O ano 2022

Tal como 2020 ficará na história como o ano da pandemia, assim também 2022 ficará como o ano da guerra na Europa.

 

Neste tempo de balanço e olhando para o ano findo, poder-se-á dizer que a invasão da Ucrânia pela Rússia constituiu o acontecimento marcante do ano que influenciou decisões e criou situações novas em todo o mundo, com particular incidência no velho continente europeu que vivia em paz desde o fim da guerra no Kosovo de 1998/1999.

O dia 24 Fevereiro de 2022 passou, pois, a ser, um marco na história da Europa do século XXI. As consequências da guerra têm-se vindo a fazer sentir na vida dos europeus devido, sobretudo, à sua alta dependência do petróleo e do gás russo que permitiram, ao longo das últimas décadas, desfrutar da quantidade de energia necessária ao funcionamento da sua indústria e de fazer face aos seus consumos domésticos.

Na verdade, a Alemanha, a maior potência económica europeia e a mais atingida, após o acidente ocorrido em 2011 na central nuclear de Fukushima, na sequência do tsunami que atingiu o Japão, procedeu ao encerramento das suas centrais nucleares ficando com a produção eléctrica dependente das centrais térmicas alimentadas com o gás russo.

A Alemanha e praticamente toda a Europa Central e Europa de Leste tinham vindo a viver apoiadas no petróleo e no gás russo que lá chegava, com toda a facilidade, através das redes de pipelines.

Com as sanções económicas impostas à Rússia, não só como medida de sanção, como também forma de lhe retirar a receita de milhares de milhões de euros que sustentam a alimentação da guerra, a Europa vê-se obrigada a controlar os consumos e a recorrer ao gás liquefeito vindo dos Estados Unidos e dos países árabes, suportando custos energéticos nunca vistos.

A pandemia, com a quarentena domiciliária imposta, tinha já atingido de forma fulminante toda a cadeia de produção e logística, com especial incidência na fábrica do mundo, a China, implicando uma brutal queda de produção, assim como tinha provocado também poupanças extraordinárias, que, agravadas pela distribuição de dinheiro dado pelos estados, provocaram um fortíssimo desequilíbrio entre a oferta e a procura, os quais, acrescidos dos referidos aumentos brutais dos custos energéticos conduziram a uma inflação como há mais de 30 anos não era vista.

Depois do choque inicial do aumento do preço dos bens e serviços vem agora a crise decorrente da cura da inflação, com as consequências do aumento das taxas de juro que estão a conduzir a economia e a vida das famílias, sobretudo daquelas que têm empréstimos bancários, para situações de extrema gravidade, espalhando um espectro de crise no horizonte.

A nível nacional o ano de 2022 fica também marcado pela inesperada maioria absoluta conquistada pelo Partido Socialista nas eleições legislativas de 30 de Janeiro, assim como pela forma inconsistente como se tem manifestado, sobretudo nos últimos dias do ano, com sucessivas demissões de secretários de Estado e até mesmo de ministros, confirmando que o partido não estava mesmo preparado para receber dos portugueses este nível de confiança.

Mais grave, contudo, é a forma como entendem os governantes socialistas ser natural um conjunto de situações denunciadas pela atenta comunicação social, tais como: um secretário de estado que, antes de ser nomeado e na qualidade de presidente de Câmara, pagou 300.000 € por um pavilhão que nunca existiu; ou uma secretária de estado ser nomeada depois de receber uma indemnização milionária da TAP onde os contribuintes injectaram 3.200 milhões de euros; ou uma outra secretária de estado tomar posse com a conta bancária arrestada pela Autoridade Tributária por depósitos não justificados de 700.000 euros.

Esta indiferença relativamente a factos tão graves e atentatórios dos princípios éticos que devem reger as pessoas responsáveis pela governação é que, verdadeiramente, nos deveria a todos preocupar.

A nível local o ano fica também assinalado pela entrada ao serviço do novo sistema de transportes colectivos concelhios que deveriam significar uma verdadeira revolução na mobilidade de Guimarães.
Votos de um Bom Ano de 2023 para todos.

Guimarães, 10 de Janeiro de 2023

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