Sem rasto do motorista de Guimarães desaparecido há nove meses após acidente na A4
É um mistério. Desde o dia 18 de Fevereiro deste ano, ninguém sabe do paradeiro do vimaranense Ângelo Domingos Ribeiro Fernandes. O motorista, de 47 anos, residente em Azurém, está desaparecido desde a tarde em que sofreu um acidente quando seguia ao volante do veículo pesado de mercadorias na auto-estrada A4, no troço entre Vila Real e Murça.
O desespero da família agrava-se à medida que o tempo passa. O irmão, Paulo Fernandes, não encontra respostas para as constantes interrogações despoletadas pelas circunstâncias pouco habituais que envolvem o estranho desaparecimento. "Fui eu que lhe meti o bichinho dos camiões, porque ele trabalhava no sector do calçado e após algumas viagens em que me acompanhou, ficou a gostar desta vida. E decidiu mudar de rumo. Andava nisto há 13 ou 14 anos, sempre direitinho, sempre impecável, sem falhar ao trabalho, procurando ser um trabalhador exemplar", recorda Paulo Fernandes, indicando que era o irmão que acompanhava com mais proximidade a mãe. "Ele vivia com a minha mãe, era a companhia dela, saía à segunda-feira, regressava à sexta e ajudava-a em tudo", continua, evidenciando a sua incredulidade perante a estória algo invulgar do desaparecimento do irmão.
Mas, afinal, o que se sabe do acidente? Paulo Fernandes adianta que, naquela ocasião, exercia funções de motorista e estava na Alemanha em viagem. "A minha mãe foi informada do acidente através de um funcionário da empresa para a qual ele prestava serviços, mas ele não entrou em contacto com ninguém", comentou, lamentando "a ausência de telefonemas ou cartas". "Não sabemos nada! Não sabemos se ele está vivo ou se está morto, infelizmente... É uma angústia que cresce de dia para dia. E cada vez a situação piora mais, é um peso muito grande. Toda a família está desesperada", realçou, recordando que após o acidente o local - perto do nó de Murça - foi alvo de intensas buscas por parte da GNR que até utilizou cães pisteiros. "Bateram toda a zona próxima do acidente e não encontraram nenhum rasto dele", prosseguiu, indicando que a família foi informada da existência de imagens das câmaras de vigilância colocadas no sítio do acidente, em que se vislumbra o condutor a abandonar o veículo.
"O acidente ocorreu numa escapatória da auto-estrada, usada quando os camiões perdem os travões... Os veículos caem num monte de areia e a câmara está apontada para ali e vê-se a abandonar o camião", referiu Paulo Fernandes, acrescentando que deslocou-se àquele local diversas vezes. "Procurei, andei por lá com a esperança de encontrar alguma pista para saber o que se passou. Nesses momentos, pensa-se em tudo, no melhor e no pior, mas não encontrei nada naquela espécie de descampado", precisou.
"Isto para nós é uma tragédia, porque não sabemos nada dele, perdemos totalmente o rasto da existência dele. A Polícia Judiciária está a fazer o seu trabalho", sustenta, reconhecendo as dificuldades que se colocam à investigação "perante a dimensão do mistério". "Ele deixou os telemóveis no veículo. Não sabemos do paradeiro dele e as cartas que nos chegam são das Finanças por causa do IRS e dos bancos que continuam a cobrar comissões, mesmo que não existam movimentos nas contas bancárias", anotou, ao observar: "não podemos fazer nada para regularizar a situação porque só a ele diz respeito."
A família não desiste de procurar Ângelo Fernandes. "Temos fé e esperança de que ele um dia apareça para a gente o abraçar", vincou o irmão.
Contactada pelo Grupo Santiago, a Polícia Judiciária, através do serviço de Relações Públicas, da Directoria do Norte, garantiu que continuam as diligências para identificar o paradeiro do motorista vimaranense que abandonou o veículo após o acidente. "O processo está em aberto e todos os esclarecimentos estão a ser prestados aos familiares", frisou.
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