VÍDEO: Carolina faz bolachas para pagar tratamentos e não desiste da esperança de voltar a andar

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Carolina Silva Ribeiro tem 15 anos e não se conformou com o diagnóstico que lhe fizeram em França, após ter sofrido uma paragem cardíaca em que perdeu a mobilidade na parte inferior do corpo. "Ela deixou de andar, mas continua a sentir a picada de uma agulha, o calor e o frio nas pernas", revela a mãe, Isabel Silva, que há um ano deixou o marido e os dois outros filhos a viver na zona de Saint-Etienne para procurarem terapêuticas alternativas em Portugal.

"Descobrimos em Março de 2021. A Carolina estava a brincar com a irmã mais velha e bateu com o joelho num móvel. Levei-a ao Hospital e assim descobrimos que ela tinha um problema cardíaco", explica a mãe, ao sublinhar que as consultas e o acompanhamento prestado pelos serviços de saúde franceses não evitaram a fatídica paragem cardíaca que a adolescente sofreu em Junho de 2021. "O que lhe valeu é que estava no Hospital quando isso aconteceu. Os médicos demoraram 30 minutos a reanimá-la e ela perdeu a mobilidade nas pernas e em toda a parte inferior do corpo", recorda a mãe, acrescentando que a Carolina esteve em quatro momentos distintos no bloco operatório e posteriormente foi até internada numa clínica de reabilitação.

"Em Janeiro de 2022, em França, disseram-nos que ela não voltará a andar", afirma a mãe ao lado da Carolina que, de vez em quando, participa na conversa que acompanha com atenção, expressando-se em português com um forte sotaque francês. "Na instituição onde estava a fazer a reabilitação, disseram à Carolina que estava apta a ir para a escola com a cadeira de rodas. Como todos os pais, não conseguimos engolir essa informação sem fazer nada, sem procurar alternativas. Viemos até Portugal, com o apoio da família e de toda a comunidade de São Martinho de Sande, para conhecermos outros pareceres e descobrimos uma clínica na Maia - Terapikuba - onde a Carolina tem evoluído. Ela todos os dias tem sessões de fisioterapia desde 8h00 às 11h00. Já recuperou as funções da bexiga e do intestino e já começa a caminhar com umas talas nas pernas", revela, enchendo o olhar com a luz da esperança no êxito dos tratamentos.

"Nós acreditamos que a Carolina vai voltar a andar. O tempo o dirá...", afirma, com a confiança de quem não desiste da luta de ânimo leve, esclarecendo os motivos que levaram a família a criar o movimento «Vamos ajudar a Carolina a andar» e a tomarem a iniciativa de fazerem bolachas, colocando-as à venda para conseguirem pagar os dispendiosos tratamentos diários.

"Até agora é Portugal quem me tem ajudado. Em França, salvaram a minha filha no Hospital, mas depois não ofereceram alternativas para a reabilitação. É verdade que tenho assumido os encargos todos com as sessões de fisioterapia. Temos vídeos em que a Carolina agora já se segura de pé. Com a ajuda de talas, ela sobe escadas na fisioterapia, por isso era pode recuperar e o terapeuta que a acompanha sempre nos disse que pode demorar porque cada corpo recupera ao seu ritmo, mas ela pode voltar a andar", refere a mãe, agradecendo o apoio que têm recebido da comunidade.

O apartamento situado no 2º andar de um prédio em São Martinho de Sande que servia de residência de férias tornou-se habitação permanente para as duas. O imóvel não tem elevador. Para subir e descer diariamente as escadas, a Carolina recebe o apoio de dois vizinhos que "deixam tudo para ajudar", mas ela quer conquistar a autonomia. Para tal, indica a mãe, a Carolina "precisa de umas talas electrónicas para poder subir e descer as escadas". O orçamento já foi pedido, mas o valor ainda não foi comunicado.

"Eu não queria pedir ajuda, desde que começaram os tratamentos tenho ido buscar o dinheiro às nossas reservas, mas elas estão a ficar vazias porque as despesas são muitas. Só para ir para a fisioterapia são quase dois mil euros por mês. Já não estava a aguentar. Começamos a fazer bolachas e a vender. A adesão tem sido boa, as pessoas ajudam e até nos fazem chegar farinha, ovos, açúcar, pepitas de chocolate", enaltece a Isabel Silva. "Acho que as talas podem ajudar muito a Carolina", observa, reconhecendo que a separação da família "tem sido muito dura para todos", embora acredite que "o pior já passou e a Carolina vai voltar a andar de forma independente como o fazia antes da paragem cardíaca".

A onda solidária está em curso com várias iniciativas para ajudar a Carolina. A equipa de futsal feminino, a GTEAM, ofereceu-se para ajudar a angariar fundos, com a venda de rifas e de bolachas feitas pela jovem e pela mãe.

No próximo dia 5 de Março, realiza-se uma caminhada em São Martinho de Sande apadrinhada pelos artistas Carlos Ribeiro, Liliana Oliveira e Zé Amaro, contando com a participação do animador da Rádio Santiago António Pereira. "Não encontro palavras para agradecer o apoio e o carinho que dedicam à minha filha. Sinto uma grande emoção por contar com a ajuda de tantas pessoas", expressa a mãe.

 

Marcações: vamos ajudar a Carolina

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