao parque linear que se estende ao longo das margens do rio Ave, “aproveitando os recursos naturais, o património natural e edificado, com intervenções de engenharia natural onde há zonas acidentadas, podendo até ser colocados os passadiços”.
“É irreversível. Ao longo das margens do rio, passaremos a ter a ecovia que integra o tratamento dos corredores ripícolas, a proteção da fauma e da flora no respeito pela natureza, com zonas de jardim e de estar, de contemplação, com a recuperação de moinhos e açudes”, acrescentou, destacando a importância deste parque como complemento ao Museu de Cultura Castreja e à Citânia de Briteiros, servindo ainda de espaço de acolhimento para o festival Rock no rio Febras, “um fenómeno que deu visibilidade nacional e internacional excepcional àquela zona do Concelho”.
“Não vamos artificializar! Queremos perceber o que o conhecimento oferece e fazer bem do ponto de vista da protecção ambiental e respeito pelo património natural”, comentou, enaltecendo o trabalho das equipas envolvidas na execução do projecto e o “entusiasmo” do Presidente da União de Freguesias de Briteiros São Salvador e Briteiros Santa Leocádia.
Aliás, na sua intervenção, Diogo Costa recordou a afinidade que o liga àquele lugar, partilhando que quando frequentava o 8º ano entrevistou o arqueólogo Gonçalo Cruz por causa do moinho existente na quinta, “sem pensar que volvidos alguns anos estaria no papel de autarca” a zelar pela sua valorização e fruição comunitária. “Este era um terreno pouco aproveitado, mas com potencialidades para se tornar central na freguesia”, manifestou, agradecendo a abertura da Sociedade Martins Sarmento e o envolvimento do Município, através da vereadora do Departamento de Serviços Urbanos e Ambiente, Sofia Ferreira, pela “força” que incutiu ao projecto que pretende ser “a casa de todos”. “Mais do que um recinto que possa ser utilizado para o festival será uma casa para as associações, para os escuteiros, um espaço para toda a região”, salientou, pedindo rapidez na sua execução.
Recordando a figura de Martins Sarmento e sua “generosidade e dedicação à comunidade” que permitiu que 125 anos após a sua morte se concretize o aproveitamento dos antigos terrenos agrícolas da Quinta da Ponte, o Presidente da Sociedade Martins Sarmento precisou que o espaço integrava “o Solar da Ponte - residência dos proprietários-, as casas habitadas pelos trabalhadores rurais, alpendres, currais, eira e espigueiro, bem como os terrenos adjacentes utilizados no cultivo de cereais, vinha, hortícolas e algumas árvores de fruto”.
“Desde 2003, na sequência do restauro do solar da Quinta da Ponte e instalação do Museu de Cultura Castreja que a Sociedade Martins Sarmento pretendeu utilizar os terrenos para fruição pública, tendo inclusive elaborado um projecto para uma quinta pedagógica”, assinalou Antero Ferreira, indicando que há vários anos que a Instituição e a Junta de Freguesia de Briteiros equacionavam a possibilidade de criação do parque, projecto fortalecido e acelerado com o envolvimento do Município.
O dirigente da centenária instituição cultural destacou “a energia” que o Presidente da Câmara dedica à causa ambiental, “criando condições para que este projecto possa prosperar”, aproveitando a cerimónia para sinalizar outros desafios para o fortalecimento do legado: “o primeiro e mais urgente consiste no aproveitamento do espigueiro e da eira, na entrada do parque, como área de apoio, oferecendo aos visitantes uma cafetaria e instalações sanitárias. É um trabalho complementar que urge iniciar pelo risco que representa o estado actual do edifício; um segundo a longo prazo e mais exigente, o aproveitamento das construções rurais anexas ao Solar da Ponte, para um projecto turístico que a Sociedade Martins Sarmento procurará desenvolver”.
Apesar da chuva intensa, cerimónia de assinatura do protocolo registou uma forte adesão da comunidade, contanto também com a presença do deputado do PSD Ricardo Araújo.
No final, o anfitrião Antero Ferreira ofereceu a Domingos Bragança um exemplar da Revista de Guimarães, de 1965, onde consta o seu nome por ter sido distinguido com o prémio de mérito na 4ª classe na Festa Escolar do 9 de Março.
Marcações: Laboratório da Paisagem, Sociedade Martins Sarmento, Município de Guimarães, Solar da Ponte, UF de Briteiros São Salvador e Santa Leocádia