"Obrigado Guimarães, por este gesto de serviço ao País!": afirmou Aguiar-Branco sobre as comemorações dos 900 anos da Batalha de São Mamede

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As comemorações dos 900 anos da Batalha de São Mamede vão celebrar Portugal, numa partilha aberta ao mundo, constituindo a iniciativa do Município de Guimarães "um gesto de serviço ao País".

Na cerimónia em que foram apresentados os traços gerais do programa, realizada este sábado, no Paço dos Duques de Bragança, o Presidente da Comissão de Honra, José Pedro Aguiar-Branco, assumiu que irá "esforçar-se para que a projecção nacional que se deseja aconteça". "É o meu compromisso como Presidente da Assembleia da República e com o meu pedaço vimaranense", acrescentou, enaltecendo o destaque concedido à comemoração do início da construção da nossa identidade. "O passado não interessa apenas como uma memória distante, temos de perceber de onde vimos e quem éramos ontem; é uma condição necessária para cuidarmos do nosso futuro", disse, ao expressar: "Obrigado Guimarães, por este gesto de serviço ao País!".

Referindo-se à ligação afectiva que mantém com Guimarães, José Pedro Aguiar-Branco continuou: "sou suspeito para elogiar esta terra e o Município. Tenho na zona de Oleiros as minhas raízes familiares, o meu pai fez o Liceu em Guimarães. Foi aqui que eu casei e batizei os meus cinco filhos. Por isso, Guimarães é também a minha casa. Este meu reconhecimento, não é bairrismo! É um acto de justiça que todos devemos reconhecer quer em relação à história, quer à importância de Guimarães no centro e no início da nossa história".

Com um programa "muito digno e prestigiante", o Presidente da Comissão de Honra sublinhou que as comemorações "convocam a nossa atenção colectiva para os primeiros momentos de um Portugal independente, para o momento da Fundação". "A fundação de um País não se fez num dia ou sequer num ano, foi um processo longo com vários momentos decisivos: a Batalha de São Mamede, o Tratado de Zamora, a Bula Manifestis Probatum, a Reconquista e a estabilização das nossas fronteiras. Vale a pena conhecer esta história e ensiná-la às novas gerações para que entendam Portugal enquanto projecto, enquanto entidade histórica, enquanto País soberano e livre é algo que hoje temos também de cuidar", defendeu.

"Tem de haver também hoje um chamamento colectivo à participação política, ao cuidar do bem comum, ao cuidado pelos outros, especialmente os que mais precisam; um chamamento à memória histórica: lembrar o passado, celebrar o passado tem de ser um imperativo nacional, sem triunfalismos nem exageros, sem ocultar os erros históricos, as tragédias e más decisões, mas com orgulho do nosso passado e dos nossos antepassados porque foram as suas decisões, os seus sacrifícios, as suas vitórias que nos permitiram herdar este País, onde falamos a mesma língua e celebramos a poesia de Camões, onde vivemos em paz entre nós e com os nossos vizinhos, onde temos fronteiras estáveis e um papel a desempenhar no mundo, onde somos europeus sem deixarmos de ser atlânticos e lusófonos, onde temos uma democracia consolidada e livre e esperamos conseguir mantê-la assim, onde temos caminhado apesar dos avanços e recuos para o desenvolvimento e para a prosperidade", apontou.

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"Estas conquistas não eram óbvias, não era garantido que aqui conseguíssemos chegar, mas conseguimos ao longo de nove séculos de história. Importa é saber que futuro vamos construir, que país deixaremos aos nossos filhos, netos e bisnetos para que eles quando se juntarem aqui em Guimarães para celebrar os mil anos de Portugal digam que fomos capazes de construir um país melhor", concluiu Aguiar-Branco. 

No seu discurso, o Presidente da Câmara agradeceu a todas as entidades que aceitaram o convite para participarem nas comemorações, destacando a "envolvência" como o foco central das comemorações dos 900 anos da Batalha de São Mamede, "uma oportunidade de reforçar a celebração do nosso País".

"O momento é 24 de Junho de 2028, mas procuramos definir um calendário capaz de permitir estruturar o pensamento, a acção através do planeamento e da programação. Só com tempo é que conseguiremos. O objectivo é comemorar a nível nacional a partir de Guimarães e partilhar com o País as comemorações da Batalha de São Mamede. Queremos envolver todos", argumentou Domingos Bragança, ao lembrar que Alexandre Herculano apelidou esse momento fundador de "revolução" por estar associado "ao entusiasmo da acção colectiva, à força da convicção". "Por ser uma revolução, formou o estado independente de Portugal", prosseguiu, salientando "a dimensão simbólica do acto fundador que foi a Batalha de São Mamede". "Guimarães quer que seja celebrado Portugal - 24 de junho de 1128. Nós também vivemos de símbolos, vivemos da simbologia da nossa bandeira, precisamos também da simbologia da nossa fundação. Esta força de trazer a memória ao presente é que constrói um futuro seguro e coeso", frisou.

Para o Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, António Cunha, as comemorações deverão constituir "um sinal de esperança, uma luz para os projectos que sejam decisivos para o país", podendo Guimarães ser "um local interessante para pensar o mundo e o futuro".

Os professores Luís Carlos Amaral e Mário Jorge Barroca apresentaram o programa da comissão científica, revelando a apresentação em breve de várias publicações, enquanto Helena Pires deu conta dos trabalhos da comissão artística, destacando-se um programa de intervenções de arte pública em todo o concelho de Guimarães.

O vereador da cultura garantiu que está previsto o envolvimento da população, dos municípios e das regiões que fazem parte do processo de fundação. Paulo Lopes Silva indicou que a comunidade escolar está a criar uma peça de teatro intitulada "Primeiro Dia", a rede Portucale que envolve os municípios e comunidades intermunicipais do Norte do País no desenvolvimento de actividades que vão ao encontro da criação das regiões fundadoras da nacionalidade e no âmbito da qual será realizado um filme e uma série histórica da fundação do País, em conjunto com Rodrigo Areias e a produtora Bandoaparte. 

No próximo ano, Guimarães vai receber um colóquio internacional intitulado "Gestualidade feudal: nos 900 anos da investidura de D. Afonso Henriques (Zamora, 1125).

Na cerimónia participaram os deputados vimaranenses na Assembleia da República, vereadores e os diversos autarcas do Concelho.

Marcações: 900 anos da Batalha de São Mamede

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