Ano lectivo 2024-2025: 18 mil alunos vão frequentar estabelecimentos de ensino de Guimarães

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O ano lectivo 2024-2025 está prestes a começar e o Município de Guimarães já está a envidar esforços para responder ao aumento do número de alunos registado no ensino pré-escolar. Seguindo a tendência do ano passado, cinco novas salas vão reforçar a capacidade do parque escolar, surgindo nas escolas EB 1 existentes nas freguesias de Gondar, Nespereira, Prazins Santo Tirso, Atães e São Torcato.

A Vereadora da Educação reconheceu "uma crescente pressão", devendo o Concelho atingir os dois mil alunos a frequentar este nível de ensino na rede pública. "Temos uma sobrecarga enorme sobre os jardins de infância públicos. No ano passado, abrimos 11 salas novas do pré-escolar, ficamos com 1.861 alunos a frequentar os jardins da escola pública; este ano vamos abrir mais cinco salas de pré-escolar. É a disponibilidade que temos, existindo escolas na área da Cidade com listas de espera de alunos que pretendem ser ali colocados que nos preocupam", apontou Adelina Paula Pinto, ao dar conta do trabalho que está a ser feito com o Ministério da Educação e com o Ministério da Solidariedade, do Trabalho e da Segurança Social para que surjam respostas para as crianças dos 0-6 anos "quer seja na rede pública, quer seja na rede solidária". "Estamos a mapear os alunos que não têm colocação assegurada na rede pública, ainda temos alguns lugares em estabelecimentos que estão muito afastados das áreas de residência e compreende-se que não sejam soluções convenientes para os pais", indicou, insistindo que "os dois ministérios estão a tentar encontrar soluções para que as todas as crianças tenham um lugar e vejam garantido o direito de acesso ao ensino pré-escolar". 

Ao prever que "a situação vai prolongar-se nos próximos anos" e terão de ser encontradas soluções, Adelina Paula Pinto faz questão de assinalar: "todos os estudos nos mostram que as aprendizagens dos 0-6 anos são fundamentais e as crianças devem frequentar o ensino pré-escolar". "Com a gratuitidade das creches, o Governo e os Municípios terão de encontrar soluções capazes de responder às necessidades das crianças, mantendo as IPSS, porque essas instituições não podem ser descartadas, tendo de ser feito um alinhamento entre o jardim de infância da escola pública, o privado ou da IPSS, garantindo que todos os alunos têm acesso ao ensino pré-escolar", vincou, ao estimar que, no ano lectivo 2024-2025, dois mil alunos estejam a frequentar o pré-escolar, "o que representa uma maior exigência porque são precisos mais funcionários e definição de um calendário de actividades no âmbito do apoio à família". 

Embora exista uma elevada procura nos estabelecimentos de ensino da área urbana, a Vereadora da Educação salientou que "no contexto urbano, não temos espaços que consigamos colocar mais salas de pré-escolar, por isso, não conseguimos dar resposta". 

Referindo-se ao panorama do 1º ciclo, as escolas urbanas continuam a registar maior pressão, mantendo-se a tendência do ano passado. O mesmo se verifica nos estabelecimentos de 2º e 3º ciclos e nas escolas secundárias. "Vamos ter cerca de 18 mil alunos nas escolas do Concelho. O ano lectivo 2023-2024 terminou com 17 mil 941 alunos, mas foi um ano dinâmico por causa dos alunos migrantes - mais de mil alunos são de outras nacionalidades - o que faz com que estejam a mudar os números das escolas constantemente", frisou.

EB1/JI Agostinho da Silva, em Abação reabre renovada 

As obras de requalificação da Escola EB1/JI Agostinho da Silva, em Abação, estão a ficar concluídas, permitindo a reabertura no próximo mês de Setembro. "Foi efectuada uma grande intervenção e os alunos vão poder regressar ao edifício com todas as condições, num ambiente mais acolhedor e funcional", sublinhou a Vereadora da Educação. 

As obras de renovação da E.B. 2,3 de São Torcato terminarão durante o próximo ano lectivo, mantendo-se por enquanto o funcionamento transitório com a ocupação do edifício do antigo Colégio Egas Moniz. 

Questionada sobre as futuras intervenções previstas para o parque escolar, Adelina Paula Pinto adiantou que está a ser elaborado o projecto para a requalificação da EB 1 da Cruz da Argola, porque "há uma pressão enorme sobre aquele território devido ao grande crescimento habitacional", assim como está agendada para breve a obra de remodelação da EB 1 de Souto Santa Maria.

"Prevemos a realização de algumas obras para aumentar a capacidade na EB 1 de Oliveira do Castelo, assim como na EB 1 da Charneca, nas Caldas das Taipas, onde há sempre uma pressão enorme com possibilidade de crescimento", continuou, ao precisar que estão a decorrer as obras na EB1 de Vieite, em Sande São Clemente, "por força da queda de um muro".

"Um pouco por todo o Concelho estamos a tentar melhorar o parque escolar porque ele é grande", observou, ao salientar que estão já em fase de elaboração os projectos para as obras de requalificação da Escola EB 2, 3/S Santos Simões e EB 2, 3 de Pevidém, decorrendo ainda negociações para uma intervenção de fundo na EB 2, 3 Afonso Henriques. "Queremos que este estabelecimento de ensino integre a lista das escolas que precisam de obras, porque esta como a de Pevidém já têm mais de 40 anos e precisam de obras muito grandes", frisou.

Projecto educativo com novos desafios

Quanto ao projecto educativo para o ano lectivo que se avizinha, a Vereadora da Educação aponta três áreas prioritárias: a promoção da inclusão em resultado da multiculturalidade, a utilização do recreio como espaço de liberdade para os alunos e  'trabalhar' as emoções.  

"A multiculturalidade veio para ficar nas nossas escolas e temos de conseguir apresentar respostas adequadas. Há uma necessidade de que as crianças que chegam de outros países e contextos culturais tenham condições para domínio da língua portuguesa. Temos de ser capazes de forma mais facilitadora que as crianças consigam verdadeiramente o domínio da língua, porque essa é a chave para a inclusão", afirmou, ao referir o investimento em projectos de ensino informal na tentativa de que a facilitação da língua seja uma realidade, por exemplo, através do ensino da música. "Sabemos que é um grande esforço para as escolas. A heterogeneidade que temos, com alunos de 40 nacionalidades, com vários tipos de linguagem, obriga as escolas a um esforço hercúleo. É um esforço muito grande que as escolas estão a fazer. Mas, temos de ser inclusivos, num país democrático, no século XXI, temos de incluir, receber os mais vulneráveis e garantir que têm as mesmas condições que têm as nossas crianças. É isso que reforça a nossa cidadania, porque ao integrar as crianças os seus pais também se vão sentir acolhidos pela comunidade", acrescentou.

Referindo-se à importância do "recreio ser um espaço de liberdade", Adelina Paula Pinto manifestou o desejo de promover a autonomia das crianças. "Vamos ter de trabalhar o recreio com o pré-escolar e com o 1º ciclo e nos ciclos seguintes, associado ao problema dos ecrãs. Já não vivemos sem ecrãs e temos de saber viver com eles. Há boas práticas em algumas escolas e outras que poderão surgir", assumiu, considerando que este nível de actuação cruza-se também com o terceiro vector do projecto educativo: 'trabalhar' as emoções e o relacionamento interpessoal com os alunos. "Ao fazê-lo, vamos interferir com questões como o namoro, a identidade de género, a sexualidade, a amizade, num quadro que envolverá uma articulação com outras entidades, nomeadamente com a Unidade Local de Saúde e com a Comunidade Intermunicipal do Ave. Vamos ter o projecto UBUNTU que trabalha as emoções, o relacionamento interpessoal, a facilidade dos alunos colocarem cá fora o que sentem. Temos as aprendizagens essenciais dos nossos alunos, mas também temos de olhar para o ser, para cada criança, enquanto ser em construção e intervir no sentido de como é que seremos capazes de ajudar a ser ainda melhores", explicou.

*Texto publicado na edição de 28 de agosto de 2024 do jornal O Comércio de Guimarães.

Marcações: ano lectivo 2024-2025

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