Especialistas europeus discutiram temática “Cidades Ativas, pessoas (mais) Felizes”
A reflexão sobre cidades ativas, a troca de experiências e a partilha de boas práticas resultantes de projetos bem sucedidos e implementados com sucesso na Europa, incluiu participações da Câmara Municipal de Guimarães, Tempo Livre, Universidade do Minho e do Vitória Sport Clube, às quais se juntaram preletores oriundos do Reino Unido (Liverpool Active City, Everton FC e Bikeability Trust) e França (PACTE Project).
João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, enalteceu na cerimónia de abertura a natureza de Guimarães enquanto Município Amigo do Desporto e felicitou o trabalho realizado a favor de uma estratégia de promoção da atividade física, ao mesmo tempo que anunciou o objetivo de colocar Portugal, no período de uma década, entre o grupo dos 15 países mais ativos.
O vereador do Desporto do município de Guimarães, Ricardo Costa, defendeu a necessidade de articular sustentabilidade, mobilidade e atividade física, fazendo evoluir as cidades no sentido de territórios mais equilibrados e atrativos.
No primeiro painel do Seminário, sobre temas “Active Cities - um projeto global para cidades ativas”, Christopher Price (Liverpool Active City) explicou que o ponto de partida para o plano de promoção da atividade física lançado em Liverpool em 2005 foi uma localidade com meio milhão de habitantes, e um território marcado por desequilíbrios, sedentarismo e empobrecimento, com focos pontuais de comportamentos antissociais. Decorridos 14 anos, embora positivos, os resultados são insuficientes para satisfazer a ambição local em prol de uma mudança de paradigma que passa por alcançar o objetivo de tornar Liverpool na cidade mais ativa do Reino Unido.
Seara de Sá, vereador do urbanismo da Câmara Municipal de Guimarães, abordou o tema das cidades cicláveis na perspetiva do urbanismo e do planeamento de cidades mais amigáveis à prática desportiva, atividade física e bem-estar. O autarca explicou o programa vimaranense da Ecovia (a desenvolver em três fases), o Plano de Mobilidade Urbana e o sentido tático da estratégia: familiarizar os cidadãos com a bicicleta e introduzir novos conceitos de mobilidade, com prioridade para os peões e as bicicletas.
Paulo Ribeiro, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho, defendeu “a cidade” como um organismo vivo e um território onde se devem implementar medidas de mobilidade resiliente e integrada para combater, entre outros, os baixos níveis de utilização ciclável. Apontando a sustentabilidade como um dos desafios do presente, Paulo Ribeiro argumentou que, a par da questão da inatividade e sedentarismo, transformar as cidades em ecossistemas urbanos inteligentes e sustentáveis, associando as estratégias e intervenções ao tema da emergência climática, assumirá um papel relevante na agenda política.
Proporcionar às crianças inglesas uma formação sobre utilização segura da bicicleta como meio de transporte, de diversão, de lazer e de desporto, foi o projeto que Paul Robison (Bikeability Trust - UK) apresentou no segundo painel do Seminário Internacional. “Bikeability” é um projeto financiado pelo Governo e já proporcionou formação a 3 milhões de crianças.
No painel sobre Active Cities, Maxime Leblanc (PACTE Project, Sport & Citizenship) apresentou o think tank do PACTE que envolve uma rede europeia de parceiros, entre os quais a Tempo Livre e a Câmara Municipal de Guimarães. O trabalho do PACTE tem sido desenvolvido no sentido de oferecer aos decisores políticos informações cientificamente validadas e úteis à tomada de decisão. Para além de estudos e sondagens, realizados ao longo de 10 anos de atividade, o PACTE oferece uma leitura sociológica das políticas desportivas e da promoção da atividade física.
Amadeu Portilha, Presidente da Tempo Livre, explicou a estratégia de promoção da atividade física, saúde e bem-estar em Guimarães, salientando que a mesma está em desenvolvimento há 20 anos, precisamente, por via do trabalho da Tempo Livre que, antecipando a agenda do combate ao sedentarismo e inatividade física, tem realizado um trabalho prático de implementação e fomento do desporto para todos, e atividade física envolvendo diferentes públicos e grupos alvo.
Atualmente, para além de uma série da atividades, programas e serviços, a Tempo Livre desenvolve um trabalho de monitorização, avaliação e investigação em torno do desporto e atividade física, trabalhando em colaboração com universidades e institutos de ensino superior, numa perspetiva multidisciplinar e transversal que contempla o estudo e pesquisa em diferentes áreas científicas desde o desporto e gestão, passando pela medicina, psicologia, sociologia e economia, entre outros. Além disso, a Tempo Livre está a trabalhar num documento orientador com vista à apresentação do Plano Municipal de Promoção da Atividade Física.
Na derradeira sessão do Seminário Internacional (“Mais do que um clube desportivo”), foram apresentados dois projetos de responsabilidade social desenvolvidos em clubes de futebol. Pedro Coelho Lima (Vitória Sport Clube) destacou a vertente identitária e a força representativa do Vitória Sport Clube para a cidade, para o concelho e para o País, destacando que o projeto de responsabilidade social do clube pretende afirmar-se como modelo e exemplo a ser seguido por adeptos e sócios, envolvendo campos como a sustentabilidade ambiental, causas sociais, solidariedade, integrados num projeto desportivo que, mais do que competição, pretende afirmar-se como escola de formação, de atletas e, sobretudo, de cidadãos.
O diretor do Departamento de Desporto Adaptado do Everton FC, Steve Johnson, apresentou o projeto Everton in the Community (EITC), uma iniciativa de natureza social e cuja intervenção envolve, para além do elenco diretivo e associativo do clube, centenas de voluntários. O EITC tem como principais objetivos combater a desigualdade no desporto, promover a atividade física para todos e capacitar pessoas com deficiência para a prática desportiva, sendo o trabalho desenvolvido em parceria e colaboração com escolas, hospitais e centros de apoio social.
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