Luís Castro: "A minha meta é ainda deixar os adeptos do Vitória felizes antes de eu partir”

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Luís Castro esteve esta quinta-feira na sala de imprensa da Academia do Vitória para fazer a antevisão do jogo com o Desportivo das Aves, da 30.ª jornada da 1.ª Liga.
A conversa foi dominada pela diferença de rendimento da sua equipa nos jogos em casa e fora de portas. O treinador abordou o tema, bem como questões de ordem táctica, sem rodeios, com um discurso em que também falou sobre o seu futuro.

O que esperar do Vitória no jogo com o Desportivo das Aves: “O jogo com o Aves enquadra-se num contexto de dificuldade. Desde que o Inácio chegou, o Aves tem feito um percurso fora de casa com pontos e colocou-se numa situação mais confortável. Nós vamos voltar a fazer o que temos feito em casa. Em 18 pontos, conseguimos 16, é um registo que queremos dar continuidade. Os desempenhos fora não têm nada a ver com o que fazemos em casa.”

Como analisou com os jogadores mais uma derrota fora de casa: “Quando as copias nos preocupam nós debatemo-las muito, somos muito críticos quando achamos que as coisas não estão no bom caminho. Claramente as coisas fora de casa não estão no bom caminho. Para que se veja a extensão do problema, nos 10 últimos jogos temos cinco vitórias, quatro derrotas e um empate, resultados intercalados, o que atesta essa intermitência. Quando temos uma equipa em mãos, o que fazemos é todos os dias construi-la para que possa enfrentar todas as adversidades. O que é certo é que fora a equipa tem um comportamento diferente. Quando achamos que estabilizamos a equipa com um bom desempenho em casa, vamos fora com os mesmos jogadores a equipa não nos tem respondido da melhor forma. Isso gera desconfiança em todos nós. Isso discute-se internamente. Vamos chegar a conclusões que podem já não ir a tempo de rectificarmos a nossa imagem fora em termos globais, mas vamos procurar fazê-lo nos últimos dois jogos. É algo que nos tem ferido a nível pontual.”

Acredita que os adeptos continuam ao lado da equipa?: “Os adeptos têm feito muito bem o seu papel, de forma constante ao lado da equipa. Em casa temos respondido da melhor forma, fora de casa não o temos conseguido fazer. Isso desilude-nos e deixa-nos uma marca pela negativa junto dos mesmos. Os adeptos do Vitória não vão desistir nunca de acompanhar a equipa nos bons e maus momentos. Claro que quando a equipa não responde da melhor forma não podemos estar à espera que os adeptos estejam satisfeitos, porque nós também não estamos. Faço as minhas reflexões e também não estou satisfeito. Mas, todas as semanas coloco energia no meu trabalho e é essa energia que sinto nos adeptos sempre que vamos a jogo. Quando não conseguimos deixar os adeptos felizes, isso deixa-nos desiludidos. Claramente, hoje sou um treinador desiludido por não ter deixado os nossos adeptos felizes na plenitude ao longo de toda a época. É uma meta que está comigo, ainda deixar os adeptos do Vitória felizes antes de eu partir.”

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Se hoje há insatisfação comigo... já disse... o Vitória vai sempre seguir em frente!

Não ter um plano B em alguns jogos tem condicionado?: “Acho que os dois pontas do Vitória, o Welthon e o Guedes, não são muito compatíveis, porque nenhum deles tem a característica de baixar e construir ou saltar em corredores laterais. É muito mais dfácil doos pontas muito móveis e muito rápidos coabitarem do que dois com o perfil daqueles que temos. Sabendo isso criamos um modelo de jogo o mais rico possível. O Vitória assenta o seu jogo um sistema táctico 4x3xx3, constrói muitas vezes a três, com o Wakaso a descer para a linha dos centrais, projecta os seus dois laterais, joga com os seus dois alas por dentro e passa a jogar nesse momento com cinco homens na frente, o que é uma variante ao seu sistema. Outras vezes constrói a quatro, com um pivot, dois médios mais projectados e os nossos alas bem abertos, a construir em 4x1x2x3. Outras vezes junta o seu médio mais ofensivo ao ponta e passa a jogar em 4x4x2. Quando temos uma ideia de jogo e ela tem várias dinâmicas dentro de si, não precisamos tanto de ter sistemas alternativos, porque dentro do mesmo sistema há várias variantes que nos levam a dinâmicas diferentes. Se quiser jogar em 3x5x2, também o temos feito algumas vezes.
Dentro do futebol existem muitos pré-conceitos, que respeito. Não tenho que ser eu a mudar o mundo do futebol ou a ter essa tentação, porque não tenho capacidade para isso. Só que o futebol também não me vai mudar, porque vivo com as minhas convicções e sigo em frente com elas. Vai ser assim sempre. Umas vezes vou fracassar, outras vou ter êxito, mas não vou perder a minha identidade. Prefiro ter um modelo rico, com dinâmicas ricas, que os jogadores consigam interpretar na plenitude, do que não ter ingredientes para fazer uma coisa e ir procurar fazê-la. Se o fizer estou a enganar-me e a vender ilusões, não sou um vendedor de ilusões. O momento classificativo do Vitória está difícil, vamos ter batalhas mesmo muito duras pela frente para atingir os objectivos, mas não sou capaz de ser de outra forma. Se hoje há insatisfação comigo... já disse... o Vitória vai sempre seguir em frente. É uma instituição que é muito mais importante do que qualquer um de nós."


Marcações: Vitória Sport Clube, Luís Castro

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