Rancho Folclórico de Silvares conserva tradição da segada e malha de centeio
O Rancho Folclórico do Centro Social, Cultural e Desportivo de Silvares continua defender uma tradição secular que corre o risco de desaparecer. No último sábado, cumpriu-se a segada e malha do centeio, um ritual agrícola que a colectividade faz questão de realizar desde 1995. A actividade consistiu na recriação de práticas ancestrais profundamente enraizadas na comunidade de Silvares, sendo a segada e malha o culminar de um trabalho iniciado no final do ano passado.
"Em Dezembro, os membros do grupo concretizaram a sementeira do centeio em “marge”, seguindo-se um período aproximado de sete meses na terra para o seu crescimento. A segada era um trabalho árduo e duro, feito manualmente de foice em punho, muitas vezes do nascer ao pôr-do-sol. O centeio é atado em molhos, e fazem-se os “medeiros”, onde fica (o centeio) o tempo necessário para “curar”, explica a Presidente do Centro Social, Lisete Veiga, ao descrever as operações. "Posteriormente, é carregado em carro de bois para a eira. Na eira, são desengatados os bois, o carro é virado com uma tranca, sendo depois retirado pelos bois por um «cambom», para depois ser estendido na eira. Nesta altura, faz-se um pequeno descanso, onde as mulheres servem pão, vinho e iscas de bacalhau salgado. Este é também o momento para uma pequena brincadeira feitas pelas mulheres, onde estas escondem o “safete” com um chouriço, uma broa de pão e uma garrafa de vinho debaixo do centeio, criando assim uma disputa entre os homens para encontrarem o “safete”", continua a responsável, ao referir-se aos momentos lúdicos que envolvem aquela prática agrícola.
Depois deste breve momento de boa disposição, "iniciou‐se então a manhã com seis ou oito homens, com dois “baixadores” do lado de fora e um ou dois malhadores a meio, onde com a força dos braços e ao som dos batimentos coordenados e ritmados, vai-se malhando o centeio".
Concluída a malha, fez-se a “meda” de palha, com a "colocação da carocha sempre embelezada pelo trabalho artesanal, por vezes com ramo de flores, e onde é colocado o 'safate'".
A dirigente do Centro Social, Cultural e Desportivo de Silvares realça que há 23 anos o Rancho Folclórico decidiu recriar todas as fases do cultivo do centeio, outrora, muito presente no calendário agrícola, "para divulgar e manter bem viva" a herança imaterial daquela comunidade. A iniciativa contou este ano com a presença do Presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança.
Fotos: cedidas pelo Centro Social, Cultural e Desportivo de Silvares
Marcações: Centro Social, Cultural e Desportivo de Silvares;