David Gonçalves é o único português emigrante no Uzbequistão
David Gonçalves, 61 anos, é o único português a viver no Uzbequistão, mais precisamente na capital, Tashkent. Natural de Guimarães, tem uma história de vida marcada pela emigração e pela aventura em países pouco convencionais. Antes de emigrar ainda viveu noutras cidades, mas decidiu arriscar a emigração. As coisas nem sempre foram fáceis, mas o que é certo é que há praticamente cinco décadas que deixou o seu País. "Estou fora desde 1975, embora tenha vivido alguns anos no Porto e em Vila do Conde antes de partir definitivamente para fora de Portugal". Em 2000, começou uma jornada que o levaria ao Uzbequistão, após experiências em países como o Quirguistão.
O vimaranense explica que a sua ida para o Uzbequistão foi fruto de circunstâncias inesperadas. "Trabalhava com desperdício de algodão em Portugal, mas com a crise que começou no início dos anos 2000, muitas fábricas fecharam. Tive conhecidos que emigraram para outros países, como Moçambique e Paquistão. Acabei por ir parar ao Quirguistão, mas lá não correu bem, é um país pequeno, sem grandes oportunidades. Assim, em 2005, vim para o Uzbequistão", explicou. E lá continua a trabalhar com o desperdício de algodão.
Desde então, David tem construído a sua vida naquele país da Ásia Central, embora admita que não foi fácil adaptar-se no início. "Quando cheguei, era muito difícil conseguir o visto de residência. Mas as coisas foram-se arranjando e estou cá há 20 anos."
David também refez a sua vida pessoal, sendo a sua actual esposa uzbeque, embora falem português em casa. "A minha mulher fala espanhol e também já aprendeu um pouco de português", contou, com uma certa satisfação. Tem um filho de 28 anos, que vive em Portugal, e, embora a relação seja boa, David admite que não visita o País com tanta frequência como gostaria. "Costumo ir uma vez por ano, mas nem sempre consigo", disse.
Sobre a vida no Uzbequistão, faz questão de mencionar que, apesar de ser um país muçulmano, a cultura é muito moderada. "Quando cheguei aqui, quase não se via mulheres com a cabeça tapada, agora já se vêem algumas, mas o país é muito seguro. Podemos andar à noite sem medo de ser assaltados, algo que, infelizmente, já não posso dizer de Portugal, pelo menos nos últimos tempos", afirmou, uma vez que continua a acompanhar o que por cá acontece.
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