VÍDEO: Dois anos à espera de desvio de poste de telecomunicações em Abação
Há dois anos que um casal de emigrantes desdobra-se em esforços para ver retirado de um quintal um poste de telecomunicações e respectivos fios de suporte.
Após muitos anos passados em França, Emília Conceição Fernandes e o marido Abílio Ribeiro estão a concretizar "o sonho de uma vida", reabilitando a casa onde repousam memórias de família na Rua da Reboredo, em Abação.
"Trabalhamos muito para concretizar este investimento", confessa Emília Fernandes, recordando que cresceu na propriedade que está empenhada em recuperar. "As obras não alteraram a estrutura da casa, os quartos até ficaram inclinados", comenta, enquanto aponta para "o problema que pretende ver resolvido". "Não autorizei a colocação deste poste, com três arriostas a ocupar o meu terreno", refere, explicando que, desde 2017, que tem solicitado o desvio à agora Altice Portugal. "Disseram-me para ir à loja da Meo em Guimarães e expor o assunto e fazer o pedido. Tinha vindo passar as férias de Verão e encontramos o poste com todos estes fios pendurados", prossegue, insistindo: "pedi para retirarem o poste, sobretudo que removessem as arriostas porque não conseguia aceder ao poço, nem fazer a limpeza do terreno".
"Em 2018, igualmente em Agosto, voltei a fazer o mesmo pedido porque queria que me resolvessem a situação", continua, recordando que dois meses depois "ligaram para França a dizer que o problema seria resolvido". "Dei-lhe o número de telefone do meu filho para eles entrarem em contacto e assim procederem ao desvio, mas nada foi feito. Este ano, encontrei tudo na mesma. As obras da casa estão quase concluídas, quero proceder à vedação e limpar o terreno e não consigo. Já tive aqui uma máquina que não conseguiu limpar o terreno por causa das arriostas que estão a segurar o poste", explica, reconhecendo que no tempo dos seus pais já existia ali outro poste. "Não tinha a dimensão deste, não tinha tantos fios pendurados, nem estas arriostas. Este poste foi colocado sem me dizerem nada. Por isso, este ano, ao verificar que a situação estava na mesma, voltei à loja e exigi a resolução", sublinha, invocando que pretende regressar de vez a Portugal e "quer vedar o terreno".
Recentemente, o poste em madeira foi cortado e apresenta-se inclinado com os fios suspensos. Emília Fernandes considera que "tudo isto era escusado". "Sempre disse que colocassem o poste de maneira a fazerem toda a manutenção sem entrarem no meu terreno. Não me importo que o poste fique num canto, só não queria que os técnicos viessem aqui e entrassem na minha propriedade sem mais nem menos. Eles saltam o muro, estragam as fruteiras e os fios estão muito próximos das árvores e da casa", acrescenta, observando que já se dirigiram ao local diferentes técnicos da empresa responsável pelo poste que "avaliam e só referem a existência das dificuldades na solução do problema".
Contactada por e-mail para pronunciar-se sobre o assunto, a Altice Portugal esclarece que "o poste se encontra no citado terreno desde 1991, não sendo, por isso, verdade a afirmação que aponta para um acesso indevido da Empresa ao terreno para a colocação do mesmo".
"Mais, a Altice Portugal recorda que o corte ou dano do poste não só pode representar um crime, mas principalmente e mais grave, pode colocar em sério risco pessoas ou bens pelo impacto físico que a destruição pode causar", indica, precisando que "estes postes têm cabos que asseguram comunicações entre pessoas, empresas e serviços críticos, como hospitais, forças de segurança, entre outros, sendo que o seu corte pode motivar interrupções dessas mesmas comunicações colocando também por este motivo a segurança das populações em causa".
"A Altice Portugal esclarece ainda que já esteve no local a proceder a várias análises com os seus técnicos e engenheiros, não tendo ainda procedido ao desvio do poste apenas pelo motivo de ainda não haver dados concretos de obra a executar pelo proprietário do terreno conforme sua indicação, aguardando o momento mais oportuno", refere a empresa no esclarecimento.