Rui Vitória reflectiu sobre futuro do Vitória: "Os adeptos querem ganhar sempre... mas se calhar têm de ceder em alguma coisa"
“A visão que eu tenho dos vitorianos e dos vimaranenses é que não querem muito saber do que se passa lá fora, porque são felizes na sua cidade, onde têm tudo. Mas isto retira um bocadinho de abrir mundo para o que se passa à nossa volta”, começou por notar Rui Vitória.
“Os adeptos do Vitória querem ganhar sempre... mas se calhar têm de ceder em alguma coisa. Temos todos de pensar num ano 0 ou num ano -1, mas com uma coisa estruturada. Não é por acaso que ouvimos falar de ciclos a quatro anos. Se andamos sempre a dizer que temos de ganhar, que vamos ganhar...de facto, esta postura tem feito que o Vitória esteja sempre a voltar à estaca zero. Se calhar é melhor preparar isto com cabeça, por etapas. Trazendo pessoas com know how, com um bom recrutamento de jogadores e ao melhorar as instalações desportivas pode-se ter um projecto com visão. Com visão é meio caminho andado”, acrescentou.
Rui Vitória defendeu a ideia de que “é preciso passar uma mensagem clara às pessoas, dizer-lhes o caminho que tem de ser seguido”, prosseguindo: “É muito giro estarmos aqui a celebrar a conquista de uma Taça de Portugal, mas estamos a falar de uma conquista de há nove anos, de uma Taça em cem anos do clube. É mau para o Vitória estarmos aqui a comemorar uma conquista que tem nove anos. O Vitória tem um grande potencial, há qualquer coisa que pode levar o clube para cima. Todos gostam de ganhar, mas tem de pôr o dedo na ferida, aguentar, ganhar menos vezes agora para depois se ganhar mais vezes no futuro. Tem de se falar claro às massas, dizer-lhes que se calhar não vai dar para ganhar sempre, que o plano é para daqui a dois ou três anos. Temos de arriscar, estamos há 100 anos de outra maneira e não conseguimos, se calhar vale a pena esperar mais três ou quatro e pensar as coisas com cabeça. Um dia que os adeptos combinem bem com a equipa, isto vai por aí fora. Ainda não está esta onda. Está no tempo de ter ponderação, ter visão para o futuro”.
Para o ex-treinador do Vitória é igualmente “fundamental ter boa formação. Descobrimos um produto bom, então não temos de investir mais. A fonte de receita vai ser a formação dos clubes todos. Não deem tantos milhões por jogadores e façam mais um campo relvado, um hotel para os jogadores. Ainda não se deu o devido valor à formação”.
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