Eleições Vitória | Luís Cirilo apresentou programa com duras críticas a António Miguel Cardoso: "Não se escondam, não fujam aos sócios"
Ladeado dos associados que o acompanham na Lista A, Luís Cirilo debruçou-se sobre um programa que versa as áreas financeira, futebol profissional, modalidades, associativa, patrimonial a marketing e comunicação.
Contudo, a conferência de imprensa ficou marcada pelo facto de à mesma hora a Direção de António Miguel Cardoso ter revelado as contas consolidadas do clube e da SAD, a 31 de Dezembro de 2024. Esse foi, aliás, o rastilho para muitas das críticas de Luís Cirilo ao presidente vitoriano, que lidera a Lista B.
“Quando formalizamos a candidatura, de imediato entregamos uma carta com a lista dos documentos que pretendíamos obter da Direção do clube, como é legítimo. Passados 19 dias continuamos sem ter as informações que pedimos, rigorosamente nenhuma. Na semana passada houve uma reunião no Vitória em que estiveram dois vice-presidentes do clube e os nossos representantes, que durou seis horas. No final das seis horas a candidatura da Lista A veio com uma mão cheia de nada. Não nos deram as explicações pedidas. Há pouco tempo, o presidente disse que o período eleitoral provoca instabilidade na relação com a VSports. Um dos vice-presidentes disse que nem se percebia porque nós nos candidatávamos porque estão a trabalhar tão bem. Esta é a doutrina do António Miguel Cardoso, faz-me lembrar a doutrina de outro António, que também achava que as eleições causavam instabilidade. Só que esse António não era da Foz, mas sim de Santa Comba Dão. É uma mentalidade que não tem nada a ver com o Vitória que queremos e defendemos”, acusou Luís Cirilo, que deu conta que a sua candidatura não recebeu qualquer informação financeira da Direção do clube.
O candidato da Lista A prosseguiu: “Há três anos, António Miguel Cardoso prometeu uma auditoria, inclusive das suas contas. Nem um balancete nos deu. Porque é que não fez? Do que é que tem medo? Esta falta de transparência, outra promessa não cumprida, tem de pesar nos vitorianos na hora de decidirem.”
Confessando-se “profundamente preocupado com a situação desportiva e financeira”, Luís Cirilo defendeu que o Vitória “tem números extremamente preocupantes. Não gostaria de ver os sócios confrontados com um encostar à parede. Se continuarem neste caminho, há o risco de ser-nos dito que temos de vender a maioria do capital social ou então o Vitória não tem viabilidade financeira. Nesse dia, encostados à parede, podemos ter de optar por isso e dizemos adeus ao Vitória que conhecemos há 102 anos”.
Confrontado com o facto do clube ter divulgado esta terça-feira os últimos dados financeiros da SAD, que reportam a 31 de Dezembro do ano passado, Luís Cirilo lamentou que a Lista A não tivesse recebido qualquer informação oficial. “A falta de respeito continua”, lamentou, partindo para nova ronda de acusações: “Fiquei com a sensação que o António Miguel Cardoso estava a confundir as eleições para os Órgãos Sociais do Vitória com umas eleições para uma qualquer associação de estudantes. Um presidente do Vitória não dá entrevistas a falar do facebook, isso é um comportamento mais de adolescentes. Este é mais um comportamento de adolescente das pessoas que estão no Vitória porque publicaram os dados sem nos terem informado. Não vamos fazer comentários ligeiros sobre documentos que acabam de aparecer. Instamos a atual Direção e a Lista B a deixarem de ter comportamentos adolescentes e a comparecerem a todos os debates. Não se escondam, não fujam dos sócios, vão às freguesias onde foram pedir votos há três anos. Fazer uma campanha eleitoral é ter respeito pelo Vitória.”
Luís Cirilo prometeu “uma auditoria a sério às contas” se for eleito a 1 de Março, até porque defende que “há muita coisa que tem de ser explicada”, apontando mais um exemplo: “Não é normal que quem anda a emprestar dinheiro ao Vitória seja quem vende jogadores ao Vitória. A sociedade detentora do Casa Pia fez um empréstimo ao Vitória, agora o Casa Pia vendeu um jogador ao Vitória no valor de 3 milhões de euros. É um jogador para uma posição que não necessitava, se calhar podia ter investido num ponta-de-lança. Não me parece que o Vitória nesta situação financeira se possa dar ao luxo de comprar um trinco por 3 milhões de euros. É um negócio muito arriscado. E não deixa de ser curioso que a sociedade que tem a maior parte do capital da SAD do Casa Pia seja a que emprestou dinheiro ao Vitória, com 11 por cento de juros. Não são juros, é usura. Não é normal nós financiar-nos com o principal detentor de um adversário.”
Por seu turno, a candidata a vice-presidente da área financeira, Cristina Cepa, elencou as medidas a cumprir para estabilizar as contas do Vitória. Entre várias iniciativas, anunciou que "estaremos já em condições para obter novas parcerias, novos financiadores com taxas mais vantajosas, parceiros nacionais para as infraestruturas (estamos já em conversações), e um parceiro forte, mas minoritário, que nos permita alavancar o negócio. Num primeiro contacto falaremos com a VSports mas temos já um outro parceiro internacional, que aceita ser minoritário para o negócio do futebol. Vamos promover a entrada de capital novo na SAD, sem que o Clube deixe de ser titular de pelo menos 51% do Capital Social. (...) Nas transações de saldo positivo líquido, pelo menos uma percentagem nunca inferior a 10%, será utilizada para abater ao passivo, sem pôr em causa a competitividade das equipas. No fim do mandato será mandatório ter um passivo muito inferior ao inicial, restruturado a prazos aceitáveis, e ajustado à libertação de meios, normal para esta atividade, para que o Clube não esteja asfixiado e possa negociar livremente sem pressão dos credores. (...) Para os sócios do Clube será promovida uma subscrição especial de capital, que lhes permita tornarem-se acionistas da SAD e participar ativamente nas Assembleias Gerais de Acionistas. Por último, e apenas se for necessário, face à precária situação financeira do Clube, negociaremos o nome do Estádio com uma marca de reconhecido prestígio, mas mantendo sempre a expressão 'Dom Afonso Henriques'."
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