Rita Ribeiro da Silva: "«O Sabidolas» é um garoto, personagem de um dos contos"
«O Sabidolas» é o mais recente livro de autoria de Rita Ribeiro da Silva. A obra foi apresentada ontem, ao início da noite, no salão nobre da Associação Comercial e Industrial de Guimarães, perante familiares e amigos que quiseram testemunhar o momento que constitui o culminar de mais uma aventura literária da autora.
O garoto, com os seus oito anos malandrecos, que entretinha os 70 anos da avó, malfadados de trabalho no campo, na casa, criando e alimentando os filhos - que foram 10 - contados pelos dedos os anos de cada um... "Esse garoto é personagem de uma estória - é um verdadeiro sabidolas", disse, ao justificar o título do volume que reúne duas dezenas de contos e poesias, escritas ao longo dos anos e agora reveladas ao público.
Intérprete atenta dos murmúrios, das alegrias e dos lamentos que preenchem o quotidiano das gentes, Rita Ribeiro da Silva - que dedicou 37 anos da sua vida ao serviço da Câmara Municipal de Guimarães, onde iniciou funções como adolescente escriturária e terminou a carreira profissional quando já ocupava o cargo de Chefe de Divisão, carinhosamente conhecida como a Ritinha - assume-se como contadora de estórias, com uma narrativa rica, preenchida de descrições que facilmente ajudam a definir as imagens e perfis dos personagens.
Referindo-se ao conteúdo desta obra, Rita Ribeiro da Silva confidenciou: "os contos são retalhos de memórias, de conversas, de observação, de atenção, de gostar de ouvir e de gostar de pessoas. São trazidos da minha proximidade com o quotidiano de gentes de vários estratos sociais - quer do meio urbano, quer rural. Comecei a gostar de observar a partir da varanda de minha casa quando, à tardinha, o nosso pai nos mostrava diferentes animais, perfis de pessoas, mares e florestas que as nuvens formavam - diferentes tons de cinza com o azul do céu faziam o mar e florestas em fogo quando o sol poente se tingia quase de sangue. São recortes de vidas próprias e episódios por mim vividos que se ligam por elos de ficção. Aqui, os sonhos podem não ser sonhos mas vivências ficcionadas".
Como realça advogado Oscar Jordão Pires, na introdução que faz ao livro, "a Ritinha tem uma forma de narrar muito sua, muito descritiva e pormenorizada, atenta a comezinha particulares, vistas e acontecimentos que já se foram, mas que continuam na sua mente; situações, já dissipadas de recordações que não sejam as dela, ou, duvidosamente, de alguns poucos mais. São, por conseguinte, estórias que o sequenciar dos dias foram matando, mas que revestem factos de que ela se lembra e descreve nesta sua linguagem e construção ficcionada, com uma redacção muito peculiar e própria de quem, profissionalmente, exercitou a escrita durante quase todo o seu percurso por este luxurioso vale de mel e, também, dalgumas lágrimas". "É um parto de profícuo e amoroso labor que vem adicionar-se a uma já polifacetada criação; mais um seu manuscrito que se abalança à edição", acrescentou, lançando o desafio à autora para que um novo "filho" literário surja com a brevidade possível.
Marcações: Câmara Municipal de Guimarães, Livro, ACIG, Rita Ribeiro da Silva