VÍDEO: Covid-19 obrigou a reestruturação de serviços em cinco pisos do Hospital de Guimarães
RECURSOS mais dispersos para evitar "contaminações cruzadas"
A crise sanitária obrigou a reestruturar toda a organização do Hospital da Senhora da Oliveira, tendo sido criada uma Comissão de Acompanhamento da Covid-19, delimitando-se áreas e alterações nos diferentes pisos, ficando alguns adstritos ao acompanhamento desta patologia.
"Estamos distribuídos em cerca de cinco pisos, utilizando seis alas, com mais de 30 camas cada ala, para poder gerir com o devido espaço de segurança todos os pacientes, quer sejam Covid-19 positivos, quer sejam suspeitos e precisam de ficar aos nossos cuidados porque têm outras patologias que estão descompensadas, ficando em áreas de segurança até que se conheça se estão, de facto, positivos ou não para evitar a existência de contaminações cruzadas", explica o adjunto da Direcção Clínica, o médico Pedro Cunha.
O actual cenário, continua, "faz com que exista uma dispersão muito grande da nossa força de trabalho por um conjunto de pisos maior, tendo de, ao mesmo tempo, conseguir-se conter fluxos diferenciados para pacientes que são Covid-19 positivos, suspeitos de Covid-19 e sem a infecção".
Apesar da ameaça do vírus que exige "trabalho acrescido", mantém-se a actividade de apoio a todos os outros pacientes com outras patologias que carecem de ajuda especializada. "Mantemos completamente funcionais as nossas unidades de acidente vascular cerebral, doenças coronárias, o apoio de urgência a outras patologias, estão vários serviços a trabalhar para dar apoio a pacientes com outras doenças que surgem e são da sua especialidade. Conseguimos com esta reestruturação manter todo o apoio que já era prestado à população, no que diz respeito a situações urgentes", garante, reconhecendo que a pandemia obrigou ao aumento de "capacidade de camas ventiladas". "O Hospital tem ao seu dispor cerca de 40 ventiladores, dos quais 17 estão adstritos a esta nova área que chamamos de Unidade de Cuidados Intensivos Dedicada ao Covid-19. Temos bastante material que vai chegar, mas neste momento graças ao comportamento cívico das pessoas temos conseguido, de facto, fazer com que a procura destas unidades tenha sido adequada à realidade e esperamos em breve complementar o nosso potencial de camas ventiladas", perspectiva, ao destacar com satisfação que há 40 pacientes que "já tiveram alta e retornaram à sua vida familiar, à comunidade onde se inserem".
"É possível que as pessoas que ficam doentes, tenham acompanhamento hospitalar, melhorem e retornem à sua vida normal", afirma, aproveitando para esclarecer que "os pacientes recuperados são de todos os grupos etários, tanto pessoas entre os 40 e 50 anos e até pacientes mais jovens, como pacientes com mais de 80 anos que felizmente estão recuperados".
Referindo-se aos quadros clínicos que motivam o internamento, Pedro Cunha anota que têm sido admitidos "pacientes com doença Covid-19, que apresentam pneumonia vírica, em particular quando tem uma extensão muito significativa e implica o apoio e necessidade de oxigénio. São os casos mais frequentes. Temos depois outros pacientes que tendo infecção respiratória pelo Covid-19 por outras patologias de base estão descompensados e precisam de fazer o tratamento da doença Covid-19 e fazer a compensação dessas outras patologias que já tinham de base e estão descompensadas".
Questionado se, em algum momento, o Hospital atingiu o limite da sua capacidade de resposta, o responsável concluiu: "com a organização que fizemos no início, de uma forma muito precoce, conseguimos perceber e ter em funcionamento um número de equipamentos que necessitamos para dar resposta às solicitações. É público que há um conjunto de material que se aguarda, tal como em outros pontos do País, não somos excepção à regra, também nós aguardamos um conjunto de materiais solicitados. Há uma parte de materiais que nos foram cedidos gentilmente por um conjunto de mecenas que nos permitirão complementar esta capacidade, que é uma capacidade que ainda nos permite dar resposta às solicitações, mas que precisamos de aumentar e que esperamos a todo o momento conseguir fazê-lo com os materiais que estão a chegar".