Deficiente execução do aterro provocou aluimento de terras em Mesão Frio

A deficiente execução do aterro onde foi construído o loteamento da Travessa da Ribeira, em Mesão Frio, terá sido a principal causa do aluimento de terras verificado no dia 2 de Abril de 2013.
A equipa técnica incumbida pelo Presidente da Câmara de Guimarães já apresentou o relatório final da avaliação efectuada e aponta  “a deficiente execução do aterro, decorrente da ausência de projecto geotécnico e da utilização de materiais inadequados para a sua execução. 

Quanto às construções, apesar da monitorização aos edifícios ter fornecido valores próprios de “edifícios com comportamento estrutural estável”, a garantia de estabilidade não está assegurada. 
“O tipo de solo de fundação das sapatas é desconhecido. As cotas de fundação e as dimensões destas não são conhecidas com rigor, pois, existiram várias alterações ao previsto na fase de projecto tomadas durante a fase de execução das fundações e não registadas em fase posterior”, indica o documento. “Acresce que a sapata de um edifício encontra-se danificada e parcialmente descalça, não garantindo a expectável transmissão de acções do edifício para o solo. Existe a possibilidade de ocorrerem escorregamentos adicionais no terreno principalmente se ocorrer precipitação intensa, os quais poderão agravar as condições de segurança, caso não se tomem medidas urgentes que permitam dotar os edifícios com as condições de segurança estrutural necessárias para assegurar a sua habitabilidade. A intervenção de reforço e reabilitação a ser adoptada deve ter em conta o facto de que o desconhecimento sobre as características das fundações é extensivo a ambos os edifícios”.

No Relatório Final da Comissão de Avaliação do escorregamento do talude na variante Guiimarães –Fafe, a equipa constituída por José Arantes, José Miguel Fernandes, Vitor Ferreira , Tiago Miranda e Joaquim Barros precisa que “à data de conclusão do relatório, os edifícios não se encontram em rotura iminente, mas a sua habitabilidade exige um plano de reforço e reabilitação que restabeleça os níveis de segurança estrutural apropriados para este tipo de construções. Com a implementação de um plano deste tipo, as condições de segurança de ambos os edifícios podem ser integralmente repostas. As condições de habitabilidade deverão ficar repostas, por realização de obras que permitam o acesso integral aos edifícios repondo as cotas existentes antes do escorregamento”.
No que diz respeito “às causas prováveis do escorregamento de terras”, o relatório realça que “o projecto é omisso quanto à concepção geotécnica e modo de construção do aterro. Apenas existem cortes para a quantificação de volumes de movimentos de terra. Os ensaios realizados sobre o material constituinte do aterro apontam para a inadequação deste para ser utilizado para este fim”, escrevem.

“De acordo com uma carta militar, o aterro foi construído  sobre uma zona onde existe uma linha de água. Não existe qualquer elemento no projecto que indique que a presença dessa linha de água tivesse sido tomado em conta, até porque, não existe projecto geotécnico do aterro”, sustenta, fazendo questão de salvaguardar que “o mês de Março de 2013 foi caracterizado por elevada precipitação. “Mês considerado muito chuvoso a extremamente chuvoso”, segundo o Boletim Climatológico Mensal, apresentando os dados registados naquele mês no distrito de Braga.
Conclui a comissão que a causa mais provável foi “a deficiente execução do aterro, decorrente da ausência de projecto geotécnico para o mesmo, e a utilização de materiais inadequadaos para a sua construção. Quanto às causas relacionadas com a execução do aterro em si, apenas se pode referir que a drenagem das nascentes de água existentes não foi devidamente acautelada. Quanto ao método construtivo, nomeadamente como foi ou se foi executado algum tipo de compactação do terreno, não existe qualquer informação nos documentos de licenciamento do loteamento fornecidos pela CMG”.

“É provável que a elevada pluviosidade registada, principalmente no mês de Março, tenha contribuído para despoletar o escorregamento, agravando uma situação que por si já era débil devido à deficiente execução do aterro”. A chuva alimentou as nascentes de água que por sua vez saturaram o solo em conjunto com as águas que se infiltraram superficialmente, conduzindo a uma redução da resistência mecânica do solo do aterro, que era já de si baixa. “A agua que escoou das nascentes dentro do aterro e a que se infiltra a partir da superfície provocaram a percolação descendestes que contribuíram para a instabilização do aterro”.


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