Morreu Fernando Conceição: "um conciliador nato" que dedicou a vida à causa pública
O conceituado historiador, professor e polÃtico Fernando Conceição morreu esta quarta-feira. Tinha 100 anos. O velório realiza-se a partir das 18h30, em São Francisco, estando as cerimónias fúnebres marcadas, para amanhã, à s 16h00, naquela igreja da cidade de Guimarães.
Um homem multifacetado, um sábio, um conciliador nato, com uma vida cheia dedicada ao ensino e à causa pública. Assim foi traçado o seu perfil por ocasião de uma homenagem prestada no ano passado, por ocasião do seu centenário, pela Universidade do Autodidacta e da Terceira Idade (UNAGUI), instituição da qual foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Direcção.
Fernando Conceição nasceu a 18 de abril de 1923 em Braga. Licenciado em Ciências Histórico Filosóficas pela Universidade de Lisboa, em 1947, iniciando a sua carreira como professor no ano seguinte. Foi Director da Escola do Magistério Primário de Bragança e Reitor do Liceu Nacional de Guimarães (1966-1974), actual Escola Secundária Martins Sarmento, vindo posteriormente a ser Presidente do Conselho Directivo (1980-1984).
Membro da Comissão PolÃtica da Secção Concelhia e da Comissão Distrital do PSD, Fernando Conceição exerceu funções como Vereador da Cultura da Câmara de Guimarães (1968-1974) e foi eleito deputado à Assembleia de 1969 a 1974. Mais tarde, foi deputado à Assembleia da República (1985-1991), integrando a sub-comissão que elaborou a Lei de Bases do Sistema Educativo em 1986 e a Comissão Interministerial da FamÃlia em 1986. Presidiu à Comissão Permanente da Assembleia da República no Conselho Geral da UNESCO em 1987, bem como nas assembleias parlamentares do Conselho de Europa de 1988 a 1991 e da União da Europa Ocidental em 1990 e 1991 e no Conselho Nacional da Educação entre 1988 e 1991. Foi Vice-Governador do Distrito de Braga em 1994 e 1995, assim como deputado à Assembleia Municipal de Guimarães entre 1982 e 2007.
Em Guimarães, dedicou parte da sua vida a instituições como a Sociedade Martins Sarmento e Muralha - Associação de Guimarães para a Defesa do Património, o Hospital da Senhora da Oliveira ou o Vitória Sport Clube, tendo sido membro do Conselho Geral da Fundação Cidade de Guimarães.
Na cerimónia já mencionada, realizada na sede da UNAGUI, rodeado de familiares e de amigos, Fernando Conceição apresentou um livro de sua autoria intitulado "Claustros de Guimarães, Arquitectura e Simbolismo". Fez questão de expressar "o sentimento de alegria", proporcionado pelo calor do afecto, dizendo: "à medida que o tempo passa, repensamos muito na nossa atividade! Vocês contribuem para continuar a fazer qualquer coisa". "A única coisa que sei fazer é escrever e falar, é aquilo que me alimenta também, é uma maneira de comunicar com os outros", continuou, nas breves palavras, garantindo ser firme "no desejo e na ambição de continuar activo".
"Só na actividade mental ou fÃsica é que nós nos realizamos", avisou, aproveitando para felicitar aqueles que participaram na cerimónia "por me darem mais um motivo para eu continuar vivo, activo e feliz"!
"A única coisa que sei fazer é escrever e falar, é aquilo que me alimenta também, é uma maneira de comunicar com os outros"
Fernando Conceição
Fernando Conceição destacou-se pela intervenção cÃvica intervenção cÃvica, conciliando essa acção com a carreira de professor, académico e polÃtico. "A humildade sem limites" de Fernando Conceição foi mencionada, assim como a sua "rara oratória que impressionava os seus alunos pelos quais nutria uma amizade e proximidade que se prolonga e sedimenta no tempo".