Saxofonista Charles Lloyd inaugura 28ª edição do Guimarães Jazz

images/fotoarquivo/2018/Festas/guimaraes_jazz.jpg

A partir desta quinta-feira, Guimarães vibra ao ritmo dos sons do jazz. A edição de 2019 do Guimarães Jazz inaugura com a actuação daquele que é um dos grandes músicos de jazz vivos, Charles Lloyd.
Lloyd é um saxofonista superlativo e também compositor sofisticado, que, mesmo depois dos 80 anos, continua capaz de reinventar-se. Em Kindred Spirits, concerto que vai apresentar no CCVF, é acompanhado por uma banda de excelência composta pelo pianista Gerald Clayton, o baterista Eric Harland, o guitarrista Marvin Sewell e o contrabaixista Harish Raghavan.

Amanhã, o dia será preenchido com a actuação do baterista mexicano Antonio Sánchez, músico que se tornou conhecido do grande público quando compôs a banda-sonora de Birdman, do compatriota Alejandro González Iñárritu, que recebeu o Óscar de melhor filme em 2015.
No Guimarães Jazz, Sánchez apresenta-se com o projeto Migration, um quinteto fundado em 2011 com a intenção de explorar uma estética que faz aproximações ao rock, à música eletrónica e à spoken word.

No sábado, apresenta-se o Trio Oliva/Boisseau/Rainey com o seu projeto Orbit às 17h00. Longe do fulgor criativo da cena jazz da década de 1990 e da efervescência underground dos primeiros anos do pós-milénio, a cena francesa continua a ter lugar para projetos interessantes como este trio clássico (de piano, contrabaixo e bateria), liderado pelo pianista e compositor Stéphan Oliva – ele próprio uma das figuras de relevo da nova vaga que há trinta anos injetou uma nova dinâmica de vitalidade criativa no jazz francês – e que integra Tom Rainey, importante baterista norte-americano, e o contrabaixista francês Sébastien Boisseau.
A noite traz consigo dois dos mais influentes músicos de jazz do presente, os pianistas norte-americanos Vijay Iyer e Craig Taborn, que vêm colaborando desde 2012. Apesar das suas diferenças de estilo – Iyer mais rítmico, Taborn mais centrado na melodia –, complementam-se para criar uma música simultaneamente canónica e disruptiva. O recente e muito aclamado registo discográfico Transitory Poems é mais um documento dessa relação artística e o mote para este concerto no Guimarães Jazz, às 21h30 no CCVF.

No domingo, o festival continua a investir na sua vertente pedagógica e prossegue a parceria iniciada em 2012 com a ESMAE no âmbito da qual jovens músicos de jazz e música clássica têm uma experiência criativa de elevada exigência. Desta feita, a Big Band e o Ensemble de Cordas da ESMAE é dirigida por Geof Bradfield que, além da sua carreira enquanto músico – o saxofonista tenor é um dos nomes em maior destaque da cena jazzística de Chicago – é também professor na Universidade de Illinois. Um concerto inédito e irrepetível para assistir no próximo domingo, às 17h00, em pleno palco do Grande Auditório do CCVF.

A noite de domingo leva-nos até à Black Box do CIAJG para presenciar aquele que tem sido um momento incontornável da programação do Guimarães Jazz nas últimas edições, fruto da colaboração com a associação Porta-Jazz, e que este ano permite o encontro, numa residência artística entre dois músicos importantes do jazz português – o guitarrista Miguel Moreira e o baterista Mário Costa –, o bailarino Valter Fernandes, o percussionista Rui Rodrigues e ainda o saxofonista e clarinetista suíço Lucien Dubuis, músico importante da cena avant-garde jazzística europeia, que vão explorar a relação entre o jazz e a dança. O resultado desta residência será apresentado e gravado ao vivo no Guimarães Jazz e posteriormente editado com Carimbo Porta-Jazz.

Na próxima segunda-feira (11 novembro), o programa abre uma nova semana e o palco a uma instituição histórica entre as big bands de jazz, a ICP Orchestra, fundada em 1967 pelo recentemente falecido pianista Misha Mengelberg e pelo baterista Han Bennink.

O dia seguinte (12 novembro) será marcado por uma nova colaboração do festival. Ikizukuri é um trio de saxofone, contrabaixo e bateria, criado especificamente para o Guimarães Jazz. Formado por três músicos com abordagens muito distintas, tem uma sonoridade elétrica e pulsante. Integram o coletivo o saxofonista Julius Gabriel, compositor e improvisador alemão sedeado no Porto, Gonçalo Almeida, contrabaixista radicado em Roterdão, e o baterista e compositor Gustavo Costa. Esta é uma proposta da Sonoscopia, associação de músicos e construtores sonoros, que tem tido presença marcante na programação d’A Oficina ao longo deste ano.

No dia 13, o palco do Grande Auditório do CCVF está preparado para o regresso de Joe Lovano ao Guimarães Jazz.

No dia 14, o quinteto liderado pela compositora e vocalista Lina Nyberg e a Orquestra de Guimarães serão os protagonistas.

O último fim de semana do Guimarães Jazz 2019 abre com Rudy Royston às 21h30 de sexta-feira (15 novembro). Baterista virtuoso tido como um dos mais prestigiados instrumentistas da geração nascida na década de 1970 nos EUA, apresenta-se no Guimarães Jazz em quinteto, com a mesma formação com que gravou o seu último álbum, Flatbed Buggy, editado no ano passado pela Greenleaf, a editora independente fundada por Dave Douglas. Com uma instrumentação invulgar, que inclui violoncelo e acordeão, este quinteto pratica uma música de raízes, com aproximações ao blues e à americana.

O derradeiro dia desta edição é dominado pelo quinteto de Geof Bradfield, às 17h00, e pelo ensemble de Andrew Rathbun, às 21h30, em dois concertos no Centro Cultural Vila Flor.
Guimarães Jazz 2019 encerrará com o Large Ensemble do saxofonista e compositor canadiano Andrew Rathbun, que irá interpretar as suas Atwood Suites, inspiradas na poesia da escritora Margaret Atwood. O festival fecha assim, como é hábito, com uma grande formação no maior palco do CCVF, despedindo-se com esta obra de paisagens emocionais para o século XXI – Atwood Suites – que veicula uma mensagem de inquietação política e elevação poética que, pela voz de Aubrey Johnson, narra um mundo em profunda transformação ao qual a arte tem de dar resposta.

Marcações: Guimarães jazz

Imprimir Email