Carta de uma Enfermeira de Guimarães ao Primeiro Ministro
Uma "cidadã portuguesa orgulhosamente enfermeira" do Hospital de Guimarães escreveu um carta ao Primeiro Ministro onde dá conta da "visão da realidade da saúde" em tempo de pandemia.
"Não aceito que tenhamos de nos deslocar ao privado quando temos um sistema de saúde público para o qual todos contribuímos", refere.
Voltando ao atendimento actual nos centros de saúde, Ana Alves pergunta: desde quando um atendimento por telefone permite um bom diagnóstico?". E prossegue: "Já ouvi relatos de pedirem por telefone a uma mãe para ver se via pus na garganta do filho. Não é admissível", considerando que "os centros de saúde não podem funcionar maioritariamente por telefone". Levando em linha de conta que os médicos de família fazem acompanhamento a doentes covd que estão no domicílio, Ana Alves considera "que deveria ser possível haver a possibilidade de algumas consultas abertas presenciais por dia e algumas consultas presenciais programadas".
"É inadmissível não termos resposta adequada nos cuidados de saúde primários", escreve.
Na sua carta a enfermeira vimaranense lembra ainda que as consultas de doentes crónicos estão suspensas. "Mas deixamos de ter doentes crónicos? Ou só contam doentes seguidos em hospital?", salientando que "não deixamos de doentes de outras patologias com necessidades a precisarem de resposta aos seus problemas de saúde".
Para Ana Alves se os profissionais de saúde não chegam, apela a António Costa para que se contratem mais profissionais sendo certo que "há tantos no desemprego" para dar resposta "eficaz a todos os cidadãos" que necessitam de ajuda médica.
"Espero sinceramente que reflita sobre este meu apelo que é também um apelo em nome de todos os portugueses que merecem que olhem pela sua saúde, seja porque têm covid-19 ou porque têm outros problemas de saúde mesmo em tempo de pandemia", conclui Ana Aves a sua carta ao Primeiro Ministro.
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