Delfim Martins deixa funções no Mercado Municipal para iniciar aposentação

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É um rosto conhecido de todos aqueles que desenvolvem a sua actividade no mercado e na feira semanal de Guimarães. Delfim Martins, encarregado do mercado e feiras da Câmara Municipal de Guimarães, prepara-se para iniciar uma nova etapa da sua vida no final deste mês, passando à condição de aposentado.

"São muitos anos neste serviço, mas chegou o momento de passar o testemunho. Não digo 'adeus' ao povo do mercado e da feira, porque continuarei a vir cá, mas numa outra condição", garantiu, algo emocionado, por sentir o redobrado carinho e o calor da simpatia dos comerciantes habituados à sua presença diária naquele espaço, onde quase todos se conhecem e trocam palavras amigas.

Delfim Martins tem 68 anos e é natural de São Torcato. Iniciou funções ao serviço do Município no dia 4 de Agosto de 1976, sempre ligado ao funcionamento do mercado municipal de Guimarães. "Entrei às 20h00 numa quarta-feira e saí às 2h00 do outro dia. Comecei a trabalhar como guarda-nocturno no antigo mercado, funções que exerci durante sete anos", contou, recordando que tinha a missão de vigiar os haveres dos comerciantes e talhantes. Depois, surgiram concursos para lugares em que o trabalho era diurno e concorreu, fazendo as provas necessárias e aproveitando as oportunidades de progressão na carreira. "Passei a fiel de feiras e mercados e, em 1990, concorri para encarregado e assim fiquei, até que agora chegou o momento de aposentar-me deste serviço", observou, ao revelar que acompanhou a mudança de "muitas feiras e toda a transição do velho para o novo mercado municipal".

"Sinto-me grato pela vida profissional que tive. São muitos anos em contacto com as pessoas, num trabalho agradável em contacto com o ar livre e, sobretudo, com uma relação muito próxima com pessoas que exercem a sua actividade no mercado e nas feiras e que têm várias proveniências geográficas, porque algumas só vêm a Guimarães uma ou duas vezes por semana. Este trabalho tem sido muito gratificante para mim", acrescentou.

"Nunca se agrada a toda a gente, mas procura-se esclarecer e facilitar a compreensão daqueles que desenvolvem a sua actividade no mercado e nas feiras porque, nestas funções, temos regras e orientações para fazer cumprir", apontou, realçando a importância dos cuidados de higiene e limpeza e a necessidade de defender a saúde pública em serviços ligados à comercialização de bens alimentares, num espaço frequentado por muitos consumidores.

"Sempre quis ser exemplar nas tarefas que me foram confiadas, tenho um regulamento municipal que a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal aprovaram e tem de ser rigorosamente cumprido. É essa a minha responsabilidade", continuou, mostrando-se satisfeito com o resultado conseguido ao longo dos anos.

"Sempre procurei ser leal às tarefas que me foram confiadas, nunca tive um processo disciplinar, nunca tive uma chamada de atenção, nunca tive uma falta, nunca precisei de um atestado médico, nunca ninguém fez queixa de mim por ter beneficiado alguém.Procurei ser sempre exemplar nas funções que me foram confiadas. Sempre tive prazer em trabalhar, com disponibilidade para o que fosse necessário para a melhoria deste serviço", apontou, ao lembrar que antigamente, quando a feira se realizava em recinto aberto, "chegou a ter de levantar-se às 3h00 da madrugada para organizar convenientemente os espaços. "Quando a feira se fazia no Campo de São Mamede, era muito difícil controlar porque existiam muitas entradas", acrescentou, precisando que anteriormente também acompanhou a organização da feira no espaço exterior ao Estádio D. Afonso Henriques, tendo só depois passado para o Campo de São Mamede e arruamentos adjacentes, antes de instalar-se no actual recinto fechado e com lugares delimitados. "A única coisa que pedia era que os lugares fossem atribuídos em sorteio, para não haver desigualdades com ninguém. Assim, não havia margem para o Manel, o Joaquim ou a Maria dizer que este ou aquele tinha sido beneficiado com um lugar melhor... Era a sorte!", afirmou, sorrindo, durante a conversa que decorreu no seu gabinete nas instalações do mercado municipal.

O processo de transferência da feira grossista para Aldão mereceu igualmente o empenho e a atenção de Delfim Martins, embora a mudança do mercado para o espaço actual tenha sido "um grande desafio". "Aqui, temos 244 produtores directos, 64 bancas e 11 talhos a funcionar, quando no mercado antigo não havia tanta gente a vender os seus produtos. A transição do mercado velho para aqui abriu este serviço a mais pessoas", anotou, reconhecendo que "o dia forte e mais movimentado é a sexta-feira. Temos registos da entrada de 3 mil 400 pessoas. Durante a semana, o mercado não tem a mesma procura, porque as pessoas já se organizam para virem à sexta-feira ou ao sábado, que são os dias com mais afluência".

Delfim Martins confessou que aprecia a dinâmica do mercado, "aquela alma que os produtores trazem ao espaço com aquilo que cresce nos seus campos e que cuidam com tanto trabalho e suor, para venderem e assim garantirem mais umas economias para o sustento". "O mercado de Guimarães tem ainda uma ligação muito próxima com as práticas agrícolas das freguesias, com os produtores que directamente vêm transacionar os seus bens", considerou, antes de cessar funções. Quinta-feira, 30 de Setembro, será o último dia ao serviço do Município.
"Agora, só peço saúde para viver o tempo de aposentação de forma tranquila, na companhia da minha esposa. Mas, quando a saudade bater, regressarei ao mercado", prometeu.

Marcações: Mercado Municipal, funcionário da Câmara Municipal de Guimarães

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