Novo incentivo à produção da «Cantarinha dos Namorados»
Preservar a tradição da olaria de Guimarães e garantir a produção da «Cantarinha dos Namorados» são objectivos que a Cooperativa A Oficina se propõe manter com o recrutamento de um profissional ligado à olaria que iniciou funções neste mês de Janeiro.
O Presidente da Direcção daquela Instituição salientou que o processo de certificação daquela peça decorreu "do reconhecimento do valor patrimonial da 'Cantarinha' e da necessidade de preservar a tradição". "Existiam três pessoas que eram capazes de fazer essa cantarinha, duas delas certificadas para o efeito no culminar do processo de certificação", disse, ao assinalar que "a Cantarinha dos Namorados tem vindo a ser um dos focos centrais da actuação da A Oficina, no seguimento dos pressupostos que estiveram na origem da fundação da Cooperativa".
Desta forma, Paulo Lopes Silva considerou infundados os receios de que a produção daquela peça do artesanato vimaranense estivesse em risco por falta de oleiros habilitados para o efeito.
O responsável explicou que "ultrapassado o processo de certificação, uma das pessoas que fazia a «Cantarinha» de forma permanente era colaboradora da Oficina e decidiu enveredar por outra via profissional. Ficamos sem essa produção própria e passamos a recorrer à aquisição de «Cantarinhas», junto a outra oleira certificada que é a Maria Fernanda Braga. Pela necessidade de preservarmos a tradição, abrimos uma open call e contratarmos um novo oleiro para A Oficina".
"Foi um processo de selecção muito interessante porque apareceram muitos candidatos com vontade de assumir a função de oleiro na Oficina", realçou, ao justificar que a pessoa seleccionada iniciaria o contrato para "trabalhar na olaria e a aprender esta arte, com a Directora de Artes Tradicionais que é também uma das pessoas que sabe fazer as «Cantarinhas dos Namorados» na forma tradicional, porque aprendeu com o mestre Joaquim Oliveira e que passará a formação à nova pessoa que assumirá funções a tempo inteiro para preservar a tradição".
De acordo com o dirigente d' A Oficina que é também responsável pela cultura do Município, "este é um momento fundamental para a olaria em Guimarães e para outras artes e mesteres tradicionais que serão divulgados através dos Fornos da Cruz de Pedra, equipamento que está em fase de conclusão da obra de requalificação e refuncionalização". "A partir desse pólo cultural, estamos a desenvolver um processo museográfico e museológico em que iremos mostrar o que são as artes e os mesteres de Guimarães, onde a cantarinha terá um papel central. Há uma área ligada à produção da «Cantarinha», à olaria e a outras artes, com uma zona de residência artística a funcionar de forma complementar, a que será dada uma nova dimensão à arte que tem um papel central na estrutura da Oficina". "Com a nova estrutura dos Fornos da Cruz de Pedra atingirá um novo patamar de qualidade", apontou, afastando quaisquer receios quanto à possibilidade da «Cantarinha» vir a deixar de ser produzida nos moldes tradicionais.
"Felizmente, a Maria Fernanda Braga continua a produzir de uma forma regular, a Catarina Pereira que é a Directora Artística de Artes Tradicionais continua a fazê-la, porque a Oficina tem um número mínimo de produção mensal que é obrigada a fazer na sua unidade produtiva de certificação. Estamos numa fase em que surgirá uma nova energia, porque com a admissão de uma pessoa que poderá dar continuidade a esta tradição e quem sabe no futuro, será também possível formar mais pessoas para assegurar a continuidade da produção desta peça tão simbólica e representativa da tradição da olaria vimaranense", concluiu o responsável.
*Texto publicado na edição do jornal O Comércio de Guimarães, dia 3 de janeiro de 2024.
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