Irmandade de São Torcato instala fornos de lenha e vai organizar Festival do Bolo com Sardinhas
"As nossas obras não têm fim..." Foi desta forma que o Juiz da Irmandade responsável pelo culto a São Torcato começou por revelar os pormenores da intervenção que está a decorrer no terreiro fronteiro ao imponente Santuário.
Dois fornos estão a ser construídos naquele recinto, causando alguma surpresa a quem não conhece a evolução que o espaço conheceu nas últimas décadas. Paulo Novais elucida que a Irmandade de São Torcato está a "recuperar uma velha tradição". "O terreiro já teve fornos de lenha, semelhantes aos que estão a ser construídos, que serviam os romeiros durante a romaria e as inúmeras peregrinações dirigidas ao Santuário", explicou o responsável, acrescentando que as vicissitudes do tempo determinaram o desaparecimento desses equipamentos.
"Os romeiros podiam preparar as suas refeições nesses fornos, enquanto permaneciam em S. Torcato. Antigamente, não existiam as facilidades de mobilidade que hoje temos e a Irmandade garantia apoio aos peregrinos como ainda se pode verificar pelo acervo existente no nosso Museu", precisou, ao dar conta que os fornos assim como a cozinha e a loiça existentes no "Casão do Santo" (o edifício onde funciona o Museu da Irmandade) ajudam a compreender a dimensão da devoção a São Torcato, com romeiros oriundos de diferentes regiões do País.
No sentido de criar novos atractivos, o responsável salientou que "os dois fornos estão a ser construídos, procurando-se recuperar as tradições, com infraestruturas adequadas aos tempos modernos".
Para tal, na próxima edição da Romaria Grande de São Torcato, no primeiro fim-de-semana de Julho, a Irmandade tenciona organizar a primeira edição do Festival do Bolo com Sardinhas. "Os fornos de lenha vão servir alguns restaurantes que durante a romaria terão à disposição dos visitantes a tradicional broa de milho, o bolo com sardinhas, bolo com carne e o caldo verde", adiantou Paulo Novais.
Com efeito, os fornos recuperam uma espécie de ritual cumprido pelos romeiros que demoravam-se na estadia que faziam por ocasião das diferentes manifestações religiosas dedicadas a S. Torcato. Ali passavam mais do que um dia, aproveitando para a permanência para a oração e entrega das suas dádivas ao santo, mas também para o lazer e convívio.
Se recuarmos no tempo, por exemplo ao ano de 1931, o nosso jornal na notícia em que faz um balanço da Romaria Grande, escreve que a chuva não afastou as pessoas vindas "de toda a parte e a todo o momento" da "grande e inimitável romaria",, onde "decorreu tudo na forma costumada: muito povo, muita animação, muita alegria e os costumados roubos", tendo o rendimento das esmolas ao santo sido de "34 mil 882$20 em dinheiro, 122,5 gramas de ouro e 51 quilos de cera".
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