Há 1.442 alunos migrantes de 56 nacionalidades a frequentar escolas de Guimarães
O número de alunos migrantes matriculados nas escolas de Guimarães está a aumentar, atingindo este ano lectivo o valor mais alto de sempre.
As escolas do Concelho são frequentadas por 1.442 alunos de 56 nacionalidades, representando um aumento relativamente a 2022-2023. Nesse ano lectivo, o número era bastante menor, registando-se 1.201 estudantes provenientes de 47 países.
Há uma transformação na realidade escolar concelhia, acompanhando a tendência nacional resultante da chegada de cada vez mais estrangeiros. É um fenómeno que tem contribuído para esbater o decréscimo do número de alunos que antes se fazia sentir anualmente.
Para a vice-presidente do Município e responsável pela área da educação, esta viragem representa "um enorme desafio para todos os agrupamentos de escolas". "Temos alunos migrantes em todas as escolas e níveis de ensino. No meio urbano, há um número mais substantivo. Esta nova realidade representa um desafio para toda a comunidade e nota-se a existência de uma boa vontade excelente em cada escola no sentido de acolher e incluir respeitando a identidade e a cultura daqueles que chegam", observa Adelina Paula Pinto, enaltecendo que "as escolas independentemente dos problemas de língua, de curriculum e até alimentares decorrentes de questões religiosas têm conseguido ultrapassar as adversidades em tempo certo".
"A avaliação que faço é a de que a integração tem sido um êxito devido ao esforço que é feito por aqueles que trabalham e se relacionam em cada escola", frisou, acrescentando que as comunidades não são alheias a este processo de inclusão "porque participam e mobilizando para encontrarem respostas para as famílias quando é necessária a promoção da capacitação e inserção laboral e social".
"As escolas têm conseguido reagir e têm demonstrado que conseguem adaptar-se ao desafio com abordagens diferentes para integrar e incluir os alunos que chegam com outros hábitos e de outros meios diferenciados", insistiu a Vereadora, considerando que este fluxo migratório constitui "uma mais-valia para as escolas".
"As escolas têm de assumir esta nova realidade como uma mais-valia para o seu projecto de ensino, porque torna-se um privilégio terem no seu espaço e no seu dia-a-dia o contacto com outras civilizações e outras formas de estar, de comer, de rezar. É uma oportunidade de crescimento enorme para cada uma das crianças ao nível da aprendizagem daquilo que é o relacionamento com os outros numa era tão global", destacou, ao sublinhar que este fenómeno é transversal do pré-escolar ao secundário.
Embora sejam os alunos de nacionalidade brasileira aqueles que representam a maior proporção no conjunto da população escolar migrante, Adelina Paula Pinto realça a dinâmica gerada por outras nacionalidades com forte presença, como é o caso do Nepal e do Bangladesh.
Reconhecendo que a imprevisibilidade quanto à permanência no Concelho dos agregados familiares destes alunos obriga a trabalhar com uma margem de incerteza na formação das turmas, no planeamento das actividades e até da gestão dos equipamentos de ensino, Adelina Paula Pinto salienta que "há uma pressão enorme sentida nas escolas da zona urbana".
"A Escola E. B. 2,3/S Santos Simões está a funcionar com o apoio de dois contentores atendendo ao aumento exponencial de alunos, situação que está a ser considerada no projecto de requalificação daquele estabelecimento de ensino. O Agrupamento Francisco de Holanda está no limite e a E. B. 2, 3 João de Meira também. São as escolas frequentadas por um número mais significativo de migrantes. Nota-se que os estrangeiros têm tendência a procurar fixarem-se nas zonas mais urbanas, pelas questões relacionadas com o emprego e isso acaba por ter repercussão nas escolas", apontou.
A responsável revelou que a Carta Educativa do Município é dinâmica e permite acompanhar a evolução verificada em cada um dos estabelecimentos de ensino. "A E. B. 2,3/S Santos Simões é uma das escolas que vai entrar em obras e já será redimensionada não só por força dos migrantes, mas também pelo crescimento habitacional que está a acontecer naquela zona de Mesão Frio", sustentou, ao vincar: "há sempre a dúvida de até quando é que estes ciclos migratórios se manterão". "São ciclos que teremos de nos habituar a gerir", referiu, ao destacar que "todas as crianças têm lugar nas escolas do Concelho".
* Texto publicado na edição O Comércio de Guimarães, de 7 de fevereiro de 2024.