Violência doméstica aumentou 73% em Guimarães
Voltaram a aumentar os casos de violência doméstica em Guimarães.Os dados constam do relatório de 2013 do Espaço Informação Mulher (EIM). Segundo o documento desta estrutura municipal, criada em 2001, entre Janeiro e Dezembro do ano passado houve a comunicação de 26 casos de violência, onde a mulher foi sempre a vitima. Um aumento de onze casos em termos homólogos, ou seja 73%, em contra-ciclo com o que vinha acontecendo desde 2006, onde foram registados 65 casos.
Da análise aos dados, constata-se que uma percentagem significativa das vítimas têm idade superior a 50 anos, 35%, que mais de metade, 73%, denotou problemáticas associadas à saúde mental, nomeadamente alterações psicológicas e que a grande maioria são casadas (54%). Relativamente às habilitações académicas, os dados do EIM, revelam que quase metade das mulheres vítimas de violência possuem apenas o 1º ciclo do ensino. Não é por isso de estranhar que as vítimas tenham trabalhos não qualificados, auferindo baixos rendimentos, apontada sempre como uma das dificuldades para por cobro às agressões. Outro número a reter, 27% das vítimas são já reformadas.
Relativamente à proveniência geográfica das vítimas, verifica-se que há uma incidência maior nas freguesias de Briteiros Santa Leocádia e S. Salvador (12%), S. Paio, S. Sebastião e Oliveira do Castelo (8%) e Polvoreira (4%).
No ano passado, o agressor, quase sempre sem antecedentes, foi sempre do sexo masculino e caracterizou-se por ser casado, ter idade superior a 50 anos, consumidor de álcool e, tal como a vítima, apenas o 1º ciclo do ensino básico.
Os crimes foram cometidos quase sempre na residência comum, 81%, e apenas 15% na via pública.
Ainda de acordo com o relatório do EIM, as agressões duram em média 17 anos, sendo as vítimas alvo de maus-tratos psicológicos e físicos, em 58% dos casos. Apenas em 4% das situações, as mulheres foram vítimas de maus-tratos sexuais.
O medo é ainda uma constante neste tipo de violência e os dados atestam isso mesmo. Apesar de se verificar um aumento na sinalização dos casos às forças e entidades competentes, a reação mais frequente por parte da vítima consiste ainda em não denunciar as situações, 65%. No entanto, as participações às autoridades ocorrem mais quando as situações são percepcionadas como graves ou envolvem directamente os filhos menores das vítimas.
Estes números não reflectem com exactidão todas as situações de violência doméstica, dado que a privacidade, o silêncio, os valores religiosos e culturais, o desconhecimento dos direitos e da agressão como crime, as dependências emocional e económica, a intenção de proteger os filhos, a esperança que os comportamentos agressivos se alterem espontaneamente, bem como algum descrédito face às instituições especializadas na matéria, ainda são poderosos «aliados» da violência, lê-se nas conclusões do relatório.
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