VÍDEO: Serviços municipais usam nova técnica para eliminar vespas asiáticas

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900 ninhos intervencionados desde o início do ano

Está a ser aplicada uma nova técnica para a destruição dos ninhos de vespas asiáticas que proliferam no concelho de Guimarães, ocupando locais aparentemente improváveis em diferentes edifícios, árvores ou postes de iluminação pública. 

"É um sistema de inoculação do vespeiro, constituído por um conjunto de canas e um sistema eléctrico embutido na própria cana que faz a injecção do insecticida directamente no vespeiro para inocular o respectivo ninho", explicou o técnico superior dos Serviços de Protecção Civil do Município, Daniel Estebaínha. "O insecticida é constituído por piretróides de primeira geração e também um atractivo para que as vespas não sintam que o ninho foi ameaçado. Tem uma durabilidade até 72 horas, o que faz com que as vespas que estão foram do ninho e que regressam tenham contacto com o insecticida e acabem por ser eliminadas", acrescentou.

"Têm aparecido vespeiros nos locais mais inesperados", advertiu, durante uma intervenção feita no edifício do Palacete das Hortas, na Rua Dr. José Sampaio, no centro da Cidade, onde as vespas asiáticas construíram o ninho num beiral do telhado. 

"Como está rodeado de habitações, temos de dar prioridade a esta intervenção", apontou, ao observar que a vespa velutina contribui para "a degradação do ecossistema dado o efeito que tem na diminuição da população de abelhas e consequentemente na polinização".

Com o processo de inoculação, os técnicos municipais aplicam o insecticida directamente no ninho, mas o vespeiro, por vezes de grande dimensão, não desaparece. "Vai continuar visível, mas inactivo porque as vespas morrem. O ninho perde a resistência e a consistência, degradando-se", sublinhou, apontando para o caso que mereceu a intervenção a que assistimos.

Com o equipamento adequado, sem necessidade de recorrer à auto-escada dos bombeiros, o ninho situado a cerca de oito metros de altura foi pulverizado e permaneceu no local. Daniel Estebaínha justificou que é feita a recomendação: "se for um local acessível, o ninho seja retirado após uma semana do processo de inoculação, se for num sítio de elevada altitude e de difícil acesso, com o passar do tempo, a estrutura vai-se degradando e desfazendo''.

Após observar as características do ninho, o responsável indicou que "não voltará a ser novamente habitado por parte das vespas porque irão permanecer os insectos mortos no seu interior".

Na senda do que tem acontecido nos últimos anos, a praga das vespas asiáticas continua a disseminar-se na região do Vale do Ave. O Serviço Municipal de Protecção Civil tem uma equipa especializada para o controlo deste fenómeno, respondendo às solicitações que chegam em função de critérios relacionados com a defesa e a segurança da população. 

"Tentamos actuar para que haja menor construção de vespeiros definitivos. A nossa intervenção destina-se a travar a propagação no início do ciclo da vespa velutina", realçou, reconhecendo que o número de ninhos de vespa velutina reportados tem aumentado de ano para ano. 

"Já destruímos 900 ninhos e temos cerca de 100 em lista de espera para fazer a respectiva destruição ou inoculação", acrescentou, aproveitando para esclarecer que os vimaranenses devem reportar a existência dos vespeiros aos Serviços de Protecção Civil sempre que ocorrer um avistamento. "Só assim conseguimos actuar", comentou, esclarecendo que os serviços continuam a proceder à eliminação dos vespeiros com recurso à técnica da queima. "Fazemos a destruição do vespeiro com recurso à técnica da queima durante períodos nocturnos", anotou, ao frisar que a inoculação dos ninhos com a nova técnica é feita nos períodos diurnos, o que permite agilizar a resolução das solicitações. 

O método de inoculação diurna está a ser cada vez mais utilizado, "porque há a probabilidade de atingir um maior número de vespas, o ninho serve de recipiente para o insecticida que tem um período de actuação de 72 horas, o que faz com que as vespas que estão fora e regressam ao ninho tenham contacto com o insecticida e acabam por ficar eliminadas".

Ninhos perdem consistência

A poucos metros do Palacete das Hortas restam os vestígios de um ninho onde já foi aplicada a técnica de inoculação. Num quintal, o diospireiro carrega os frutos característicos desta época e o volumoso ninho já com uma tonalidade diferente dos restantes. "É um ninho que já foi intervencionado, permanece no local, o que notamos é que ele muda de configuração por não haver a manutenção no local pelas vespas, vai ficando mais pálido, esbranquiçado", aponta Daniel Estebaínha, ao frisar "a ausência das vespas é notória".

Nos edifícios e espaços públicos, os Serviços de Protecção Civil deixam uma placa identificativa com a referência à realização da acção de eliminação do vespeiro e a data em que o processo ocorreu. "É uma forma de informar quem se apercebe da presença do ninho e não sabe se as vespas continuam em actividade", assinalou, apelando para que o contacto para os serviços de protecção civil continue a ser efectuado, independentemente desse conhecimento. "Temos um sistema de geolocalização dos ninhos e conseguimos identificar se o ninho foi ou não intervencionado, mas procuramos também desenvolver uma componente pedagógica, explicando os motivos da permanência do ninho no local", prosseguiu.

Protecção Civil deixa alerta aos privados

Há particulares que se atrevem a eliminar os ninhos de vespas asiáticas por sua conta e risco. Daniel Estebaínha observou que já ocorreram situações em que os ninhos foram destruídos por particulares e que nem sempre recorrem à melhor técnica. "A técnica mais acessível para os particulares será a queima e muitas vezes as pessoas fazem-no durante o dia e sem o equipamento de protecção, o que não deveria acontecer. Uma vez que o ninho está a ser ameaçado, as vespas podem ter comportamentos agressivos, de defesa do ninho e atacarem a ameaça. Se for uma pessoa com o recurso a um simples maçarico, essa pessoa pode ser atacada! Não se recomenda a técnica de queima durante o dia porque há forte probabilidade de grande parte das vespas não estarem no respectivo vespeiro", concluiu, insistindo no apelo para o contacto com os serviços camarários. 

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