«Comédia» no Multiusos aqueceu o debate na reunião do Executivo vimaranense

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A Oposição acusou a maioria socialista de "incompetência" na gestão da pandemia da Covid-19 e desafiou o Presidente da Câmara de Guimarães a assumir a liderança efectiva do gabinete de crise para "evitar erros" e transmitir segurança à comunidade. Foram ecos da «comédia» realizada no Multiusos no passado sábado à noite, com o Presidente da Câmara a reconhecer que a imagem da enchente ali registada foi "terrível" e "destrutiva" para o trabalho que o Município está a fazer para a criação de equipas multidisciplinares de combate à Covid-19 no Concelho.

Numa sessão que foi dominada pela discussão em torno do espectáculo que juntou cerca de mil pessoas no Multiusos de Guimarães e da decisão do Município de suspender temporariamente todos os eventos culturais no Concelho, no período antes do dia, o Vereador do PSD começou por assinalar "a vontade da Autarquia em dar o exemplo", dado que "o elevado número de infecções no concelho desde meados de setembro", lembrando que a missa campal, por ocasião da Peregrinação Anual à Penha, não foi autorizada "porque importava risco considerável para a saúde pública". "Deu um sinal para as instituições", afirmou Bruno Fernandes, considerando que o espectáculo cultural realizado no passado sábado no Multiusos "rompeu com o critério que cortou a realização da missa campal na Penha". "Duas iniciativas em que o discurso não bate com a prática. Porque é que a Câmara mudou o critério? A Câmara é gerida pelas redes sociais?

Na gestão da pandemia não se pode assistir a estas mudanças de critérios e de rumo. Tem de haver coerência e liderança e o exemplo vem de cima", continuou, indicando: que a responsabilidade é do município de Guimarães", acusando de "manifesta incompetência" a gestão da resposta à pandemia, pedindo ao Presidente da Câmara para liderar o gabinete de crise "para evitar erros como os dos últimos dias".

O Presidente da Câmara reagiu: "em todo o trabalho que estamos a fazer temos tido coerência e liderança". "Queremos que os cidadãos se sintam envolvidos e co-responsáveis e que sigam sempre com as recomendações da Direcção Geral da Saúde", disse Domingos Bragança, assumindo: "o Presidente da Câmara é responsável por tudo, mas o município tem uma rede de empresas e cooperativas e cada uma tem a sua direção. Fui surpreendido com o que se tinha passado, independentemente de serem cumpridas as regras de segurança... foi uma imagem terrível e destrutiva do que estamos a fazer, após toda a pedagogia e intervenção na sociedade".

"Não faz sentido esta imagem, quando estamos a exigir equipas multidisciplinares ao Governo e a pedir às escolas e aos cidadãos a máxima cautela", prosseguiu. "Não foram as redes sociais, foi saber que esta imagem que passou não dá para perceber que há a separação e o distanciamento que queremos. Reunir mil pessoas dentro de um pavilhão não está certo... não está certo!", insistiu, reiterando que os eventos "nos espaços culturais têm as actividades suspensas até que reúna a comissão da Protecção Civil estão suspensos". "Aglomerações de mil pessoas não são admissíveis em pandemia", frisou, admitindo que "os eventos culturais poderão ser avaliados caso a caso até que a autoridade de saúde se pronuncie".
No entender de Domingos Bragança, a atividade tem de regressar "dentro das condicionantes... estudar e trabalhar ... com prudência e exigência!" "O que se passou é inconsequente e incoerente com o que tenho comunicado. "Os casos de transmissão estão a requerer que se faça o mesmo que se passou em Lisboa. Já reuni mais do que uma vez com o coordenador para a zona norte do combate à Covid-19 para a criação dessa equipa... Não foi formalizado ainda. Esta imagem de sábado à noite destruiu o trabalho reivindicando as equipas multidisciplinares, embora cumprindo as regras de saúde", afirmou.

O Vereador do PSD defendeu que o Município tem "uma responsabilidade acrescida quando planeia as actividades", ao observar que o planeamento das medidas de segurança tem de ser atempado e não "atabalhoado". Bruno Fernandes reconheceu a necessidade de regressar à actividade, mas "com um planeamento correcto". "O Vitória fez uma Assembleia Geral no mesmo dia e não gerou polémica. As fotografias que vimos permitiam percepcionar que cumpriam de uma forma rigorosa a disposição dos sócios no pavilhão", comentou.
Durante a reunião, a Vereadora da Educação garantiu que não foram identificados "surtos" nas escolas do Concelho, sendo a origem das situações de isolamento profilático em que se encontram diversas turmas oriundas do exterior.

Entretanto, ainda esta semana, será aumentada a capacidade de acolhimento da unidade de convalescença e estrutura de apoio à covid-19 criada nas instalações do Seminário do Verbo Divino.


Marcações: Multiusos, Executivo Municipal, comédia

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