Eleições Vitória: António Miguel Cardoso apresentou lista e um programa “prático e realista”
Na segunda tentativa de ser eleito para a presidência do Vitória, António Miguel Cardoso ressalvou a ideia de que se apresenta com “a mesma humildade” com que o fez em 2019 e “com a mesma esperança de poder contribuir para a mudança que o Vitória precisa e com a redobrada certeza de que me faço acompanhar por vitorianas e vitorianos que muito têm a dar ao clube”.
“Não foi por minha responsabilidade que estes três anos foram erráticos e desmoralizantes”, sublinhou o associado vitoriano, para quem o clube “precisa mudar rapidamente de rumo”. Os últimos anos têm sido penosos. Penosos, no plano financeiro, desportivo e estratégico. Não conseguimos descortinar uma estratégia, não conseguimos descortinar um rumo. Sentimos falta de liderança, falta de comunicação e sentimos um clube em perda de identidade”, acusou António Miguel Cardoso, prometendo “Mais Vitória, Mais Rigor, Mais Empenho e Mais Garra”.
Com um programa “prático e realista”, o candidato à presidência do Vitória vincou a ideia de que não apresentará “promessas que sabemos ser difíceis de cumprir”, ou “promessas que para cumprir possam hipotecar o futuro do clube”. Assim, o programa irá incidir sobre seis grandes áreas: associados e marketing, futebol profissional e formação, reestruturação financeira, modalidades, património e infraestruturas e o projeto VSC 2030.
No futebol profissional e formação o lema é “Equipa unida e forte”: “Algo que infelizmente não sentimos. Essa união e essa força tem que vir de dentro para fora e de fora para dentro. E acima de tudo da direção para as equipas técnicas e destas para os atletas. Queremos que quem vista as nossas camisolas se sinta poderoso, se sinta honrado, se sinta orgulhoso (…) Para isso vamos criar uma estrutura profissionalizada, uma estrutura capaz. O presidente e administração da SAD, o diretor desportivo, o team manager, o scouting e a coordenação da formação vão ter que ser a primeira equipa unida e forte. Esse espírito passará para os atletas, sejam eles das equipas profissionais, sejam eles das formações. E sim, uma vez mais queremos apostar no crescimento do futebol feminino. E a meritocracia será a nossa regra de ouro. Seja na avaliação de desempenho das equipas técnicas, seja nos atletas. Não queremos quantidade. Queremos mais qualidade”, afirmou António Miguel Cardoso.
Outro dos pontos fulcrais do programa é a reestruturação financeira e tem com o lema “Transparência, Idoneidade, credibilidade e Sustentabilidade”. “Foi um dos nossos pontos fortes em 2019 e mais do que nunca temos que voltar a falar deste tema. Sabemos que poderíamos prometer mundos e fundos. Mas preferimos falar verdade, ser verdadeiros, reorganizar e depois sim, podermos fazer promessas credíveis. Queremos transparência total. Daremos prova no início e no fim do mandato do estado das contas. Mas queremos mais. Queremos continuar a defender que a posição maioritária do clube na SAD é inalienável, possibilitando, no entanto, aos sócios terem acessos a ações da mesma em condições de primazia. Queremos mais rigor e mais transparência”, sublinhou o candidato.
No capítulo do património, o projecto Mais Vitória propõe-se a “criar condições de rentabilidade do estádio D. Afonso Henriques” e “analisar em parceria com a Câmara a criação de novos espaços desportivos e estudar com cuidado o processo em curso da nova academia. Queremos dar todas as condições aos sócios e aos atletas”.
O Projecto VSC 2030, sobre o lema “Respirar Vitória”, visa o futuro. É um projeto em que a responsabilidade social de um clube como o Vitória tem todo o esplendor. Queremos apostar na formação dos nossos jovens, criar o conceito da família Vitoriana. Queremos formar mulheres e homens que honrem a nossa história”.
Com vontade de “reestruturar o que está mal, aproveitar o que o nosso Vitória tem de positivo e daqui a três anos termos um Vitória diferente, que transpira verdade, António Miguel Cardoso revelou ainda porque não interveio nas últimas Assembleias Gerais. “Não falta quem fale e se sinto que não acrescento não vejo motivos para o fazer, só se forem estratégicos, o que não faz muito o meu género”. Fui sempre bem claro em relação ao caminho errático que a actual Direcão seguia. Sim, fui agente desportivo, deixei de o ser, mas nunca como principal ocupação profissional, mas em nenhum caso o exerceria como Presidente do Vitoria, e sim, tenho a certeza que me dá mais competências. Sim, sou do Vitoria desde que me lembre, sim sou portuense… e não será muito mais difícil ser do Vitoria a viver no Porto? Para mim, revela carácter, persistência e muita resiliência, pois era tão mais fácil ser de um “grande”, mas não, nós gostamos assim e continuamos a acreditar. Sim, temos soluções financeiras, mas é tão importante conhecer o estado atual das contas. Sim , em caso de ser eleito, terei que abandonar as minhas principais ocupações profissionais e estarei aqui a tempo inteiro, mas, por espírito de missão, para fazer com que o Vitória entre no rumo certo, e sim, com uma equipa que tem os mesmos valores, cheia de personalidade, competência, independência e com um vitorianismo inatingível. Precisamos de caras novas para ter resultados diferentes, estamos já fartos de tortulhices e esquemas”.
Os candidatos aos restantes Órgãos Sociais, Belmiro Pinto dos Santos (Assembleia Geral), Ricardo Lobo (Conselho Fiscal) e João Henrique Faria (Conselho de Jurisdição) também tiveram intervenções críticas para com a gestão de Miguel Pinto Lisboa. Belmiro Pinto dos Santos pediu “mais transparência”. “A Assembleia Geral deve defender os interesses dos sócios. Se formos eleitos, seremos o mais transparente, patrocinaremos o maior número de Assembleias, sempre que se justifiquem. Estaremos ao serviço da massa associativa do Vitória e não da Direção do Vitória. Olhamos para membros dos Órgãos Sociais e não nos conseguimos identificar com essas pessoas, com esta candidatura iremos eliminar isso”, acrescentou.
Na mesma cerimónia, Miguel Salazar confirmou o convite para formar o Conselho Vitoriano, se a lista de António Miguel Cardoso for a mais votada a 5 de Março. “Aceitei o convite porque me foi garantida total independência”, notou, adiantando que o advogado César Machado, o professor Pedro Ribeiro e o médico Pedro Freitas também integrarão aquele órgão consultivo.
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