Davidson revela que primo faleceu com Covid-19: "É complicado viver esta pandemia, sabemos que é séria"
Um mês depois da paragem, como tem vivido este confinamento social?: "Tenho procurado aproveitar o tempo para estar com a família. Espero que as coisas voltem ao normal o mais cedo possível. As saudades de fazer o que gostamos aumentam. Temos saudades de todas as coisas normais da vida."
Como tem vivido esta situação longe da família que se encontra no Brasil?: "Estou em Portugal com a esposa e o filho, mas não é fácil estar fora da rotina. Quando bate o tédio, vou à janela e dou um berro. Depois, há formas de passar o tempo. Tem uma adepta do Vitoria que às 22 horas canta todos os dias. A última musica é sempre o hino do Vitória, é espectacular porque toda a gente da rua canta o hino. O meu filho adora futebol, fica maluco quando vê a bola, jogamos futebol em todo o lado. A minha esposa fica louca! Já parti um copo, vamos ver o que vem mais para a frente. É complicado viver esta pandemia, sabemos que é séria. Perdi um primo, há duas semanas, que tinha 33 anos, que faleceu com o coronavírus. Há muita gente na rua, a trabalhar. Todos os que estão a trabalhar merecem muito o meu respeito. Quero agradecer a essas pessoas por tudo o que têm feito para nos ajudar. Têm muita coragem, sabendo o risco que correm."
Sente-se mais seguro em Portugal? Como tem acompanhado a situação do Brasil?: "Realmente, sinto-me mais seguro aqui do que no Brasil. O Vitória autorizou os jogadores a voltar ao país de origem, mas em conversa coma a minha esposa chegamos à conlusão que era melhor ficar aqui. No Brasil há alguns estados em que a área da saúde está mais a complicada. Em relação ao presidente do Brasil, é difícil dar opinião. O Brasil é muito grande, se ele tenta colocar todos de quarentena há muitos pobres, que moram em locais delicados, como favelas. Se coloca toda a gente de quarentena, muita gente vai morrer de fome. É complicado perceber isso. Temos de pensar num todo. Qualquer atitude de um líder vai ter críticos e apoiantes. De certa forma, acredito no presidente do Brasil e peço muito a Deus que lhe dê sabedoria, como às outras pessoas que estão a liderar o mundo."
E o presidente do Chile, vizinho do Brasil, já interpreta os mortes como pessoas recuperadas da Covid-19. Como interpreta isso?: "É complicado falar sobre isso. Quem morre ainda pode contaminar as pessoas."
A fome e miséria que vêm a seguir podem ser ainda piores?: “É preocupante o que vem a seguir. Penso no meu pai e mãe. A minha mãe tem doenças, certas limitações, de certa forma é de risco. Se o meu pai ficar 30 dias sem trabalhar, as coisas em casa ficam como uma bola de neve. Muita gente sem trabalhar vai gerar fome. Pessoas desesperadas, de áreas delicadas, cometem outros actos que não devem. Esse é um dos problemas no Brasil. Os média no Brasil vêm muito o lado negativo de tudo, as coisas piores são as que mais vendem. Têm de ver mais ao lado positivo. No Brasil só se fala que pode morrer 1 milhão de pessoas, não vêm o lado positivo, o estudo pela criação de uma vacina, um determinado medicamento que ajuda na recuperação. Temos de olhar mais para o lado positivo."
Já receberam alguma indicação regresso ao trabalho?: “Voltamos no final do mês, depois das férias. A minha esperança é que as coisas voltem ao normal, para que possamos voltar a fazer o que mais amo, jogar futebol. Espero que as coisas possam andar para a frente, espero que possamos voltar a treinar. Estamos à espera que as pessoas responsáveis do clube e da área da saúde nos dêem indicações. Se Deus quiser, no final do mês vamos voltar aos treinos normalmente. O Vitória tem tratado esta situação com o apoio aos jogadores da melhor forma possível. É uma situação diferente, mas procuramos manter a forma física em casa. Mas, ainda não temos indicação do que vai acontecer. A informação é para que no final do mês volte toda a gente a Guimarães, para que possamos voltar a treinar, mas não sabemos se é no campo ou em casa com orientação do clube.
Como analisa o regresso do Nacional da Madeira?: “É difícil analisar. Se me dissessem que podia treinar, eu queria era treinar logo. Não sei como está a situação na Madeira, mas pelo que parece há poucas infeções. Para fazer isso, o clube está bem orientado. Os responsáveis não iriam colocar os jogadores em risco. Se estão a treinar, é porque acham que é seguro. Há clubes no estrangeiro que estão a treinar, como Bayern de Munique. Pode ser bom começar a regressar aos poucos.”
Como tem sido discutida a questão do corte nos ordenados?: “É uma questão que cabe à SAD decidir. O Vitória ainda não nos comunicou nada sobre o assunto. Não vou ser um impedimento se por acaso isso acontecer. A situação é difícil para o país todo, não só para o Vitória. Estou disposto a ajudar no que for preciso.”
Já leva 39 golos em Portugal, com épocas em que tem sido muito regular: “A minha esperança é que possa voltar a sorrir em breve. Tenho 10 golos esta época, falta um para os 40 no total. Só faltou marcar na Fase de Grupos da Liga Europa. Marcando mais um um golo vou superar a melhor marca de uma época. O meu objectivo é superar-me a cada época. Por isso tenho a esperança que a época termine, vai ser bom para todos, para que possamos cumprir objectivos. Queremos que o campeonato volte, para que o grupo consiga cumprir os objectivos.
É a minha segunda época no Vitória, é muito importante sermos melhores a cada ano. Se possível queremos regressar à Liga Europa, ou mesmo melhorar a classificação da época passada. Temos todas as condições para isso, já o mostramos contra adversários de muito valor.”
Marcações: Vitória Sport Clube, davidson