Ensino do português facilita encontro de culturas no Agrupamento Francisco de Holanda

images/2021/ensino_portugues_guimaraes.jpg

Há um encontro de culturas nos cursos de Português Língua de Acolhimento. Esta oferta formativa do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda conta com a presença de alunos de diferentes nacionalidades e contextos sociais. Há representantes de El Salvador ao Irão, passando pelo México, Colômbia e pela Ucrânia. Têm em comum a necessidade de comunicar em português, aceitando a oferta formativa que permite a certificação com níveis de domínio da língua necessários para o cumprimento dos requisitos para a obtenção de nacionalidade ou títulos de residência de longa duração.

Na passada quinta-feira, a entrega dos certificados constituiu um momento festivo, contido devido às restrições da pandemia da Covid-19, mas repleto de simbolismo e de afecto pela conquista que a obtenção do documento representa. "Vamos falar em português, devagar e pouco", afirmou a Directora do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda, na abertura da sessão, sublinhando a importância deste projecto de ensino para a comunidade educativa. "É um processo de aprendizagem que demonstra que a escola é mais, muito mais do que a componente académica pura e dura destinada aos jovens. Este projecto abraça a comunidade para tornar a sociedade mais pacífica e mais humana", sublinhou Rosalina Pinheiro, explicando que este processo "para além da gramática tradicional, do ensino das bases do português, está associado a um acolhimento social". "Há aqui um ombro para chorar, porque muitos dos formandos trazem estórias de vida muito complexas e complicadas, muitos deixam parte da família noutros países. Nós damos um ombro para chorar e isso implica disposição até emocional de acolhimento, mas procuramos também ajudar no acolhimento e na inclusão. Há problemas sérios: o emprego, a habitação, a subsistência diária... E com parcerias como a Fraterna, a Delegação da Cruz Vermelha, o Guimarães Acolhe, tentamos ajudá-los a encontrar soluções", apontou a responsável, ao dar conta do programa que começou com o projecto «Português para Falantes de outras Línguas» há seis anos. "Uma das mais-valias deste programa é a possibilidade de, após a certificação dos conhecimentos, terem um visto de residência junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras", assinalou.

Em representação da Câmara de Guimarães, a Adjunta da Vereadora da Educação, Patrícia Ferreira, aproveitou para considerar que uma "comunidade só é inteira se souber acolher", considerando que este é um exemplo da importância do domínio da língua para uma melhor inclusão, associado à "linguagem universal dos afectos". "A abertura ao mundo está à nossa porta e temos de fazer o que está ao nosso alcance para que as pessoas que escolheram Guimarães por diversas circunstâncias sintam que têm um espaço de conforto, fazendo com que eles se sintam integrados partilhando a nossa língua, porque comunicar é fazer parte", advertiu Patrícia Ferreira, defendendo a necessidade de cada um de nós "abrir as fronteiras àqueles que querem fazer de Guimarães a sua casa".
O Instituto de Emprego e Formação Profissional é uma das entidades parceiras deste projecto. "Temos encaminhado formandos para este Centro Qualifica, em parceria com o Município e juntas de freguesia. A formação profissional por via da integração da língua é muito importante para a qualificação e obtenção de um melhor emprego", declarou Helena Chaves, considerando que o domínio da língua é uma oportunidade para os migrantes "tornarem-se melhores cidadãos e melhores vimaranenses". "Não podemos olhar a integração só pela via económica, dos subsídios, mas sim pela questão social e cultural. No emprego e nas empresas, temos tido bastante abertura e temos conseguido integrações profissionais até porque existem políticas activas de emprego que incentivam a contratação de estrangeiros e refugiados", esclareceu.

Maria Manuel Pinto, Coordenadora do Centro Qualifica, revelou que a certificação "é uma porta que se abre na integração". "Receberem o certificado é um momento que traduz um conjunto de conquistas, porque o domínio da língua facilita a integração e o recomeço da vida", alegou, sustentando que a cerimónia revela "o respeito por aqueles que depositam esperança no nosso País".

No final da entrega dos certificados, foi inaugurada de uma exposição de fotografia do formando Peter Longhrey.

Marcações: inclusão, Agrupamento Francisco de Holanda, Português Língua de Acolhimento, integração, migrantes

Imprimir Email