VÍDEO: Cuidados paliativos do Hospital entram em casa dos doentes

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A apresentação oficial está marcada para esta quarta-feira, no auditório do Hospital da Senhora da Oliveira. O projecto 'Paliativos Consigo' foi desenhado para dar resposta às necessidades dos doentes com quadros clínicos mais complexos, constituindo a evolução do trabalho desenvolvido pela equipa intra-hospitalar de suporte em cuidados paliativos. Só entra em casa de pessoas que "estão em sofrimento" e a complexidade do quadro clínico e dos sintomas tornam dolorosa a saída para uma deslocação à unidade hospitalar.

Na passada segunda-feira acompanhamos uma destas incursões domiciliárias. Longe do nosso olhar, com a privacidade que a visita exigia, a equipa constituída pela médica Celeste Gonçalves, pela enfermeira Cátia Araújo e pela psicóloga Marta Freitas prestou os cuidados especializados adequados à condição de Emília Rosa, residente na Rua da Boucinha, em Mascotelos.

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Amparada pelo carinho da família, no conforto da sua casa, a doente, de 73 anos, recebeu com simpatia as profissionais. Já conhecia a médica dos contactos mantidos anteriormente, durante o período em que esteve internada e das idas à consulta externa. Os cuidados de enfermagem e a orientação proporcionada pela psicóloga constituíram mais uma dimensão dos cuidados, alargada também ao seu marido e principal cuidador. José Silva recordou o diagnóstico da doença oncológica há menos de um ano, levando a família a unir-se para prestarem-lhe a melhor assistência. "Sei o problema grave que ela tem, da exigência dos cuidados que ela precisa e esta equipa está sempre pronta a ajudar. Tanto posso telefonar, como posso até ir lá para esclarecer o que precisar. É uma grande ajuda", elucidou, ao recordar a forma como inesperadamente teve de "preparar-se para assegurar o apoio e amparo possível" da mulher que quase toda a vida foi costureira e que até há cerca de um ano era dinâmica e enérgica, amiga e conhecida na movimentada Rua da Boucinha. 

"Conto com a ajuda das noras e dos filhos, mas sou eu que estou mais presente. A única coisa que lhe falta é a saúde. Tratamos da alimentação, da higiene, da medicação", acrescenta, pormenorizando os detalhes da doença que também o abalou. A mulher movimenta-se com a sua ajuda numa cadeira de rodas e as condições de acessibilidade à residência não facilitam as deslocações. 

Enquanto se despede e agradece a deslocação da equipa do Hospital, ouve-se o desabafo de Emília Rosa: "estou pronta para tudo", numa expressão de resiliência na luta contra a doença e firme determinação de conseguir a acompanhar a neta de poucos meses no desabrochar para a vida e para o mundo. 

Permanecer no espaço que tão bem conhece foi uma escolha de Emília Rosa e dos seus familiares. É ali que, acarinhada, a acompanhar o governo do lar, onde tão bem identifica o cheiro dos dias e noites preenchidos com sorrisos, dores e inquietações, sente a força para enfrentar todos os medos.

Equipa com apoio permanente à família

A equipa de cuidados paliativos do Hospital entra em casa para facilitar e centrar o foco no doente, na sua família e na defesa da dignidade e humanização dos serviços. Através do projecto "Paliativos Consigo", a unidade de saúde concorreu e foi seleccionada pelo programa Humaniza, da Fundação "La Caixa", criando um elo ao domicílio, para os doentes com necessidades mais complexas. É uma missão alargada e permanente, com uma rectaguarda de acompanhamento constante e multidisciplinar com uma base de trabalho integrada e em sintonia com os diferentes serviços hospitalares.

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"O objectivo principal do “Paliativos Consigo” é prestar cuidados especializados a doentes do foro paliativo no seu domicílio, nas várias fases da sua doença, incluindo fim de vida, através da implementação de planos individualizados, contribuindo para a humanização dos cuidados de saúde", justifica a equipa, na síntese do projecto, ao destacar a importância de "colmatar falhas assistenciais que subsistem ao nível do cuidado no domicílio bem como na articulação da equipa intra-hospitalar do Hospital com os cuidados de saúde primários, outras entidades de saúde e prestadores de cuidados na comunidade, tal como serviços de apoio domiciliário". 

Os doentes acompanhados pela equipa “Paliativos Consigo” serão maiores de 18 anos, portadores de sintomas/problemas intensos ou incapacitantes resultantes de doença incurável, avançada e progressiva, sem resposta aceitável à terapêutica curativa e/ou em sofrimento, bem como as suas famílias.

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Os casos referenciados por estas entidades serão triados de acordo com os critérios de referenciação e grau de complexidade. A equipa funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h00 às 20h00. Aos sábados e domingos, funcionará com um enfermeiro das 9h00 às 15h00 e um médico em regime de prevenção. A equipa dispõe de apoio telefónico diariamente das 9 às 20h. Assim, serão asseguradas as necessidades de avaliação dos doentes durante todos os dias da semana.

Esta quarta-feira, o projecto será apresentado oficialmente, numa sessão que está marcada para as 11h30, e em que será entregue a viatura oferecida pela Liga dos Amigos.

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