VÍDEO: António Costa criou presépio em Serzedelo com reutilização de aparelhos domésticos

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Está amparado pelas raízes de um eucalipto, quase cravado na terra, surpreendendo quem o visita com um inesperado deslumbramento, na Rua Vinha da Portela, na vila de Serzedelo.

O presépio mecanizado de António Costa, reformado, de 71 anos, constitui uma demonstração de talento e de afecto ao simbolismo da representação do nascimento de Jesus Cristo.

Numa área de cerca de 6m2, o antigo torneiro mecânico de uma conhecida empresa textil da região exibe os conhecimentos adquiridos na escola e no trabalho, com a sensibilidade artística e o talento de quem procura incessantemente a perfeição naquilo que idealiza e faz. 

"O que mais adoro no Natal é o presépio. Já fazia com bonecos de barro e depois as minhas filhas e a esposa, há cerca de 10 anos, incentivaram-me a construir os bonecos e a inventar os movimentos, procurando reproduzir numa aldeia em miniatura as casas e os ofícios que existiam no tempo em que Jesus veio ao Mundo", explica, algo emocionado o autor, que não fez contas às horas que desde o verão tem passado diante das peças, onde cada movimento tem "um segredo mecânico".

"Quando penso numa imagem para a colocar no presépio associo-a sempre ao movimento que pretendo. Dá muito trabalho consegui-lo, mas tenho amigos que me ajudam a arranjar as peças que preciso e encarrego-me de as mecanizar. 

"Com motores de pequenos aparelhos eléctricos, como máquinas de lavar, secadores de cabelo, micro-ondas, motores dos vidros dos automóveis, mais umas rodinhas, umas borrachinhas, umas cordinhas, umas excêntricas, consegue-se fazer o movimento pretendido com as representações sejam elas humanas, animais ou dos utensílios", revela, ao esclarecer que o interior das imagens é feito em madeira, com uma caixinha adaptada para cada uma delas e que gera o movimento que produzem. "Só preciso de encontrar os rostos, o que faço com brinquedos velhos ou imagens que vejo e aproveito", esclarece.

"Sempre gostei de desafios. É a minha curiosidade e a experiência de tantos anos de trabalho que me permite fazer isto. É um passatempo que tenho", continua, enquanto enumera os motivos da aldeia em miniatura: "temos a gruta onde nasceu o Menino, com Nossa Senhora e São José, os três Reis Magos, e o cenário daquilo que eu penso que deveria existir naquele tempo: a oficina de carpinteiro, o lenhador, a serração da madeira, a picota para tirar a água do poço, o padeiro a cozer o pão, o ferreiro, o ferrador, a lavadeira, a fiandeira e a tecedeira, o pescador...".

O presépio de António Costa cresce de ano para ano, feito com a delicadeza de quem procura partilhar a mensagem que levou São Francisco de Assis, no século XIII, em plena Idade Média, "para que as pessoas compreendessem melhor a simplicidade do local do nascimento de Jesus".

"O presépio para mim é a base de tudo: a família. Se reproduzirmos em nossas casas, nas nossas vidas, aquilo que representa o presépio temos Natal todos os dias. Não sei! Tenho esta paixão muito grande pelo presépio", afirma, emocionado, ao lado da esposa Adelaide Alves, tornam-se os dois por estes dias embaixadores da mensagem de afecto que une milhares de pessoas em todo o mundo na celebração do Natal.

O presépio que é accionado pelo botão estrategicamente colocado para estar acessível a quem o visitar tem cerca de 50 motores de antigos aparelhos domésticos, transformados em mais de 100 movimentos, com toda a segurança para quem o contemplar. 

Resta acrescentar que a observação exige disponibilidade e atenção para que cada pormenor seja apreciado condignamente, em reconhecimento ao carinho e dedicação de quem todos os anos procura aperfeiçoá-lo.

 

 

Marcações: Serzedelo, presépio inclusivo

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