IHRU disponível para negociar com inquilinos que têm rendas em atraso nos bairros sociais
A Presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana garante que quer chegar a entendimento com os moradores dos bairros sociais de Guimarães com rendas em atraso, mostrando-se disponível para liderar uma avaliação que será feita caso a caso.
Na passada sexta-feira, cerca de uma centena de moradores estiveram presentes numa reunião realizada no salão paroquial de Nossa Senhora da Conceição, na qual esteve presente Alexandra Gesta com o intuito de "abrir o diálogo" e "quebrar o ambiente de mal-entendidos" acumulados ao longo dos anos.
Em declarações publicadas na edição do jornal O Comércio de Guimarães, a responsável do IHRU justificou que veio cumprir o compromisso que assumiu com os moradores. "Tinha dito que iria a Guimarães em Setembro, uma vez que era essa a data que tinha como aquela em que seria aprovada legislação que permitiria aos inquilinos o perdão da mora, quando há incumprimento e dívida... Fui esperando e a legislação não saiu! Só tenho uma palavra fui a Guimarães sem esse conforto", afirmou, garantindo que a sua presença na sessão serviu "para abrir um espaço de conversa", porque " a missão do Instituto é abrigar, acolher e proteger os agregados que são mais frágeis da sociedade". "Era humanamente impossível estar a assistir a um afundamento das pessoas nas dívidas, independentemente das razões pelas quais eles decidiram fazer isso", comentou, garantindo que "aquela era a primeira de um conjunto de acções que podemos fazer para que os inquilinos do IHRU em Guimarães e noutros sítios resolvam de uma forma definitiva e humana a situação em que estão, mesmo que tenham posto um processo em Tribunal ao IHRU. Todos os moradores serão tratados pela mesma medida".
De acordo com Alexandra Gesta, o entendimento proposto pelo IHRU passa por uma análise caso a caso. "As pessoas têm uma renda actual, provavelmente a sua capacidade económica até baixou muito nos últimos anos e os que não fizeram pedido de revisão de renda, poderão fazê-lo e assim baixar a renda", referiu.
Relativamente à dívida, prosseguiu, "será feito um acordo entre o IHRU e os moradores para pagarem mensalmente, religiosamente, aquele montante que for acordado entre as duas partes. O montante que for acordado entre as duas partes é aquele que pode ser possível para o agregado familiar pagar, nem mais, nem menos". "Caso, entretanto, a Assembleia da República volte a legislar sobre o assunto da mora, que permita perdoar a mora, voltaremos a fazer a revisão", salvaguardou.
Aquela responsável salientou que o Instituto "tem como missão também não permitir que esta questão avance e os inquilinos sejam prejudicados, porque o IHRU tem ganho todos os processos que coloca em Tribunal aos inquilinos por causa do depósito das rendas". "É a dívida dos moradores que aumenta", alertou, mostrando-se preocupada com as repercussões que essa situação tem nos agregados familiares. Por isso, insistiu, "vamos ver como nos acomodamos todos num contrato legal que permita aos moradores viver tranquilos".
Alexandra Gesta admitiu que é sua vontade "tornar mais uma vez exemplares as acções dos vimaranenses". "Gostava de poder dizer que, em Guimarães, o assunto foi resolvido porque as pessoas conduziram o seu processo até chegar a bom porto", acrescentou, indicando que "quem quiser resolver a situação terá a possibilidade de o fazer, numa relação entre senhorio e inquilinos".
A Presidente do IHRU promete que o contacto com os inquilinos não vai parar. "Estamos a tratar de dinheiros que são públicos e de uma questão de justiça porque também vou promover uma reunião com os moradores que cumprem o pagamento. E o que dirão esses moradores?" questionou Alexandra Gesta, afirmando que irá organizar a sua agenda "para estar nos bairros a fazer a avaliação, acompanhada com técnicos do IHRU, dia a dia, até esgotar a situação, até conseguirmos que todas as pessoas que queiram vir ao acordo venham, terminando com a ansiedade de quem tem 86 anos e vive aflito com o problema da renda em atraso".
Muitos moradores contestaram em Tribunal o aumento das rendas que entrou em vigor em 2014 e passaram a depositar o valor da renda antiga na Caixa Geral de Depósitos.