"Omolete foi situação pontual que não se repetirá": 10 mil almoços servidos por dia nos refeitórios escolares de Guimarães
As 75 cantinas das escolas geridas pelo Município de Guimarães servem 10 mil almoços por dia. Em todas existe a figura do "provador" a quem compete verificar a conformidade dos alimentos e a elaboração de um relatório sobre os serviços prestados pela empresa contratada para fornecer as refeições.
A informação foi prestada à vereação pela vereadora responsável pela educação, na reunião do executivo vimaranense realizada esta segunda-feira.
No período antes da ordem do dia, Adelina Paula Pinto reiterou que a omolete cuja confecção e apresentação fez disparar a indignação de pais e alunos das escolas não deveria ter sido servida, alegando que foi uma "situação pontual que não se repetirá".
"A refeição não tinha problema nenhum. Em 90 por cento das escolas, não se registou qualquer anomalia, as crianças comeram e estava tudo bem. Nas escolas de maiores dimensões, o problema ocorreu e teve a ver com o tempo em que a omolete esteve no 'self', o que não serve de desculpa e não pode voltar a acontecer. A empresa tinha de saber verificar que a ementa se adequa ao tempo em que está no 'self' - porque há escolas em que os alunos não almoçam todos à mesma hora. Temos uma vigilância grande porque este é um custo muito elevado para o Município, ao qual está associado o serviço de pequeno almoço e fornecimento da fruta escolar. Fazemos um trabalho imenso relacionado com as refeições, em que procuramos estimular hábitos alimentares diferenciados, mas há crianças que recusam-se a comer sopa e legumes", afirmou a vereadora.
Após ter revelado que brevemente o Município contará com os serviços de mais uma nutricionista, Adelina Pinto sustentou que ficará assegurado um maior acompanhamento "dos serviços prestados nos 75 refeitórios". "Temos um provador que faz um relatório de atividade e vamos verificar quando os pais apresentam queixas, mas pedimos que as escolas estejam mais atentas. No 1º ciclo, há uma passagem pelo refeitório, uma maior proximidade com a cantina, nas outras já não é assim e, por isso, solicitamos acompanhamento mais preciso", acrescentou.
Referindo-se à falta de professores das AEC, a vereadora apontou que "é problema nacional", observando que "é um modelo ultrapassado". "A escola a tempo inteiro terá de ser o modelo a seguir", defendeu, observando que as actividades de enriquecimento curricular "viviam dos serviços prestados por professores desempregados, agora esse é um modelo que não existe, devido à falta de professores". "Na educação física, a situação está resolvida, mas nas artes performativas começamos a não ter capacidade de não o realizar", continuou, ao observar que é preciso incentivar e revitalizar "o brincar sem orientação". "A rede de cidades educadoras da União Europeia tem vindo a trabalhar para equipar o espaço das escolas para as crianças inventarem brincadeiras, sob orientação de animadores sócio-culturais", frisou.
Quanto ao pessoal não docente afecto às escolas, Adelina Paula Pinto sustentou que o Município ultrapassa em número de funcionários o rácio do Ministério da Educação. "Os problemas surgem quando os funcionários ficam doentes, inesperadamente não têm condições para assegurar o serviço e pelo elevado número de crianças com necessidades educativas especiais. Há cada vez mais crianças que exigem funcionário a tempo inteiro", referiu, ao precisar que há cerca de 800 assistentes operacionais ao serviço do Município, mais 40 ao abrigo dos contratos de emprego/inserção, registando-se uma média de 60 ausências. "Há uma variabilidade imensa e difícil de resolver. Os agrupamentos são incríveis na gestão do pessoal", disse.
O vereador do PSD, Ricardo Araújo, insistiu na necessidade do Município acompanhar a qualidade dos serviços prestados nos refeitórios escolares, considerando que não pode ser desvalorizado o problema gerado pela omolete servida aos alunos. "Visitei todas as escolas do Agrupamento de Briteiros e obtive um feedback positivo sobre as refeições, o que me leva a desejar que efetivamente o problema seja pontual e que não reflicta o dia-à-dia das escolas, mas não deve ser desvalorizado e exige um acompanhamento de proximidade que corrija o que tem de ser corrigido".
O representante social-democrata realçou que " porventura o rácio" de funcionários nas escolas deve ser revisto, reconhecendo que o problema "depende da dimensão da escola", estando ainda associado às baixas médicas e ao facto dos assistentes operacionais cumprirem actividades relacionados com o complemento de apoio à família e às AEC. "Têm uma sobrecarga de trabalho. Não é um problema novo e tem de ser encontrada uma forma de resolver, sendo porventura mais grave num sítio do que noutros", comentou Ricardo Araújo, após a vereadora da educação ter apresentado à vereação um enquadramento dos problemas que afectam as escolas como havia garantido o Presidente da Câmara na última reunião do Executivo realizada em Março.