Júlio Mendes apresentou programa eleitoral: «Vamos entrar numa realidade diferente»
Júlio Mendes apresentou o seu programa eleitoral numa cerimónia que teve lugar ontem à noite, no Centro Cultural Vila Flor.
Perante cerca de 600 associados, o candidato do movimento Contigo Vitória , que encabeça a Lista B, fez uma longa intervenção, que terminou já na madrugada desta terça-feira, em que fez uma visita ao passado antes de elencar os projectos que tem para o próximo mandato. E, já com a campanha em curso, respondeu a várias das críticas que lhe foram feitas por Júlio Vieira de Castro, fazendo referências às “fake news”, como o número de jogadores inscritos pela SAD nos últimos quatro anos, que não passou dos 147, acrescentando ainda ao seu discurso que a ideia de apuramento para a Liga dos Campeões “é uma treta”. Os números do passivo também foram esmiuçados, com Júlio Mendes a sublinhar a ideia de que se trata “de uma eleição para o clube” e não da SAD, destacando ainda que está “a ser resolvido”.
“Andamos seis anos a resolver problemas e deixamos de ouvir os sócios. Fomos inábeis na forma de comunicar com os sócios”, assumiu Júlio Mendes, antes de começar a elencar os projectos que tem para os próximos três anos. “Vamos entrar numa realidade diferente”, acrescentou. Com a promessa de “não mexer nas quotas”, destacou que “vamos ter sempre que vender jogadores. Mas, somos ambiciosos e queremos fazer sempre melhor. A SAD 1.0 tem que se transformar em SAD 2.0. Temos 40% do capital da SAD. Temos que exercer a nossa pressão para aumentar o capital da SAD, ou então alguém tem que permitir que outros entrem para investir no negócio do futebol e crescer. É fundamental para o crescimento. Tecla que vamos carregar com muita força”.
No capítulo desportivo, as metas foram assim traçadas: “Este ano fizemos um grande investimento mas as coisas correram mal. Queremos o cenário B, chegar os 20 milhões, cenário que tem o rival do Minho, que começou com o negócio empresarial 15 anos antes de nós”. Para potenciar a formação, o objectivo passa por criar uma nova Academia. “Um dos projectos é a extensão da nossa Academia. Há um documento elaborado pela Câmara. É um projecto pelo qual temos de lutar, senão não vamos conseguir crescer. Precisamos de mais campos. É um projecto ao qual nos temos de dedicar”.
O paradigma da comunicação também foi focado com destaque: “Falhamos muito, queremos estar mais próximos. Estivemos focados nos problemas, mas vamos melhorar na comunicação. Vamos criar a aplicação Vitoria Live, está contratualizada e vai ser construída. Na prática, significa andar com o Vitória no bolso”. Júlio Mendes anunciou ainda a intenção de criar uma Comissão de Revisão dos Estatutos, “absolutamente independente, de gente de todos os quadrantes, porque há coisas que podemos melhorar mas que os Estatutos não deixam. Essa Comissão pode apresentar essa proposta, sem que a Direcção tenha o mínimo de influência”.
Entre outras ideias, referência ainda para a criação de um Provedor do Vitória, tendo já sido indicado o nome José Vieira, e o crescimento da iniciativa Vitória Solidário, mas, sobretudo, para o surgimento de uma Comissão do Centenário. “A preparação da Comissão do Centenário deve começar no final deste ano. Com a grandeza e dignidade que o Vitória merece. O dia 22 de Setembro de 1922 será o momento mais alto, mas até lá vai ser constituída esta Comissão, com vitorianos conhecidos, como José João Torrinha, André Coelho Lima, Esser Jorge, Cordeiro da Silva, César Machado, Raul Rocha e José Luís Machado”, anunciou.
Depois de elencar alguns dos projectos, Júlio Mendes notou que “fizemos coisas bem, mas erramos muito. A nossa paixão não nos falta. Seria desperdício deitar a nossa experiência pela borda fora. Hoje está no terreno uma luta dos sócios da bancada e do camarote. Uma espécie de narrativa da luta de classes. Pode dar resultados, mas gostava de lembrar aqueles que querem dividir os sócios que não sócios e 1.ª e 2.ª, nem de bancada ou camarote. Há sócios com mais responsabilidades em determinado momento. Os rivais querem o desmantelamento desta Direcção, para enfraquecer o Vitória, mas enquanto tiver forças não lhe darei esse prazer”.
Notando que “estamos todos tristes com a campanha desta época”, Júlio Mendes asseverou que “com este sentimento de revolta vou enfrentar as próximas eleições. As escolhas que fizemos no início da época pensamos serem as mais acertadas, mas o futebol é cruel. O Real Madrid é o maior clube do mundo e há pouco tempo estava no 5.º lugar em Espanha”.
Os adversários, de vários quadrantes, também tiveram tempo de antena: “As redes sociais têm sido um terreno fértil para uma narrativa de mal-dicência, de mentiras, calúnias, verdades alternativas. Foi colocada muita mentira a circular. Para repor essa verdade vamos ter de ser muito fortes e unidos. Os vitorianos têm memória. Não foi há 20 anos que ficamos no 4.º lugar e disputamos a final da Taça de Portugal e ficamos à frente do nosso rival minhoto. Nos próximos três anos, todos juntos, vamos continuar a somar muitas vitórias”.
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