Maioria e Oposição com leituras diferentes sobre fundos comunitários captados por Guimarães
A captação de fundos comunitários pelo Município de Guimarães motivou uma longa discussão na reunião do Executivo vimaranense, realizada por videoconferência, na passada segunda-feira. A Oposição considerou "preocupante a incapacidade da gestão do PS de projectar Guimarães para o seu futuro", mas o Presidente da Câmara contestou, alegando que "se há reputação que Guimarães tem e merecida é a captação excepcional que tem feito, ao longo do tempo".
No período antes da ordem do dia, Ricardo Araújo, do PSD, começou por lamentar "a perda de atractividade, de competitividade de Guimarães ao longo da última década: perda de população, de empresas, a incapacidade de atrair investimento em comparação com concelhos vizinhos, de fixar empresários locais quando têm projectos de expansão e crescimento". "Temos perdido centralidade no contexto nacional e regional, por sermos incapazes de liderar uma agenda política de crescimento e de desenvolvimento seja no quadro do Quadrilátero e da CIM do Ave", disse o Vereador, considerando que "os indicadores são implacáveis".
Para o Vereador Ricardo Araújo, "Guimarães anda a marcar passo na captação de fundos públicos comunitários", assinalando que "no contexto do Portugal 2020, foram criados mecanismos de apoio ao desenvolvimento local para apoiarem as respostas aos desafios económicos, ambientais e sociais".
O representante social-democrata, fez alusão aos dados constantes na publicação «NORTE UE Dinâmicas dos Fundos Europeus na Região – Programas Nacionais e Regionais», da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte relativa a 2020, evidenciando "duas dimensões sobre a aplicação de fundos europeus: o apoio a operações promovidas na região Norte por entidades da esfera municipal e o apoio à promoção de abordagens territoriais integradas".
"Em relação aos investimentos da esfera municipal", observou, Guimarães aparece em 8º lugar, com 28,3 milhões de euros aprovados, atrás do Porto, Matosinhos, Gaia e Braga que surge em 4º lugar. "Significa 50 por cento daquilo que Braga viu aprovado no mesmo fundo.Mas, quando analisado o que é denominado a intensidade do apoio, o fundo aprovado por habitante, Guimarães aparece no 79º lugar, num total de 86 concelhos, atrás de Barcelos, Famalicão e Braga. Quanto ao número de operações aprovadas, Guimarães aparece com 45", precisou.
No entender de Ricardo Araújo, "estes números são preocupantes porque demonstram que Guimarães teve menos projectos aprovados, menor valor de projectos aprovados, particularmente quando comparado com os municípios vizinhos".
"Guimarães está sujeita a uma inveja
enorme pela captação de fundos comunitários"
Na resposta, o Presidente da Câmara disse: "Fico triste! É uma narrativa de 'deitar abaixo' de Guimarães e não tem em conta sequer a realidade. É por questões de vantagem política. Da minha parte nunca ouvirá "deitar abaixo Guimarães"! E aproveitou para dar conta que fez um apanhado que fez sobre a evolução demográfica no Concelho, indicando que de 2014 a 2019 "houve uma quebra de população de 3 mil 358 habitantes, Braga aumentou 599, Vila Nova de Famalicão diminuiu 1787 habitantes e o Porto 4297". "Guimarães tem uma forte atractividade que está a par do Porto e que lhe falta a oferta de habitação", salientou Domingos Bragança, afirmando que fez uma pesquisa junto de algumas imobiliárias sobre o panorama concelhio. "'Estamos a vender apartamentos em planta' foi o que me disseram, e isso diz tudo, não diz!», observou.
Segundo Domingos Bragança, "ao nível do quadro europeu de investimentos, Guimarães está sujeita a uma inveja enorme pela captação de fundos comunitários. Quer na Comunidade Intermunicipal do Ave, quer no Quadrilátero Urbano... Qualquer questão com fundos europeus: Guimarães tem tudo, é sempre à frente, tira-nos todas as possibilidades".
O Autarca esclareceu que a publicação em causa diz respeito à "execução em 2020". "Podia ter referido que a segunda maior obra financiada por fundos europeus é o Teatro Jordão. A execução do Quadro Europeu só fica concluída no final de 2021. As obras da Rua D. João I, da Rua da Caldeiroa, da Rua Padre António Caldas, não entraram...Os 20 e tal milhões do supercomputador", salientoum lembrando que Guimarães ficou em segundo lugar na captação de investimento através do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano. "Se há reputação que Guimarães tem e merecida é a captação excepcional que tem feito, ao longo do tempo, dos fundos europeus; quer pelos que foram atribuídos, quer os que em parceria vamos buscar em competição com todos os outros países", concluiu.
O Vereador do PSD, Ricardo Araújo, discordou, alegando que "o discurso não é para deitar abaixo. Nós criticamos a estratégia. Estamos todos empenhados em valorizar Guimarães".
Marcações: Câmara Municipal de Guimarães