Se o pensamento é livre...
E “Je suis comme je suis
Je suis faite comme ça”
Então ... continuemos a adejar.
Com um inicial entre parênteses para repudiar espúrios acrescentos a escritos tidos por impenetráveis para alguns, provavelmente o comum das gentes (segundo rumores arribados de imprecisas vozes de fundo), como aconteceu com o anterior a este e o que, ainda e desde essas primeiras três interrogações nele incluídas, o tornaram mais inacessível, desmotivador; por o que queremos crer (acreditando no involuntário da ocorrência e desculpando-a portanto) que só a diferença de gerações, de cultura e modo de estar na vida próprios de idos que há muito se foram, podem atinar paciência para se lhes resistir e persistir a bater em pedra que já não é dura e que, por isso mesmo, não fura.
É que outras são as gerações; os tempos, as disponibilidades.
A propósito dessas disparidades e porque as memórias servem para isso mesmo, para trazer, dos confins de vivências passadas, factos, e também conceitos, que estes Y’s e Z’s, millennials, centennials ou como os queiram classificar sociologicamente, desconsideram e a que pouco dão atenção. Por isso, às vezes e sem qualquer colocação numa qualquer escala de valores (sempre relativa e par cause), vale a pena lembrar realidades que existiram e compará-las com as que vão acontecendo. Comparações que, para nós, os nascidos antes da 2ª Guerra Mundial, fazem todo o sentido e de que apercebemos as diversidades, as diferenças de considerações, entre esse ontem que conhecemos e o hoje em que vivemos.
Prosseguindo, portanto, nessa direcção e reportando-nos tão-somente ao campo cultural (não no seu sentido abrangente de todos os componentes comportamentais de cada concreto tempo social, mas no mais estrito das artes e, apenas para esta primeira anamnese, o afim do desporto; que, este, de alguma maneira, complementa aquele, como o pode sugerir a máxima de Juvenal ... mens sana in corpore sano) da nossa cidade e município, as recordações de há 70, mesmo 60, anos, são de uma então pobreza insusceptível de uma qualquer paridade ao que decorre. E mesmo com algumas realizações capazes de permanecerem saudosas, como será o caso dos concertos do Circulo de Cultura Musical, ou uma que outra peça de teatro (p. ex. : Uma abelha à chuva, do TEP), o que por aí acontecia era dirigido apenas a um estrato social circunscrito, fechado à cidade e sem qualquer alargamento, percepção, fora desses apertados limites.
Ora, depois de Abril de 74, a realidade tornou-se outra. E a amplitude dos equipamentos e actividades que hoje existem é tão desmesurada, por confronto, que, repete-se, não há uma qualquer hipótese de meças. Como isto é uma evidência que vai do conhecimento científico às bandas de garagem e ciclo prática, passando por quase todas as áreas artísticas (não só as tradicionais, como todas as outras, ditas menores, que hoje se lhe relacionam) e muitas desportivas (das competitivas às só amadoras), o panorama é duma tal riqueza de oportunidades que as possibilidades de enquadrarem tudo o que se possa almejar devem estar cobertas. Mesmo as realizações de espectáculos, exposições, conferências, palestras, festivais, jogos e toda uma basta panóplia que, do conhecimento ao entretimento, da competição ao puro exercício, ocorrem ao longo de todo o ano, numa persistência crescente, mostram uma realidade que, dantes, só nos grandes centros se encontrava.
É esta, portanto, uma verdade insofismável. E que, ainda bem e assim tem sido, não tem parado de crescer em quantidade. E em qualidade?
Crendo-se, como se crê, que a quantidade não se transmuda em qualidade, a interrogação faz todo o sentido. Até porque a circunstância do provincianismo mantêm-se. E razões objectivas ajudam à sua permanência, sabendo-se, como se sabe, que, numa sociedade de consumo, como regra, o que tem qualidade é mais dispendioso do que o corriqueiro, do que aquilo que reluz sem ser ouro. E essa diminuição de qualidade também é, nesse primeiro predicado, razão directa do número de seus consumidores efectivos (com capacidade financeira para); ou seja e no caso, extrapolando, a aproximação geográfica, a proliferação territorial, não acarreta uma qualquer melhoria de proficiência cultural. Antes pelo contrário. Ora, ainda que o atributo de qualidade seja relativo (no espaço e no tempo), o a que se vem assistindo é que, com o esfacelamento de cânones estilísticos, com a democratização que o design trouxe aos produtos fabricados e a sua expansão a todos eles, com uma aproximação deste às artes e até ao modo de as imiscuir na função utilitária, provocou-se a destruição da harmonia de agradabilidade estética apreensível que aquelas comportavam (no seu primordial papel de elevar e amenizar a vida humana através de um enriquecimento intelectual que as civilizações foram burilando e consolidando). Depois, ainda, a conjuntura de um individualismo libertário em que tudo é, segundo as deferências do mercado, permitido e, por conseguinte, uma vez que tudo é mercadoria e desde que encontre consumidor, tem cabimento e é aceite independentemente duma fundamentada apreciação valorativa.
Continuando, seguir-se-á ... mas não pode seguir-se, porque a alocução, que descambou da intencionada mera aferição de recordações, atingiu o seu limite máximo de extensão, tendo por isso de terminar. Assim e tão só, com uma esperança de ponderação sobre a interrogação acima adiantada.
Com um inicial entre parênteses para repudiar espúrios acrescentos a escritos tidos por impenetráveis para alguns, provavelmente o comum das gentes (segundo rumores arribados de imprecisas vozes de fundo), como aconteceu com o anterior a este e o que, ainda e desde essas primeiras três interrogações nele incluídas, o tornaram mais inacessível, desmotivador; por o que queremos crer (acreditando no involuntário da ocorrência e desculpando-a portanto) que só a diferença de gerações, de cultura e modo de estar na vida próprios de idos que há muito se foram, podem atinar paciência para se lhes resistir e persistir a bater em pedra que já não é dura e que, por isso mesmo, não fura.
É que outras são as gerações; os tempos, as disponibilidades.
A propósito dessas disparidades e porque as memórias servem para isso mesmo, para trazer, dos confins de vivências passadas, factos, e também conceitos, que estes Y’s e Z’s, millennials, centennials ou como os queiram classificar sociologicamente, desconsideram e a que pouco dão atenção. Por isso, às vezes e sem qualquer colocação numa qualquer escala de valores (sempre relativa e par cause), vale a pena lembrar realidades que existiram e compará-las com as que vão acontecendo. Comparações que, para nós, os nascidos antes da 2ª Guerra Mundial, fazem todo o sentido e de que apercebemos as diversidades, as diferenças de considerações, entre esse ontem que conhecemos e o hoje em que vivemos.
Prosseguindo, portanto, nessa direcção e reportando-nos tão-somente ao campo cultural (não no seu sentido abrangente de todos os componentes comportamentais de cada concreto tempo social, mas no mais estrito das artes e, apenas para esta primeira anamnese, o afim do desporto; que, este, de alguma maneira, complementa aquele, como o pode sugerir a máxima de Juvenal ... mens sana in corpore sano) da nossa cidade e município, as recordações de há 70, mesmo 60, anos, são de uma então pobreza insusceptível de uma qualquer paridade ao que decorre. E mesmo com algumas realizações capazes de permanecerem saudosas, como será o caso dos concertos do Circulo de Cultura Musical, ou uma que outra peça de teatro (p. ex. : Uma abelha à chuva, do TEP), o que por aí acontecia era dirigido apenas a um estrato social circunscrito, fechado à cidade e sem qualquer alargamento, percepção, fora desses apertados limites.
Ora, depois de Abril de 74, a realidade tornou-se outra. E a amplitude dos equipamentos e actividades que hoje existem é tão desmesurada, por confronto, que, repete-se, não há uma qualquer hipótese de meças. Como isto é uma evidência que vai do conhecimento científico às bandas de garagem e ciclo prática, passando por quase todas as áreas artísticas (não só as tradicionais, como todas as outras, ditas menores, que hoje se lhe relacionam) e muitas desportivas (das competitivas às só amadoras), o panorama é duma tal riqueza de oportunidades que as possibilidades de enquadrarem tudo o que se possa almejar devem estar cobertas. Mesmo as realizações de espectáculos, exposições, conferências, palestras, festivais, jogos e toda uma basta panóplia que, do conhecimento ao entretimento, da competição ao puro exercício, ocorrem ao longo de todo o ano, numa persistência crescente, mostram uma realidade que, dantes, só nos grandes centros se encontrava.
É esta, portanto, uma verdade insofismável. E que, ainda bem e assim tem sido, não tem parado de crescer em quantidade. E em qualidade?
Crendo-se, como se crê, que a quantidade não se transmuda em qualidade, a interrogação faz todo o sentido. Até porque a circunstância do provincianismo mantêm-se. E razões objectivas ajudam à sua permanência, sabendo-se, como se sabe, que, numa sociedade de consumo, como regra, o que tem qualidade é mais dispendioso do que o corriqueiro, do que aquilo que reluz sem ser ouro. E essa diminuição de qualidade também é, nesse primeiro predicado, razão directa do número de seus consumidores efectivos (com capacidade financeira para); ou seja e no caso, extrapolando, a aproximação geográfica, a proliferação territorial, não acarreta uma qualquer melhoria de proficiência cultural. Antes pelo contrário. Ora, ainda que o atributo de qualidade seja relativo (no espaço e no tempo), o a que se vem assistindo é que, com o esfacelamento de cânones estilísticos, com a democratização que o design trouxe aos produtos fabricados e a sua expansão a todos eles, com uma aproximação deste às artes e até ao modo de as imiscuir na função utilitária, provocou-se a destruição da harmonia de agradabilidade estética apreensível que aquelas comportavam (no seu primordial papel de elevar e amenizar a vida humana através de um enriquecimento intelectual que as civilizações foram burilando e consolidando). Depois, ainda, a conjuntura de um individualismo libertário em que tudo é, segundo as deferências do mercado, permitido e, por conseguinte, uma vez que tudo é mercadoria e desde que encontre consumidor, tem cabimento e é aceite independentemente duma fundamentada apreciação valorativa.
Continuando, seguir-se-á ... mas não pode seguir-se, porque a alocução, que descambou da intencionada mera aferição de recordações, atingiu o seu limite máximo de extensão, tendo por isso de terminar. Assim e tão só, com uma esperança de ponderação sobre a interrogação acima adiantada.
Óscar Jordão Pires
Fundevila, 24 de Abril de 2019
Fundevila, 24 de Abril de 2019