Alargar distinção da UNESCO à zona de Couros é «um sinal de vitalidade da Cidade»

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A nova Directora Regional de Cultura do Norte considerou que a proposta de alargamento à zona de Couros da área classificada pela UNESCO com o título de Património Mundial constitui um "sinal de vitalidade da Cidade" que, em 2001, obteve a distinção para o seu Centro Histórico.

Durante a primeira discussão pública da versão preliminar do Plano de Gestão 2021-2026 do Centro Histórico de Guimarães e zona de Couros, realizada ontem na Sociedade Martins Sarmento, realçou a importância do documento assumir "uma certa flexibilidade", garantindo que o organismo que dirige irá pronunciar-se formalmente, no âmbito do processo de consulta pública que está a decorrer até ao final do mês. 

"Para ser credível, o plano tem de prever uma certa flexibilidade e um certo dinamismo. Pensarmos num plano que está congelado à partida, não é credível... Porque a vida continua, o mundo continua. Aumentar a área de classificação de uma cidade é um acto complexo porque as vivências e as experiências continuam. Um dos primeiros factores de credibilidade é prever essa possibilidade", disse a responsável, apontando para o facto de estar em causa "o alargamento da área de classificação, o que mostra como é dinâmico o património". "Não estamos a falar de entidades congeladas. Nem isso poderia acontecer com o pensamento do nosso tempo. É um sinal do modo de se encarar o património classificado, o mundial, como uma entidade que se vai adaptando e mudando. Aqui, é um processo bom porque temos assistido a dúvidas sobre a permanência das classificações por causa do modo como os processos decorrem. É um sinal de vitalidade da Cidade que é importante relevar", acrescentou a Directora da DRCN, na sua curta intervenção, na sessão inaugural de discussão pública, dedicada ao tema «credibilidade».

Na abertura, o Presidente da Sociedade Martins Sarmento, Paulo Vieira de Castro, defendeu que "o património são as pessoas", "o que as pessoas constroem", fazendo alusão aos operários da antiga indústria de curtumes que trabalhavam nos espaços que agora integram o Bem para o qual se pretende a ampliação da classificação da UNESCO. "As pessoas reconhecem-se na Cidade e só faz sentido falarmos de património e em defendê-lo, preservá-lo e valorizá-lo porque encaramos este plano como algo dinâmico, porque é para cinco anos. Eu acredito que ao longo de cinco anos possa vir a ter a sua valorização e em 2026, não seja o que se propôs no início", indicou, lembrando que a classificação do Centro Histórico aconteceu a 13 de Dezembro, dia de Santa Luzia, padroeira da visão, observando: "é preciso olhar, ver e receber aquilo que temos diante de nós".

O Vereador responsável pela área do Centro Histórico, Fernando Seara de Sá, assinalou que o processo de classificação pela UNESCO para ser credível exige um envolvimento alargado. "A credibilidade é uma das abordagens necessárias nos processos de candidatura à UNESCO, devendo reflectir-se num plano de acção e gestão. A credibilidade deve perpassar para o Bem que é classificado, mas também em todas as operações que se desenvolvem à volta deste Bem. Num primeiro momento, é preciso assegurar a credibilidade do Bem através de processos colaborativos, com entidades externas, quantas mais melhor, no sentido de encontrar parceiros que assegurem que o Bem tem dois valores fundamentais: integridade e autenticidade", alertou.

"Já temos uma área classificada em Guimarães e estamos a propor a extensão dessa área à zona de Couros, numa área até Rua D. João I", comentou o responsável, ao frisar: "se não houver autenticidade do bem, se não tiver os valores autênticos que o originaram e se não forem íntegros, torna-se impossível a sua classificação. Estou convicto que neste processo conseguiremos produzir os atestados necessários de autenticidade e integridade para este Bem".

"Neste processo, burocrático e complexo, é preciso assegurar e identificar os valores que o Bem tem. Não existe Bem se não tiver um conjunto de atributos e nesses estão os valores que ele representa e é isso que se classifica: o Bem e os valores respectivos. No caso de Guimarães, a zona do centro histórico foi classificada porque representa uma Cidade com matriz medieval, onde está presente um outro valor que são as técnicas tradicionais", continuou, ao advertir que o objectivo fundamental que "não é a classificação em si, mas tudo o que se faz com essa classificação e que tem como finalidade credível assegurar a conservação desse Bem e desses valores e legá-los ao futuro". "É um processo complexo, em que vamos ter de, através de processos colaborativos, com outras entidades externas assegurar, que os processos de conservação são os mais adequados e a nossa tarefa tenha a credibilidade necessária. O objectivo final está definido: preservação do Bem e entrega às gerações futuras, mas no processo teremos de ter previsibilidade de um conjunto de acções no sentido de assegurar conservação e preservação do Bem".
Nesse sentido, assumiu, "não pode ser um plano rígido, porque a cidade é construída pelas pessoas". "Este plano coloca esse foco como essencial, não se centra só na zona classificada, ou só na Zona Especial de Protecção, abre caminho a que haja interacções fortes com a Cidade, porque o nosso objectivo é que a Cidade seja viva", apontou, reiterando "o património só faz sentido se for usado", considerando um desafio a capacidade do documento final demonstrar como "a cidade é resiliente ao impacto das alterações climáticas e como está a integrar a mobilidade suave". "O que poderá ser a Cidade de Guimarães no futuro com o património da Unesco alargado?", questionou.
Durante a sessão, a investigadora Maria José Queirós Meireles fez uma análise do documento, tendo sugerido que o relatório fosse elaborado por uma entidade independente e a criação de uma associação de moradores.

Marcações: UNESCO, discussão pública, Couros , Plano de Gestão do Património Mundial

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