Parque de lazer "naturalizado" vai recuperar terrenos na quinta envolvente ao Museu de Cultura Castreja
Um novo parque de lazer vai surgir na área envolvente ao Museu de Cultura Castreja, em terrenos da Quinta da Ponte, na freguesia de Briteiros São Salvador. A celebração de um protocolo com essa finalidade já foi aprovado pela vereação vimaranense, permitindo assim a conjugação de esforços entre o Município de Guimarães, a Sociedade Martins Sarmento e as freguesias de Briteiros S. Salvador e Briteiros Santa Leocádia.
Em entrevista à Rádio Santiago, o Presidente da Sociedade Martins Sarmento realçou o interesse da Instituição na valorização daquele espaço, permitindo a fruição do público, na continuidade da abertura que já tem sido assumida pela Instituição, permitindo até que a edição do Festival Rock no Rio Febras ali tenha acontecido no ano passado. "É um legado que temos ao serviço da comunidade", referiu Antero Ferreira, ao salientar a importância da valorização do espaço envolvente ao Museu de Cultura Castreja como complemento às actividades que levam muitas escolas àquela zona do Concelho para visitarem a Citânia de Briteiros e o Museu de Cultura Castreja, podendo assim alargar o leque de ofertas de lazer naquela zona.
Segundo a proposta aprovada na última reunião do Executivo, o conjunto de antigos terrenos agrícolas conhecidos como «Quinta da Ponte», integra as propriedades rurais que pertenceram à família de Francisco Martins Sarmento, na freguesia de S. Salvador de Briteiros, e foram legadas em testamento, em finais do século XIX, à Sociedade Martins Sarmento pelo próprio Martins Sarmento. A quinta integrava o Solar da Ponte, residência dos proprietários, as casas habitadas pelos trabalhadores rurais, alpendres, currais, eira e espigueiro, bem como os terrenos adjacentes, utilizados no cultivo de cereais, vinha, hortícolas e algumas árvores de fruto.
É uma área de cerca de 6 hectares, envolvendo os terrenos o Rio Febras, afluente do Ave. Sem utilidade agrícola desde a década de 1970, os terrenos da Quinta da Ponte preservam as características biológicas desde a época em que era cultivada, com amplas zonas que atualmente se podem considerar como pastos, pontilhadas por uma grande concentração de árvores, inicialmente plantadas nos limites dos socalcos e ao longo do rio. Estas árvores, nomeadamente carvalhos, sobreiros e salgueiros, constituem actualmente como que uma pequena reserva, isolada no meio de uma paisagem progressivamente descaracterizada, quer pela urbanização excessiva, quer por construções industriais, quer por campos de cultivo mecanizados. Além de contribuírem para a manutenção da floresta nativa, estas árvores constituem uma barreira vegetal que torna o espaço interior da Quinta da Ponte uma área de onde não se veem as construções actualmente existentes, incluindo o próprio Solar. Na sequência do restauro do Solar da Quinta da Ponte para instalação do Museu de Cultura Castreja, a Sociedade Martins Sarmento (SMS) sempre pretendeu utilizar estes terrenos para fruição pública, tendo inclusive elaborado um projecto de uma quinta pedagógica.
Em 2018 procedeu-se a uma análise destes terrenos, considerando a sua possível integração na Incubadora de Base Rural, tendo-se concluído que a utilização mais adequada seria o seu aproveitamento para um parque de lazer. Há vários anos que a SMS e a Junta de Freguesia de Briteiros têm equacionado a possibilidade de criação de um parque nestes terrenos. Entretanto, em 2022, a União de Freguesias de Briteiros São Salvador e Briteiros Santa Leocádia formalizou o seu interesse, junto da Sociedade Martins Sarmento, de criar um parque de lazer naquele espaço, com a participação do Município. Considerando que esta proposta vai de encontro ao que sempre foi a sua ideia para aquele espaço, a Sociedade Martins Sarmento manifestou, desde logo, abertura para o desenvolvimento deste projecto, colocando como condição o seu envolvimento na definição e coordenação do futuro parque de lazer.
De igual modo, no âmbito do Projecto Green Gap, financiado pelo Interreg POCTEP (2021-2027), em que participam diferentes entidades supramunicipais locais e universitárias da Galiza e do Norte de Portugal, um dos projectos pilotos, em Guimarães, é o de recuperação e renaturalização do Rio Febras, com o propósito de reabilitar frações da linha de água, através da implementação de técnicas de engenharia natural e a criação de planos de plantação, para controlo e gestão de espécies invasoras, impulsionando a plantação de espécies autóctones, com vista a melhorar as funções ecológicas da galeria ripícola, promover a conectividade ecológica dos corredores verdes do concelho e resgatar a história natural e patrimonial. Neste projecto inclui-se, ainda, a reabilitação e integração paisagística dos terrenos do Museu de Cultura Castreja, onde é proposta a implementação de um Parque de Lazer Naturalizado.
Pela sua ligação ao Rio Febras, o projecto para o novo Parque Naturalizado do Museu de Cultura Castreja, pretende contribuir como espaço de referência, com fácil acesso automóvel, pedonal e ciclável, disponibilizando áreas de recreio e lazer, adaptadas a todos. Assim, pretende-se desenvolver uma proposta integrada na paisagem, que tira partido da modelação natural do terreno, potenciando os seus usos, atribuindo tipologias ao espaço, e permitindo que este seja sustentável na sua gestão. Importante é o facto de a concepção do espaço fundamentar-se no usufruto das características da paisagem envolvente, apoiada na correcta interpretação da paisagem, nos seus aspetos culturais, físicos, ecológicos, socioeconómicos e paisagísticos, sendo de destacar a importância do conforto microclimático, a criação de tipologias de utilização do espaço e a identificação das necessidades requeridas pelos utilizadores.
"Considerando o manifesto interesse público associado à criação de um parque de lazer naquele local, que se torna ainda mais pertinente com o projecto de recuperação e renaturalização do Rio Febras, bem como de preservação da área verde existente. Que a criação de um Parque de Lazer é uma mais-valia para o desenvolvimento da freguesia, atendendo ao número elevado de pessoas que o Museu de Cultura Castreja atrai, existindo necessidade de criar condições para que se fixem na zona. Que a o Museu de Cultura Castreja se localiza na Quinta da Ponte, sendo um equipamento cultural de relevante importância, pela ligação à Citânia de Briteiros e ao Castro de Sabroso, na preservação da nossa identidade histórica", sustenta a proposta.
Foto: Sociedade Martins Sarmento
Marcações: Sociedade, Museu de Cultura Castreja