Conselho Fiscal emite parecer favorável à entrada do Fundo V Sports no Vitória: "É uma entidade com músculo financeiro capaz de alavancar e potenciar o valor da SAD"

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O Conselho Fiscal do Vitória emitiu um parecer favorável, por unanimidade, à proposta de venda de 46% das ações ao Fundo V Sports, que será votada em Assembleia Geral Extraordinária na próxima sexta-feira.

“Os membros do Conselho Fiscal declaram, na qualidade e no âmbito das funções que lhes competem, que, de acordo com o seu conhecimento e, tendo por base as informações a que tiveram acesso nesta qualidade e no exercício das suas funções, na data de 1 de Março, emitir, por unanimidade, um parecer favorável à venda das 414.000 ações da categoria B da Vitória SC Futebol SAD, detidas pelo Vitória SC à V. Sports, participação essa que equivale a 46% da SAD”, pode ler-se no documento revelado ao início da tarde desta quarta-feira. O órgão liderado por Ricardo Martins Lobo, e composto ainda por Rui Rodrigues, Fernando Pinto, João Freitas e Paula Machado, assume que “a entrada do novo parceiro no capital social da Vitória SC Futebol SAD implicará uma maior exigência e uma maior responsabilização deste órgão fiscalizador. É para nós um compromisso de honra a assunção desta nossa responsabilidade acrescida (na defesa dos interesses dos sócios), bem como a nossa total independência face à Direção.”

O Conselho Fiscal reconhece que o Fundo V Sports é “uma entidade reconhecida e credível, com experiência no mundo do desporto de alto nível, e com músculo financeiro capaz de alavancar e potenciar o valor da SAD, habituado que está a valorizar as suas participações”. Entende que o valor definido para a venda de 46% das ações “está condicionado pelo histórico de resultados negativos” da sociedade e pela sua situação patrimonial e que o donativo de dois milhões para investimento nas infraestruturas “é de relevar”. Quanto à linha de crédito, no valor de 20 milhões de euros, o Conselho Fiscal entende que “a Direção deve gerir esta linha com um enorme cuidado pelo facto de a mesma ter como garantia as ações detidas pelo Vitória. Se bem que é pouco ou nada provável que algum dia essas ações possam ser alvo de execução, dado que antes estarão como garantias os direitos televisivos (que, entretanto, serão renegociados, fruto da centralização dos mesmos) e os passes dos jogadores. Alerta também este Conselho Fiscal que já, hoje em dia, existem e existiram no passado maiores riscos, pelo facto de se ter feito uma gestão financeira e económica desastrosa que conduziram a sociedade a ter capitais próprios negativos o que, no limite, poderia ter condicionado o futuro da mesma”, pode ler-se no mesmo documento.

Já sobre o modelo de governação da SAD, o Conselho Fiscal sublinha a ideia de que “é confortável qualquer que seja o número de Administradores definidos: três, cinco ou sete”, porque o Vitória “terá sempre a maioria do Conselho de Administração, bem como a presidência desse mesmo órgão, pelo facto do clube ser detentor das ações da categoria A”. “Entende também que o facto do Vitória SC deter direito de veto sobre as escolhas dos outros Administradores permite tranquilizar os sócios acerca das futuras decisões que possam vir a ser feitas. Se bem que entende o CF que o normal é o parceiro escolher gestores com enorme experiência ao nível do futebol e da gestão moderna”, acrescenta.

No diagnóstico da situação patrimonial da Vitória Sport Cube – Futebol SAD, o Conselho Fiscal indica que o passivo era de 52 milhões de euros a 30 de Junho de 2022, com um capital próprio negativo de 17 milhões e 500 mil euros. Dois anos antes, o passivo era de 23 milhões e 400 mil euros. A evolução negativa do passivo ficou a dever-se a quase 22 milhões de euros de prejuízos acumulados ao longo de quase dois anos, situação que “gera naturalmente, a nível de tesouraria, um enorme esforço e estrangulamento, o que provoca simultaneamente um aumento muito grande nos custos de financiamentos e uma enorme pressão e poder por parte dos credores. Tal deve naturalmente gerar uma enorme preocupação junto dos sócios do Vitória”, alerta o Conselho Fiscal.

A “fotografia” da situação da SAD a 30 de Junho de 2022 revela “um retrato de uma realidade que condiciona, e muito, a gestão da Administração. Um passado pesado e um dia a dia condicionado por receitas já adiantadas pela anterior Administração.”


Marcações: Vitória Sport Clube

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