Ensino do português facilita encontro de culturas no Agrupamento Francisco de Holanda
Há um encontro de culturas nos cursos de Português Língua de Acolhimento. Esta oferta formativa do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda conta com a presença de alunos de diferentes nacionalidades e contextos sociais. Há representantes de El Salvador ao Irão, passando pelo México, Colômbia e pela Ucrânia. Têm em comum a necessidade de comunicar em português, aceitando a oferta formativa que permite a certificação com níveis de domínio da língua necessários para o cumprimento dos requisitos para a obtenção de nacionalidade ou títulos de residência de longa duração.
Na passada quinta-feira, a entrega dos certificados constituiu um momento festivo, contido devido às restrições da pandemia da Covid-19, mas repleto de simbolismo e de afecto pela conquista que a obtenção do documento representa. "Vamos falar em português, devagar e pouco", afirmou a Directora do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda, na abertura da sessão, sublinhando a importância deste projecto de ensino para a comunidade educativa. "É um processo de aprendizagem que demonstra que a escola é mais, muito mais do que a componente académica pura e dura destinada aos jovens. Este projecto abraça a comunidade para tornar a sociedade mais pacífica e mais humana", sublinhou Rosalina Pinheiro, explicando que este processo "para além da gramática tradicional, do ensino das bases do português, está associado a um acolhimento social". "Há aqui um ombro para chorar, porque muitos dos formandos trazem estórias de vida muito complexas e complicadas, muitos deixam parte da família noutros países. Nós damos um ombro para chorar e isso implica disposição até emocional de acolhimento, mas procuramos também ajudar no acolhimento e na inclusão. Há problemas sérios: o emprego, a habitação, a subsistência diária... E com parcerias como a Fraterna, a Delegação da Cruz Vermelha, o Guimarães Acolhe, tentamos ajudá-los a encontrar soluções", apontou a responsável, ao dar conta do programa que começou com o projecto «Português para Falantes de outras Línguas» há seis anos. "Uma das mais-valias deste programa é a possibilidade de, após a certificação dos conhecimentos, terem um visto de residência junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras", assinalou.
Em representação da Câmara de Guimarães, a Adjunta da Vereadora da Educação, Patrícia Ferreira, aproveitou para considerar que uma "comunidade só é inteira se souber acolher", considerando que este é um exemplo da importância do domínio da língua para uma melhor inclusão, associado à "linguagem universal dos afectos". "A abertura ao mundo está à nossa porta e temos de fazer o que está ao nosso alcance para que as pessoas que escolheram Guimarães por diversas circunstâncias sintam que têm um espaço de conforto, fazendo com que eles se sintam integrados partilhando a nossa língua, porque comunicar é fazer parte", advertiu Patrícia Ferreira, defendendo a necessidade de cada um de nós "abrir as fronteiras àqueles que querem fazer de Guimarães a sua casa".
O Instituto de Emprego e Formação Profissional é uma das entidades parceiras deste projecto. "Temos encaminhado formandos para este Centro Qualifica, em parceria com o Município e juntas de freguesia. A formação profissional por via da integração da língua é muito importante para a qualificação e obtenção de um melhor emprego", declarou Helena Chaves, considerando que o domínio da língua é uma oportunidade para os migrantes "tornarem-se melhores cidadãos e melhores vimaranenses". "Não podemos olhar a integração só pela via económica, dos subsídios, mas sim pela questão social e cultural. No emprego e nas empresas, temos tido bastante abertura e temos conseguido integrações profissionais até porque existem políticas activas de emprego que incentivam a contratação de estrangeiros e refugiados", esclareceu.
Maria Manuel Pinto, Coordenadora do Centro Qualifica, revelou que a certificação "é uma porta que se abre na integração". "Receberem o certificado é um momento que traduz um conjunto de conquistas, porque o domínio da língua facilita a integração e o recomeço da vida", alegou, sustentando que a cerimónia revela "o respeito por aqueles que depositam esperança no nosso País".
No final da entrega dos certificados, foi inaugurada de uma exposição de fotografia do formando Peter Longhrey.
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