Voleibol: João Paulo Pereira garante que Vitória "terá uma equipa capaz de jogar para ganhar"

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Uma década depois, João Paulo Pereira está de regresso ao Vitória. O treinador chegou a uma casa onde esteve duas épocas, com o objectivo de criar uma equipa com espírito vitoriano.

Está de regresso ao Vitória, praticamente 10 anos depois. Como surgiu o convite para iniciar este projecto?: "Alguns elementos da Direcção voltaram e eu já os conhecia de longa data. Formularam o convite e aceitei".

Foi a primeira opção da estrutura da secção. Quer comentar esta confiança no seu trabalho?: "Talvez esteja relacionado com o meu trajecto no voleibol. Eu não me exponho muito e o meu percurso na modalidade já é longo. O meu trabalho desenvolvido ao longo destes anos deve ter sido um dos factores que levaram à minha escolha".

Quais as diferenças entre o Vitória dessa altura para o de hoje?: "O Vitória já era na altura um clube com uma organização interessante. As pessoas que acompanham o clube, na parte das modalidades, sempre tiveram um contexto muito forte, a nível de amizade, de apoio e até de carinho. Quando saí sempre transmiti essa ideia do Vitória. Aqui não há grande mudança de mentalidade porque continua a ser igual. Ou seja, há um forte apoio para que as pessoas se sintam bem para trabalhar. Naturalmente, a nível logístico, as coisas evoluíram para melhor".

Quer precisar as melhorias logísticas que encontrou?: "Ter um pavilhão para o voleibol já é muito bom, mas os treinadores querem sempre mais. Um treinador quando chega a algum lado também quer melhorar as coisas".

Foi campeão nacional da 3.ª Divisão. Nesse mesmo ano, foi vice-campeão nacional ao comando da equipa de juniores masculinos? É uma receita de sucesso que quer ver repetida?: "Encontrei uma equipa de juniores incrível. Se se pode falar em espírito vitoriano temos de falar dessa equipa. Foi uma equipa de miúdos que teve uma evolução de voleibol fantástica, mas era sobretudo uma equipa que tinha algo que é necessário para ser campeão. Era uma equipa com uma amizade e com uma dinâmica mental fortíssima. Para repetir a mesma receita, seja em qualquer modalidade, é necessário ter esta mentalidade. É algo que ainda hoje recordo com muita felicidade".

Existiu alguma instabilidade na composição da equipa nos últimos anos. Como vai ser daqui para a frente?: "Um dos objectivos propostos é ter um contexto de continuidade. A equipa que se formou este ano é nova - apesar de alguns dos atletas terem jogado juntos - e maioritariamente portugueses. Eu também já conheço alguns atletas, ou seja, é um bom ponto de partida para ter um conceito de continuidade".

Está satisfeito com o plantel ao seu dispor?: "Não estamos a trabalhar há muito tempo, mas até agora tem correspondido ao que eu pensava que ia encontrar. A realidade é exactamente igual à expectativa".

Tem correspondido às expectativas técnicas e humanas?: "Todas. Esta equipa é formatada para esse contexto. Os jogadores são mais-valias em termos técnicos e individuais, mas há aqui um conceito mental que é necessário criar. Tenho a ideia que é possível com esta equipa. O grande problema dos colectivos está precisamente relacionado com a mentalidade. Queremos fomentar e trazer para aqui essa mentalidade. Não tenho dúvidas de que isso vai acontecer".

Que tipo de relação tem com os seus jogadores?: "Eu não sou conhecido pela minha simpatia. Perdi algumas coisas nesta vida desportiva pelo facto de não ter esse conceito. Sou muito exigente com os atletas, porque também sou comigo. Mas fui evoluindo em algumas coisas. Não tenho dúvidas que a relação humana entre o atleta e o treinador é fundamental. Com a idade tentamos alterar e evoluir em algumas coisas. Porém, há princípios que não alteram, porque fazem parte da minha forma de estar".

Como vê a formação do Vitória e qual o enquadramento no plantel sénior?: "A formação do Vitória sempre foi algo histórico. Para a formação evoluir é necessário condições e o Vitória está a tentar fazer isso. Tem trazido pessoas que têm grande competência na formação. Como treinador da equipa sénior e que gosta muito da formação, a minha função é acompanhar os atletas até ao objectivo principal que passa por integrar na equipa principal. Para isso ser uma realidade é preciso muita coisa acontecer. Desde logo, o atleta tem de ser competente e tem de existir muito trabalho na estrutura. É muito difícil formar para ser campeão. O objectivo é fazer um bom trabalho para criar condições para que isso aconteça. É um processo que terá de ser a longo prazo".

Quais são os objectivos para a próxima época?: "Eu não digo que serão os primeiros oito ou para a Liga dos Campeões. Há factores que não conseguimos controlar. Nós podemos formatar uma equipa fantástica para ser campeão e não o ser. No meu conceito, o objectivo é uma priorização onde a equipa está no maior período de tempo numa forma positiva. Se tivermos uma equipa que joga bem, ela terá mais hipóteses de ganhar. O objectivo é ter atletas envolvidos num processo de jogo em que cada um tenha a noção exacta da função que tem e na melhor forma física durante um maior período. Fazendo isso numa equipa, conseguiremos ter objectivos individuais para a equipa".

Como avalia a competitividade no campeonato?: "Eu não conheço muito bem as equipas. Sei que há três ou quatro equipas com um investimento brutal, mas não conheço atletas chamados investimento ou orçamento. Uma equipa minha terá que jogar para ganhar. Sei que vamos jogar num campeonato com equipas niveladas por cima e extremamente difíceis".

Como se atrai mais adeptos ao pavilhão para acompanhar esta equipa?: "O Vitória tem uma massa adepta fantástica. Todos têm, mas o Vitória tem esta paixão e ardor que é brutal. Mas também sei que as pessoas vão ao pavilhão para ver as equipas ganhar. Vi o pavilhão cheio há uns anos, quando se reuniu a tempestade perfeita. Foi fantástico. Gostava de treinar a minha equipa com duas ou três mil pessoas a gritar Vitória. Isso dá trabalho e a estrutura está a trabalhar para que isso aconteça. Oxalá seja comigo".


Marcações: Vitória Sport Clube, Voleibol, João Paulo Pereira

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