Direcção do Xico Andebol vai convocar reunião do Conselho Consultivo para debater futuro do clube e admite abdicar da promoção à Divisão de Honra

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A Direcção do Xico Andebol vai convocar uma reunião do Conselho Consultivo para debater o futuro do clube.
O presidente do emblema vimaranense, Mauro Fernandes, assume que o clube poderá ser forçado a abdicar da subida à Divisão de Honra, face às limitações financeiras que resultam da falta de apoios.

Quais os motivos que levam a Direcção do Xico Andebol a assumir a possibilidade de abdicar do direito desportivo de disputar a nova Divisão de Honra?: “Prende-se com a falta de apoios por parte da sociedade civil e do Município, mas também ao compromisso de não endividar o clube e não colocar em causa o projecto desportivo, a formação, não criar endividamento ou más relações com fornecedores. Não devemos um euro a ninguém, queremos continuar esse percurso. Constatamos que não temos orçamento para esta divisão, mas o que mais nos incomoda é estarmos a fazer o que nos pedem ao mais alto nível, como a promoção da actividade física e da igualdade de género, e depois temos cortes completamente injustificados, como já foi público. A verba para eventos duplicou, mas o Xico Andebol teve um corte de 60% apesar de ter sido o projecto do ano para o IPDJ. Temos de nos ajustar à realidade, a ideia que fica é que Guimarães não quer que o Xico Andebol faça este trabalho de qualidade. Parece que estamos a incomodar a sociedade vimaranense e alguns poderes. Estou a ser o mais contido possível...”

De que forma o Xico Andebol pode reunir condições para disputar a nova Divisão de Honra?: “Haverá sempre essa possibilidade de remediar e resolver mediante a falta de respostas. Para uma época destas, por baixo, precisamos de 60 a 70 mil euros porque temos de percorrer o país todo. Obviamente que se me disserem que temos o dinheiro, temos até a obrigação de fazer esta divisão. Mas, para o ano nós, ou outro clube em Guimarães, irá enfrentar o mesmo problema porque não há um critério para atribuição de verbas de apoio. Temos de saber o que podemos fazer para garantir os apoios, ajustando os projectos. Neste momento, isto é aleatório. É tão aleatório que sofremos um corte de 60% apesar de termos feito tudo bem. Enquanto gestor do clube não consigo fazer um planeamento a dois ou três anos face a esta imprevisibilidade. Embora impere o silêncio em Guimarães, esta é uma crítica geral porque o mérito desportivo não é tido em conta.”

Há um timing para tomar a decisão final?: “A próxima época está planeada, à excepção deste problema. Os colaboradores do Xico Andebol têm contrato de trabalho, que devem ser renovados. A Federação de Andebol de Portugal ainda não elucidou sobre qual é o custo desta divisão. Esperamos uma resposta. Há um papel importante da Federação de Andebol de Portugal. Depois dos jogos dos play-offs e apuramentos de quem sobe vamos ter de tomar decisões”.

Nessa planificação que já está feita qual é o papel reservado ao treinador Pedro Correia?: “O Pedro Correia, como todos os actuais colaboradores, tem um lugar para continuar no projecto. Isso é claro porque se há mérito desta equipa é com as pessoas que cá estão. O que pedi ao Pedro, como à equipa que escolhi em todos os sectores, foi que trabalhássemos de forma quase 'obcecada' a ter estes resultados. Não podem ser as pessoas que dão tudo, que constroem o futuro, que conquistam sucessos que devem ser sacrificadas por erros estratégicos. Quanto muito, apresento a demissão, como a restante Direcção”.

Aproxima-se um acto eleitoral. Tem a intenção de se recandidatar a um novo mandato?: “Não é possível gerir este projecto, que neste momento considero estar no caminho certo, sem meios adequados. É possível reajustar. Esta Direcção está numa posição difícil. Temos consciência que se sairmos agora abandonamos numa fase crítica, se continuarmos corremos o risco de por o projecto em causa pelo seu sub-financiamento. Numa terceira opção, continuamos abdicando da subida, o que pode criar instabilidade interna porque se castiga o méritos dos atletas. Os três cenários são complexos, se alguém quer fazer mal ao Xico Andebol acertou na mouche. Se foi involuntário não podia ser melhor porque este é um ataque muito grave ao Xico Andebol, directo, está identificado de onde vem. Se é por erro ou actos involuntários, não sei. Está identificado onde está o problema e de onde vem a falta de apoio, da sociedade vimaranense em geral, que não temos como responsabilizar, mas também do apoio púbico. O apoio público não pode penalizar quem faz mais, não pode conceder 25 mil euros quando essa verba não chega para pagar a factura da energia. Não é justo fazer refectir estes custos sobre os paiss, que atravessam um momento de crise, como nós, que previsivelmente vai piorar. O Xico Andebol é um clube popular e acessível, não devemos caminhar para o elitismo porque temos um papel social a cumprir. Basicamente, estamos encurralados e temos muito pouco tempo para nos decidirmos sobre mau destas três opções".


Marcações: Mauro Fernandes, Clube Desportivo Xico Andebol

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