Corte radical do orçamento do Vitória prevê exercício negativo na época 2012/2013

O orçamento do Vitória para a época 2012/2013 será de 10 milhões e 72 mil euros. O documento será apresentado aos sócios na Assembleia Geral do próximo sábado.
Apesar da redução significativa do orçamento e das despesas, na ordem dos 40 por cento, o clube prevê um resultado negativo de 1 milhão 738 mil euros.

No orçamento para a próxima época, o Vitória prevê um encaixe ao nível das receitas de 10 milhões e 72 mil euros. A principal fatia provém das transmissões televisivas (3 milhões e 392 mil euros), mas a segunda maior parcela é imputada aos sócios. O clube pretende arrecadar em quotização e bilheteira um valor de 2 milhões 202 mil euros.
As duas equipas de futebol levam a maior fatia dos gastos operacionais previstos de 8 milhões 893 mil euros. Cerca de 3 milhões 342 mil euros destinam-se ao vencimento dos jogadores da equipa principal, os treinadores levam 381 mil euros. O orçamento global é de 5 milhões 585 mil euros, menos 4 milhões que na temporada passada.
A equipa B tem um orçamento global de de 1 milhão 140 mil euros: 600 mil para os jogadores e 120 mil para os treinadores. O clube terá de suportar 830 mil euros deste orçamento, já que as receitas previstas para a equipa B chegam apenas aos 310 mil euros. 
O orçamento para o Departamento de Futebol Juvenil é de 609 mil euros, já as modalidades passam a poder gastar apenas 614 mil euros, quase menos 700 mil euros que no ano passado. E a grande novidade neste capítulo é que o clube está disponível a avançar apenas 33 mil euros para este orçamento. A principal receita provém da exploração das piscinas, que devem fazer entrar nos cofres do clube 401 mil euros.
Contas feitas, o saldo operacional é de 1 milhão 180 mil euros. Contudo, as responsabilidades várias assumidas pelo clube tornam as contas negativas, após amortizações, depreciações e pagamento de impostos, em 1 milhão 738 mil euros.


DIRECÇÃO DESTACA REDUÇÃO DA DESPESA

Na nota explicativa do orçamento, Júlio Mendes explica que “o presente orçamento traduzirá o início de um novo ciclo de gestão, apoiado no princípio de que os próximos exercícios deverão gerar resultados operacionais positivos que permitam a consolidação financeira do clube”. Por isso, este orçamento prevê “uma redução drástica nas despesas gerais, na formação e nas modalidades”, de 20 por cento e 40 por cento, respectivamente, nas despesas gerais e formação.
A Direcção destaca que “a redução dos custos associados à equipa principal de futebol está bastante condicionada pela massa salarial resultante dos compromissos contratuais existentes. No entanto, os actos de gestão em curso, contribuirão para um abaixamento destes encargos em cerca de 50 por cento”. 
As modalidades continuarão a receber o apoio do clube. Contudo, o “princípio orientador foi o de garantir as condições mínimas para a sua manutenção”.
Num cenário de crise, o Vitória prevê o aumento das receitas fruto “de uma equipa comercial apostada num desempenho que permita um encaixe superior ao dos anos anteriores”. 
No final do texto, pode ler-se ainda que “as responsabilidades herdadas dos exercícios anteriores obrigarão a um esforço de tesouraria para além do previsto neste documento para pagamento do PEC, rescisões, salários em atraso e a outros credores. A Direcção tem desenvolvido todos os esforços e contactos no sentido de fazer face a esta realidade complexa e difícil que obrigará o Clube à captação de capitais externos e/ou receitas extraordinárias adicionais”.


AUMENTO POUCO SIGNIFICATIVO NAS QUOTAS

A Direcção vitoriana vai propor um “ajustamento” no valor das quotas mensais. A subida, de acordo com a tabela divulgada pelo clube, não é significativa. Nas categorias principais, homens e senhoras, é de 77 cêntimos por mês. 
Além disso, na proposta do orçamento o Vitória vai lançar uma quota mensal extra, no valor de um euro, para as modalidades. Contudo, o pagamento deste valor é facultativo.


CONSELHO FISCAL DÁ PARECER POSITIVO E FAZ RECOMENDAÇÕES

O Conselho Fiscal sublinha o rigor da Direcção no orçamento que elaborou e deu um parecer favorável. “Embora fosse desejável um orçamento com resultados líquidos positivos, considera o Conselho Fiscal que foi cumprido o requisito que se impunha, o de obter meios libertos líquidos positivos, para assim, não onerar ainda mais o peso da dívida e seja um contribuinte líquido positivo para a redução da mesma”, pode ler-se no documento.
O Conselho Fiscal alerta os sócios de que “este orçamento não assegura de per si a indispensável sustentabilidade financeira do Vitória Sport Clube. Os meios financeiros que liberta serão insuficientes para fazer face aos pagamentos decorrentes do Plano Extrajudicial de Conciliação e demais compromissos (salários ainda por liquidar, custos com rescisões laborais, fornecedores, liquidação de dívidas a agentes desportivos, etc.). A nossa estimativa das responsabilidades deparadas para 2012/2013 elevam as necessidades previsionais de tesouraria para valores acima dos 5 milhões de euros (excluindo os meios libertos constantes neste orçamento). É pois essencial que a excelentíssima Direção atue o mais rapidamente possível no sentido de contratualizar mecanismos que colmatem este défice de tesouraria, os quais não nos foram ainda apresentados”.
Aquele órgão diz ainda que “a execução escrupulosa deste orçamento é um poderoso instrumento de credibilização que se pretende o Vitória Sport Clube venha a construir”. “Em conclusão, o Conselho Fiscal reconhece que este orçamento, embora com resultados de exploração negativos, representa um enorme esforço de consolidação da despesa num contexto de forte dificuldade. Não sendo possível neste ano, é de todo crucial que a excelentíssima Direção, já no próximo ano, leve a cabo todos os esforços por apresentar um orçamento com resultados líquidos positivos de forma a permitir meios libertos suficientes para o autofinanciamento do compromisso de amortização do Plano Extrajudicial de Conciliação e eventual refinanciamento das demais responsabilidades”.


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