Pólo Aquático: Vítor Macedo assume que Vitória "gostava de jogar a Liga dos Campeões"

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Qual é o balanço que faz da época do Pólo Aquático do Vitória?: "É um balanço positivo. Não poderia ser de outra forma, depois de termos ganho todos os títulos em disputa. Conseguimos, numa época muito atípica, montar uma equipa competitiva, com grande base do ano passado. Perdemos alguns jogadores de qualidade, nomeadamente jogadores estrangeiros. Apesar disso, conseguimos atingir os objectivos a que nos propusemos".

De facto, podemos falar que existiu um desinvestimento ao nível da equipa, com o Vitória a apostar num conjunto 100% português.: "Sim, de facto foi-nos informado de que o orçamento iria ser inferior este ano, dadas as circunstâncias que vivemos. E temos de ser sensíveis à situação. A questão de não termos estrangeiros acabou por ser também uma estratégia nossa, até porque seria bem mais complexo ter jogadores estrangeiros nesta fase, mesmo por toda a indefinição que surgiu no início da época, que esteve para começar em Novembro, mas apenas começou em Janeiro. Obrigou-nos a uma adaptação, porque não contámos com as mesmas peças do ano anterior. Os outros clubes também tiveram algumas dificuldades nesse aspecto, com a perda de atletas, e acabou por ser um problema geral."

A “dobradinha” conquistada este ano era algo que lhe passava pela cabeça?: "Nós no início da época definimos claramente os objectivos. No ano passado o nosso objectivo já era conquistar o triplete. Começámos por conquistar a Supertaça, tínhamos 18 vitórias nos 18 jogos disputados… íamos bem embalados para o triplete. Este ano sabíamos que ia ser um ano difícil, fruto da situação pandémica e que tudo a isso obrigava. Houve momentos em que tivemos de interromper treinos por casos positivos de Covid-19 na equipa. Foi uma situação difícil, éramos menos. Mas sabíamos que tínhamos equipa para disputar as competições. Sabemos da forma como trabalhamos diariamente para atingir as mesmas, o grupo acolheu bem as ideias que tinha para a equipa, com uma matriz de jogo muito bem definida. Conseguimos impor o nosso jogo e acabar a época apenas com uma derrota".

Que impacto é que as sucessivas paragens que houve no campeonato tiveram no seio da equipa?: "Nós, sobretudo no período que existiu entre Setembro e Novembro, que foi quando parámos a primeira vez, foi uma fase muito dura. Os atletas vinham de uma paragem de actividade. Apesar de irem fazendo algum treino de casa, não é igual trabalhar fora de água do que dentro dela. Foi muito duro para os atletas, mas eles deram uma excelente resposta. Não tivemos o início que estava agendado nem na primeira, nem na segunda vez. E isso, principalmente a nível mental, é negativo. Começaram a surgir algumas dúvidas sobre se iria haver, de facto, competição. Procurámos adaptarmos no dia a dia, a mensagem que foi passada aos atletas era agarrarmo-nos à parte positiva de cada momento. Com a ajuda deles conseguimos efectivamente criar um grupo muito forte e unido. Isto acabou por fortalecer os laços e ser a chave para o nosso sucesso esta época."

Existe alguma angústia no seio da equipa pelo facto de serem “apenas” bi-campeões? O seu clube no ano passado ia lançado para conquistar o título…: "Não podemos afirmar concretamente que seríamos tri campeões, visto que a época ainda ia a meio e teríamos de ganhar os jogos que nos faltavam. Mas houve uma frustração grande porque sentimos que poderia acontecer. Agora, a verdade é que aconteceu algo completamente inesperado e contra o qual nada poderia ser feito. Foi difícil lidar com isso no momento, mas também nos agarrámos a isso para que nos desse mais força para esta época."

A pergunta que se faz neste momento é: o que se segue para o Pólo Aquático do Vitória, visto que o clube já conquistou tudo o que havia para ganhar a nível nacional.: "O Pólo Aquático do Vitória, e eu estou cá desde o início, fui acompanhando a evolução, é um projecto sustentável, porque é baseado na sua formação, 75% dos nossos atletas vêm da nossa formação e, efectivamente, têm tempo de jogo, não estão só lá a fazer parte do plantel. Tínhamos um grupo já com alguma qualidade com atletas apenas de cá e deu-se o passo de procurar ir buscar mais-valias, com dois/três jogadores de renome nacional que quiseram juntar-se ao nosso projecto. Agora, precisamos que o clube continue a apostar em nós e que, de certa forma, possa abrir-se a perspectiva e a possibilidade de podermos jogar o apuramento para a Liga dos Campeões na próxima época. Sustentadamente, dando um passo de cada vez, vamos tentando solidificar o projecto. Não queremos apenas chegar ao topo, queremos igualmente ficar lá."

Tem algumas indicações que esse investimento poderá ser realizado pelo clube?: "Não tenho ainda essas informações. A época foi muito longa, já temos vindo a falar e a preparar a próxima época, apesar de nada estar definido, nem ao nível da equipa técnica, nem ao nível de jogadores. Mas há vontade. Agora, este dossier está entregue à secção do clube. As informações que tenho é que iria haver reuniões nesse sentido para perceber qual o rumo. Mas entendo que há condições para continuar se o clube assim o entender."

Perspectiva-se como treinador do Vitória para os próximos anos?: "Eu sou vitoriano e vimaranense. Fui atleta, capitão, treinador de formação e sou treinador de seniores. Estou lá de alma e coração. É óbvio que depende sempre da minha vida fora do contexto do Pólo Aquático, vai depender sempre da minha capacidade de equilibrar e conciliar a minha parte pessoal e profissional com o Pólo, juntando igualmente à vontade do clube e da secção de contar comigo. Eu nunca serei o problema, serei sempre a solução. Enquanto for uma mais-valia, estarei no comando do clube."

Já lhe passou pela cabeça uma aposta maior na sua carreira como treinador de Pólo Aquático?: "Eu já tive oportunidade de treinar outras equipas. A exigência que nos propomos é quase profissional, mas não chega para o ser. Já surgiram contactos para treinar outros clubes, inclusive no estrangeiro. Mas isso iria acarretar outros sacrifícios pessoais que, neste momento, não será algo que se irá concretizar."

Como é que se motiva uma equipa que neste momento está no topo do Pólo Aquático em Portugal?: "Neste momento, grande parte do plantel está de férias. Temos cerca de 30% do plantel que integra a equipa B que está a fazer o Campeonato Nacional da 2ª Divisão e ainda vão ter competição até meados de Julho. Independentemente de como será o projecto, objectivamente ganhar é sempre aliciante. Não há melhor motivação do que jogar para ganhar e a cultura de vitórias existindo, torna tudo mais fácil."

A estabilidade a nível competitivo será um dos pontos chave para a próxima época?: "Sim, foram duas épocas que acabaram por ser uma. A nossa época começou no ano passado em final de Agosto, entretanto a meio de Março fomos todos para casa por causa da pandemia. Foram duas épocas muito duras, mas estamos muito felizes por termos atingido os objectivos e sem dúvida que, depois daquilo a que assistimos a nível competitivo na nossa equipa, acaba por dar ainda mais motivação para continuar. Ter uma época normal é algo que pretendemos."


Marcações: Vitória Sport Clube, Pólo Aquático, Vítor Macedo

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