Luiz Felipe já regressou ao trabalho no Hubei Chufeng Heli mas à distância

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Epicentro da pandemia da Covid-19, a cidade chinesa de Wuhan começou a regressar à normalidade. Lentamente, a população de um dos mais centros urbanos da província de Hubei procura voltar às rotinas diárias, ainda que com as limitações inerentes a uma clausura que se estendeu por 11 semanas.

O futebol não foge à regra, embora o alastramento do novo coronavírus ao resto do planeta esteja a condicionar o trabalho das equipas locais. É o caso da formação principal do Hubei Chufeng Heli, que vai disputar a 3.ª divisão, orientada pelo vimaranense Luiz Felipe. A cumprir as medidas inerentes ao estado de emergência que se vive em Portugal, o ex-treinador do Vitória B e a sua equipa técnica, composta por Miguel Matos e Luís Estanislau, já regressaram ao trabalho, orientando todos os dias sessões de treino por vídeoconferência. "Cerca de 60 por cento do treino é feito desta forma, depois os restantes 40 por cento os atletas já podem fazer noutras estruturas, porque já podem sair de casa. Temos jogadores espalhados por toda a China, bastantes em Wuhan, que têm tentado votar ao trabalho", contou.

O trabalho para a equipa técnica de Luiz Felipe começa às 9h30 de Portugal, mais sete horas em Wuhan. A diferença de fuso horário não tem condicionado a comunicação, até porque os jogadores "têm correspondido da melhor forma. Estavam saturados de não fazer nada e ansiosos por voltar a treinar. Temos um tradutor sempre na vídeo-conferência, o que facilita imenso. Agora, temos de começar a pensar como vamos fazer quando pudermos passar esse trabalho para o campo. Vamos estar preparados para quando isso acontecer."

Por enquanto, o plantel do Hubei Chufeng Heli ainda não teve autorização para voltar a trabalhar em conjunto, tanto mais que o regresso à normalidade em Wuhan "é progressivo." "As atividades está a ser retomadas com alguma cautela e muitas precauções. Oficialmente, ainda não há data para o regresso das competições, não está marcado o início da época."

Com ligação contratual com o Hubei Chufeng Heli até ao final de 2021, Luiz Felipe pretende voltar a Wuhan logo que "seja possível." "Tenho vontade de voltar à vida, estamos a fazer o que é o certo, mas temos de retomar a normalidade o mais cedo possível", confessa o vimaranense, conscientes das muitas limitações para regressar à China nos dias que correm. "O espaço aéreo está encerrado em Portugal, é difícil viajar."

Quando voltar a Wuhan, Luiz Felipe espera encontrar uma cidade "organizada e disciplinada, porque lá o Governo decreta que tem de ser feito, deve mesmo ser cumprido. As pessoas são controladas e só podem fazer o que está estabelecido nesta altura. Será uma cidade ainda limitada, mas a retomar a sua normalidade." Por isso, o regresso à China não lhe causa "qualquer receio. Se calhar, estamos lá mais seguros do que aqui. Temos de viver e não estar escondidos."

Apanhado em Wuhan no início daquilo que viria, mais tarde, a ser decretado como uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde, Luiz Felipe esteve nove dias retido em casa antes de ser repatriado pelo Governo português. Seguiram-se 15 dias de quarentena em Portugal, numa unidade de saúde em Lisboa, e agora o isolamento social que já leva mais de um mês. No regresso à China, terá de cumprir nova quarentena de 15 dias. "O ano de 2020 está ser vivido em confinamento. Na China estamos habituados a estágios longos, de 40 dias, que tínhamos cumprido antes de tudo isto começar. Depois, foi o percurso que já se conhece. Acho que os últimos 15 dias, na China, serão aqueles que vão custar mais. Tem sido um esforço muito grande. Sou uma pessoa disciplinada e o que tem de ser, deve ser cumprido."


Marcações: China, Luiz Felipe, Wuhan

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