Teatro Oficina: 30 anos depois

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A companhia de teatro profissional de Guimarães comemorou no passado fim-de-semana os seus 30 anos. O Teatro Oficina celebrou da melhor forma possível para uma estrutura de criação,

inscrita num território: com a
apresentação de uma nova criação, com excelentes lotações do Grande Auditório Francisca Abreu, no Centro Cultural Vila Flor (CCVF) em duas récitas, e com o encontro de tantos que fizeram parte da sua história, na pré-

apresentação de um documentário e discussão em torno do mesmo.

Há, desde logo, um ponto comum entre estes dois aspetos da comemoração: a vibração positiva em torno da casa e daquilo que significa para todos.

Esta estrutura já conheceu muitas facetas, modelos de organização e funcionamento. Chegou a ser uma companhia de teatro de carreira pelo país, com elenco permanente, com direções artísticas que encenavam e
protagonizavam, com encenadores convidados pelos diretores da casa para cada criação, chegou mesmo a passar por períodos sem encenador, sem atores ou sem novas criações, funcionando durante um período como âncora
de mapeamento e apoio à criação teatral vimaranense.

Hoje o Teatro Oficina voltou a ter características de companhia de Teatro. E para o efeito foram fundamentais todos os modelos pelos quais passou. Era impossível trabalhar num território que não se conhecesse profundamente, e
isso é devido a João Pedro Vaz. Era impossível trabalhar num espaço sem condições, sem a organização do arquivo, da biblioteca e do espólio, e isso é devido a Sara Barros Leitão. Era impossível querer ser uma companhia de
teatro e não circular com as novas criações, e isso é agora devido a Mickael de Oliveira.

Há, contudo, um lado menos visível do trabalho da Oficina e do Teatro Oficina, que se articula com toda a política cultural prosseguida ao longo da última década, de afirmação nacional e internacional de Guimarães enquanto território
de criação artística contemporânea.

Desde logo nas coproduções com a estrutura da Oficina que tantos criadores desenvolveram ao longo dos últimos anos. É seguro afirmar que a Cooperativa Cultural de Guimarães tem investido muito mais em coproduções e no apoio a criações de terceiros do que nas suas próprias. E há um efeito multiplicador nesta estratégia que desenvolve o setor cultural da região e do país.

Por outro lado, as “invisíveis” Oficinas de Teatro do Teatro Oficina (OTO) são elementos formativos na área da expressão dramática que iniciam muitos nesta arte. Abrem e fecham as suas inscrições em minutos, porque as suas 3 turmas estão sempre esgotadas a cada ano.

Ainda no apoio a novos criadores, o Teatro Oficina e a Oficina, têm acolhido residências artísticas, apoiado projetos em fase de escrita e dramaturgia, ou na encenação e montagem de novas criações, no Espaço Oficina, no CCVF, na
Fábrica ASA ou em Candoso, com condições únicas.

Se a tudo isto somarmos a vertente profissionalizante que a programação cultural do CCVF introduz – onde destaco a colaboração entre o Teatro Oficina e a programação regular e os Festivais de Gil Vicente–, a colaboração com a
Licenciatura em Teatro da Universidade do Minho – que pode e deve continuar a ser aprofundada, mas que já culminou com a criação de um Curso de Formação Especializado conjunto – ou as linhas de apoio à criação municipais,
através do IMPACTA, temos os ingredientes que fazem de Guimarães um território ímpar no panorama nacional, no que à nova criação contemporânea diz respeito.

Por tudo isto é tempo de celebrar. 30 anos de Teatro Oficina são 30 anos de criação, criadores e comunidade artística. Parabéns ao Teatro Oficina e a todos que por ele passaram ao longo destes 30 anos.


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