Centralização da gestão dos monumentos causa desagrado em Guimarães: Maioria e Oposição convergem na defesa da descentralização
A decisão de centralizar a gestão do Paço dos Duques de Bragança, do Castelo e do Museu Alberto de Sampaio na nova empresa pública, a Museus e Monumentos de Portugal, na sequência da extinção da Direcção Geral do Património Cultural causou desagrado no seio do Executivo vimaranense. Tanto a maioria socialista como a oposição exigiram investimentos que assegurem a reabilitação daqueles bens patrimoniais.
Na última reunião da vereação, o assunto foi levantado por Ricardo Araújo, do PSD, que deu "nota negativa ao Governo" pela decisão, sustentando: "a partir deste momento é altura de reforçar a necessidade de requalificar com urgência o Paço dos Duques de Bragança e o Castelo". "Se o Governo quer ficar com a gestão tem de assumir a responsabilidade com a conservação e beneficiação dos monumentos, porque para Guimarães este é um sector fundamental", observou, lembrando o consenso existente entre as forças político-partidárias representadas no Executivo na defesa da transferência de competências para o Município.
"Estamos certos de que o Município saberia fazer bem melhor do que faz o Estado a partir de Lisboa", acrescentou, considerando que "é um passo atrás nas pretensões de Guimarães". Porém, insistiu, "se o Governo quer manter a gestão desse património na sua alçada tem de assumir com urgência o investimento na reabilitação destes equipamentos".
Na resposta, o Presidente da Câmara adiantou que já havia manifestado ao Governo a discordância com a decisão, com a salvaguarda: "não há dúvida nenhuma que o Castelo e o Paço dos Duques de Bragança devem estar no primeiro escalão dos monumentos nacionais". No entanto, Domingos Bragança frisou que o Paço dos Duques de Bragança precisa de obras que exigem "um investimento de 15 a 16 milhões de euros".
O Vereador da Cultura também interveio para informar que esteve reunido com o Ministro da Cultura, vincando o desejo do Município em assumir a gestão daqueles equipamentos. "Temos à nossa guarda um Bem classificado que é o Centro Histórico de Guimarães, temos uma equipa constituída para a gestão desse Bem e entendemos que, por essa via, e por toda a outra colaboração e apoio que tem sido concedida à gestão desses equipamentos que teríamos todas as condições para o fazer da melhor forma, sempre com o acompanhamento dos técnicos e das entidades nacionais, dada a dimensão e a importância destes equipamentos", reconheceu, ao referir que o foi expressa a disponibilidade de continuar o "histórico de trabalho conjunto de proximidade". "O sr. ministro transmitiu-me a disponibilidade para com o novo modelo de gestão abrir a porta para a co-gestão ou gestão colaborativa destes equipamentos, para corresponder ao que é a nossa expectativa. Mais do que gerir aqueles equipamentos é constituir uma gestão integrada dos diferentes equipamentos culturais da região".
"Aquilo que exploraremos ao longo dos próximos meses, dado que o modelo só entra em vigor, em Janeiro de 2024, é a abertura destas possibilidades, seja no início com algum projecto piloto, seja com a definição de um modelo colaborativo para estes equipamentos que nos permita concretizar essa ambição que Guimarães porque, de facto, os equipamentos seriam melhor geridos se estivessem nesta proximidade", disse, mostrando-se empenhado em trabalhar um modelo que permita o trabalho em rede entre os diferentes equipamentos culturais.
O responsável sublinhou que será demonstrada "a urgência das obras que tem sido sinalizada essencialmente pelo Paço dos Duques de Bragança". "Agora que os monumentos são geridos por esta empresa pública tem de haver prioridade e agilidade política para que haja intervenção mais de fundo que tem vindo a ser adiada ao longo dos anos no Paço Duques de Bragança. Entendemos que é a altura certa para a empresa pública fazer esses investimentos e executar um projecto que é ambicionado há muitos anos", concluiu.
*Notícia publicada no jornal O Comércio de Guimarães, edição de 12 de julho de 2023